A Motiva (ex-CCR) anunciou nesta noite de terça-feira, 18, o fechamento da venda dos 20 aeroportos operados pela companhia por R$ 11,5 bilhões, reforçando a estratégia de otimização do portfólio para focar em rodovias e trilhos. A compradora é a Aeropuerto de Cancún, subsidiária do Grupo Aeroportuario del Sureste (ASUR), que opera nove aeroportos no México e outros sete também na América Latina.
Do valor total, R$ 5 bilhões serão em equity (participação acionária em uma empresa) pelas participações acionárias da companhia nos ativos aeroportuários. Os R$ 6,5 bilhões restantes serão em dívidas líquidas, sendo referentes à alienação de 100% das ações detidas pela Motiva na CPC Holding, veículo que consolida as cotas da companhia nos 20 aeroportos.
"Maior transação aeroportuária em curso no mundo neste momento, o processo competitivo internacional atraiu o interesse de mais de 20 grupos europeus, latino-americanos e asiáticos, superando as expectativas da companhia", destacou a Motiva.
Desde o início do ano, a empresa está se movimentando para se desfazer do portfólio de aeroportos sob sua gestão por meio da venda de todos os terminais que opera, sendo 17 no Brasil e três em outros países da América Latina.
Com movimento anual de cerca de 45 milhões de passageiros e mais de 200 rotas regulares, é a terceira maior operação do Brasil, com ativos estratégicos, incluindo os aeroportos de Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia.
A previsão é de que a conclusão do processo aconteça em 2026, após a aprovação pelo poder concedente e pelos órgãos de defesa da concorrência. Até o fechamento, a Motiva seguirá tocando a operação, mantendo o quadro atual de colaboradores e assegurando o cumprimento integral dos contratos vigentes e investimentos previstos, ainda segundo o comunicado.
Redução do endividamento
Pelos termos da transação, os ativos foram precificados a um múltiplo EV/Ebitda(LTM) de 8,8 vezes at stake, acima do múltiplo atual da Motiva. Os recursos da operação serão utilizados para a redução do endividamento da holding.
Com a conclusão do negócio, a alavancagem (relação de endividamento) consolidada, que considera as controladas em conjunto com a Motiva, cairia de 3,5 vezes para menos de 3 vezes, "ampliando a capacidade financeira da Companhia para fazer frente ao pipeline de R$ 160 bilhões de oportunidades mapeadas para os próximos anos para concessões rodoviárias, de trens e metrôs no Brasil, além de otimizar a estrutura de capital e melhorar o perfil de risco do portfólio".
Otimização
A operação faz parte da estratégia de otimização de portfólio da Motiva, que tem optado por concentrar esforços em rodovias e trilhos, segmentos nos quais têm atuação mais consolidada e considera mais rentáveis.
"Ao avançarmos na reciclagem de capital e simplificarmos o nosso portfólio, ampliamos a nossa capacidade de investimento nos segmentos estratégicos para nossa companhia, em especial de rodovias e trilhos", afirma o CEO da Motiva, Miguel Setas.
Iniciado em 2023, o plano de otimização inclui a desmobilização da operação de Barcas (RJ) e a otimização contratual da BR-163/MS, hoje Motiva Pantanal.