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Juros recuam com ambiente externo, Previdência e vendas no varejo

7 ago 2019 - 18h18

A trinca formada por ambiente global de juros menores, aprovação folgada da reforma da Previdência em segundo turno e resultado fraco das vendas do varejo levou a uma nova rodada de queda dos juros futuros domésticos nesta quarta-feira, 7. Enquanto as taxas dos contratos mais longos acompanharam o cenário global propício a afrouxamento monetário, as curtas desceram mais um degrau, refletindo o aumento das chances de novo corte da Selic em 0,50 ponto porcentual em setembro, para 5,50% ao ano.

Lá fora, o corte inesperado de juros pelos Bancos Centrais da Índia, Tailândia e Nova Zelândia, aliado a dados fracos da indústria alemã, alimentou os temores de uma recessão global em meio às crescentes tensões entre Estados Unidos e China. Os retornos dos Treasuries - referência global para o mercado de renda fixa - mergulharam e os títulos do governo alemão bateram no menor nível histórico. O presidente americano, Donald Trump, jogou mais gasolina na fogueira ao dizer que os EUA estão "no topo" da disputa comercial com os chineses e dizer que o país asiático teria "admitido" manipular a taxa de câmbio.

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"A queda muito forte dos juros americano de 10 anos acabou empurrando a ponta longa da curva local para baixo. É um ambiente externo de taxas muito baixas e com muito dinheiro aplicado a juros negativos", afirma o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, ressaltando que a renda fixa local pode ainda apresentar oportunidades para aplicadores.

Na reta final do pregão regular, houve um arrefecimento da aversão ao risco, com redução do ritmo de queda dos yields dos Treasuries de 10 e 30 anos, diminuição das perdas dos preços do petróleo e alta moderada das bolsas de Nova York.

Por aqui, a aprovação da reforma da Previdência em segundo turno durante a madrugada (por 370 a 124) e a rejeição, ao longo da tarde, de destaques que poderiam desidratar o texto, aliada ao desempenho sofrível das vendas no varejo, abrem terreno para mais relaxamento monetário. Segundo cálculos do economista-chefe do Banco Haitong de Investimento, Flávio Serrano, a curva a termo espelha 60% de nova redução da Selic em 0,50 ponto.

Pela manhã, o IBGE informou que as vendas no varejo subiram 0,1% em junho em relação a maio, abaixo da mediana (0,5%) das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. Houve queda, contudo, de 0,3% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro. Nesta quinta, o IBGE divulga o IPCA de julho. Embora a expectativa seja de aceleração de 0,1% em junho para 0,25% (mediana das projeções) no mês passado, haverá desaceleração no acumulado em 12 meses - de 3,37% para 3,28% (mediana as projeções), bem aquém da meta de inflação para este ano, de 4,25%.

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Faria, da Wagner Investimentos, lembra que a alta do dólar não contamina as expectativas de inflação, já que vem acompanhada de uma queda relevante dos preços internacionais das commodities. Além disso, a fraqueza da economia doméstica limita qualquer eventual repasse de custos.

Entre os curtos, DI para janeiro de 2020 fechou a 5,51%, ante 5,521% no ajuste de terça. No miolo da curva, DI para janeiro de 2021 desceu de 5,489% para 5,43%, e DI para janeiro de 2023, de 6,421% para 6,37%. Na ponta longa, DI para janeiro de 2025 passou de 6,941% para 6,88%.

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