Juros longos fecham em baixa com redução do risco político e exterior

26 jun 2019 - 18h20

A melhora na percepção de risco político e o bom humor nos mercados internacionais ajudaram a definir um desenho para a curva de juros à tarde, nesta quarta-feira, 26, após as taxas terem mostrado hesitação pela manhã, alternando pequenas altas e baixas, sem firmar direção. Enquanto os juros de curto prazo fecharam perto da estabilidade, as taxas longas recuaram em meio ao noticiário da Previdência e à expectativa de que um acordo comercial entre a China e os Estados Unidos está próximo.

No fim da etapa regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 passou de 5,959% na terça no ajuste para 5,97% e a do DI para janeiro de 2023 fechou em 6,75%, de 6,780% terça no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 recuou de 7,291% para 7,24%.

Publicidade

O mercado, que se incomodou na terça com as sinalizações de lideranças na Câmara de que o texto do relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), seria votado na segunda-feira e não quinta, voltou a ter esperança de que a votação pudesse ocorrer ainda esta semana. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deixou aberta esta possibilidade ao afirmar que o relatório poderia ser votado na quinta, para, na sequência, minimizar o impacto de um possível atraso. "Dois ou três dias de atraso por um bom acordo vale muito mais para um bom acordo."

Porém, no fim da tarde, a comissão especial da Câmara encerrou a discussão e a leitura do voto complementar que o relator vai apresentar foi adiada para esta quinta. Com isso, segundo fontes, a expectativa é que a votação na comissão comece mesmo na segunda-feira e termine a tempo de se votar em plenário no dia 3 de julho. Ao encerrar a reunião, o presidente da Comissão, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), destacou que Maia ainda negocia para incluir Estados e municípios na reforma, o que também é bem visto pelo mercado.

Os mínimos detalhes no andamento da reforma são olhados com lupa porque, a partir da comunicação do Copom, ficou claro que o corte da Selic está engatilhado, à espera da reforma, embora ainda seja nebuloso qual ponto da tramitação poderá ser considerado um "avanço concreto nas reformas", como citou a ata. "Na nossa visão, aprovando o texto na Câmara talvez seja suficiente. Não teria necessidade de esperar até aprovar no Senado, onde a dificuldade é menor", disse Matheus Gallina, trader da Quantitas Asset. Por isso, o mercado está dividido sobre o início do ciclo de afrouxamento, se julho ou setembro.

Gallina disse ainda que o recuo das taxas longas teve a ver com o exterior. "Em linhas gerais, os ativos emergentes têm hoje dinâmica positiva, após as declarações de Mnuchin sobre o acordo com a China", afirmou. Antes da abertura, o Secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, disse que o acordo está "90% completo". Ele mostrou confiança de que haverá avanço nas conversas que os líderes dos dois países terão no fim de semana, na reunião do G20.

Publicidade
TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se