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Ingerência política na Petrobras entra no radar e leva dólar à máxima em 2 semanas

12 abr 2019 - 17h21
(atualizado às 17h51)

O dólar voltou a mostrar firme alta ante o real nesta sexta-feira, encerrando no maior patamar em duas semanas, puxado pela demanda do mercado por "hedge" na esteira da decisão da Petrobras de não reajustar preços do diesel, o que trouxe de volta ao radar riscos de ingerência política na estatal.

10/09/2015
REUTERS/Ricardo Moraes
10/09/2015 REUTERS/Ricardo Moraes
Foto: Reuters

"Muito estrangeiro tomou dólar futuro hoje. É basicamente o mercado buscando proteção, ainda mais antes do fim de semana", disse Thiago Silêncio, operador sênior de câmbio da CM Capital Markets.

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Na máxima da sessão, a moeda norte-americana chegou a superar 3,90 reais, marcando 3,9073 reais. O real amargou o pior desempenho numa lista de 33 pares do dólar nesta sexta-feira.

No fechamento, o dólar negociado no mercado interbancário subiu 0,83 por cento, a 3,8892 reais na venda. É o maior patamar desde 29 de março (3,9154 reais).

Na B3, a referência do dólar futuro tinha alta de 0,80 por cento, a 3,8930 reais.

O real já havia começado o pregão com desempenho inferior a seus pares, com a notícia de que a Petrobras desistira de reajustar o preço do diesel. A persistência de ruídos sobre a articulação do governo em prol da reforma previdenciária também pesou sobre o câmbio.

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Mas foi à tarde que o dólar tomou fôlego para valer, após o presidente Jair Bolsonaro admitir ter telefonado para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por causa do reajuste de 5,7 por cento anunciado pela estatal no preço do diesel e afirmou que terá de ser convencido do percentual em uma reunião que convocou para a terça-feira com representantes da estatal.

O real terminou o dia liderando as perdas globais frente ao dólar.

"O fato é que isso (a interferência na Petrobras) abriu a caixinha de riscos de ingerência política", disse Roberto Campos, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, citando que o mercado agora se questiona sobre imposições em outras estatais. "Isso é ruim para o plano de privatizações, para a avaliação do estrangeiro sobre o país e, em último caso, para a perspectiva de fluxo", afirmou.

Na semana, o dólar acumulou alta de 0,42 por cento.

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