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Irã rejeita acusação dos EUA sobre ataques sauditas e diz estar pronto para guerra

15 set 2019 - 13h32

O Irã rejeitou as acusações dos Estados Unidos de que está por trás do bombardeio de drones no sábado contra instalações petrolíferas da Arábia Saudita e alertou no domingo que as bases e porta-aviões norte-americanas na região estavam ao alcance de seus mísseis.

O grupo Houthi, do Iêmen, assumiu a responsabilidade pelos ataques de sábado que destruíram mais da metade da produção de petróleo saudita ou mais de 5 por cento da oferta global, mas o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse que o ataque foi obra do Irã, um aliado Houthi.

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Os ataques com drones em instalações no coração da indústria petrolífera da Arábia Saudita, incluindo a maior unidade de processamento de petróleo do mundo, devem elevar os preços da commodity em 5 a 10 dólares por barril na segunda-feira, conforme cresce a tensão no Oriente Médio.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Abbas Mousavi, falando na TV estatal, considerou a alegação dos EUA "sem sentido". Um alto comandante da Guarda Revolucionária advertiu que a República Islâmica está pronta para uma guerra "de pleno direito".

"Todos devem saber que todas as bases americanas e seus porta-aviões a uma distância de até 2.000 quilômetros ao redor do Irã estão dentro do alcance de nossos mísseis", afirmou o comandante Amirali Hajizadeh, segundo a agência de notícias semi-oficial da Tasnim.

A gigante petrolífera estatal Saudi Aramco informou que o ataque reduziu a produção em 5,7 milhões de barris por dia, no momento em que a Aramco tenta se preparar para o que se espera ser a maior venda de ações do mundo.

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A Aramco não deu um cronograma para a retomada da produção, mas disse neste domingo que daria uma atualização em cerca de 48 horas. Uma fonte próxima ao assunto disse à Reuters que o retorno à capacidade total de petróleo pode levar "semanas, não dias".

Traders e analistas afirmaram que o petróleo pode chegar a 100 dólares se Riad não conseguir rapidamente recuperar o suprimento.

O reino saudita, maior exportador de petróleo do mundo, envia mais de 7 milhões de barris de petróleo para destinos globais todos os dias. A Aramco disse a uma refinaria indiana que entregaria petróleo de outras fontes e que tinha estoque adequado, afirmou uma fonte da refinaria.

Riad informou que compensaria a perda aproveitando seus estoques, que eram de 188 milhões de barris em junho, segundo dados oficiais. Os Estados Unidos disseram que também estão prontos para explorar reservas de petróleo de emergência, se necessário.

A bolsa saudita fechou em queda de 1,1%, com as ações bancárias e petroquímicas sendo as mais atingidas. As empresas petroquímicas sauditas anunciaram uma redução significativa no suprimento de matéria-prima.

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"Abqaiq é o centro nervoso do sistema energético saudita. Mesmo que as exportações sejam retomadas nas próximas 24 a 48 horas, a imagem de invulnerabilidade foi alterada", disse à Reuters Helima Croft, chefe global de estratégia de commodities da RBC Capital Markets.

"ATAQUE SEM PRECEDENTE"

De acordo com informações do governo dos EUA, 15 estruturas em Abqaiq sofreram.

Pompeo disse que não há evidências de que o ataque tenha vindo do Iêmen, onde uma coalizão liderada pela Arábia Saudita luta contra os houthis há mais de quatro anos em um conflito amplamente visto como uma guerra por procuração entre a Arábia Saudita e o Irã, rival muçulmano xiita.

"Em meio a todos os pedidos de redução na escala (de tensão), o Irã agora lançou um ataque sem precedentes ao suprimento de energia do mundo", disse ele.

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Riad acusou o Irã de estar por trás de ataques anteriores a estações de bombeamento de petróleo e ao campo petrolífero de Shaybah, acusações que Teerã nega. Riad ainda não culpou nenhum lado pelo ataque de sábado, mas o vinculou a uma série recente de ataques a ativos de petróleo sauditas e navios-tanque nas águas do Golfo.

Riad diz que o Irã arma os houthis, acusação que ambos negam.

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