Ibovespa bate recorde com votação de reforma da Previdência

Índice da Bolsa de São Paulo encerrou o dia com alta de 1,25%, ultrapassando os 105 mil pontos; dólar recuou 0,77%, sendo cotado a R$ 3,7568

10 jul 2019 - 08h59
(atualizado em 11/7/2019 às 12h32)

O otimismo do mercado financeiro com o avanço da tramitação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados levou o Ibovespa, principal índice da B3, a Bolsa de São Paulo, a um novo recorde nesta quarta-feira, 10. Durante o dia, o índice chegou aos 106.650,12 pontos e fechou o pregão com alta de 1,25%, aos 105.817,06 pontos. O Ibovespa fechou pela quinta vez seguida em alta, renovando o nível recorde.

O dólar teve recuo de 0,77%, cotado a R$ 3,7568, na menor cotação desde 28 de fevereiro. Esse resultado foi influenciado também pela perspectiva de queda nos juros dos Estados Unidos ainda neste mês.

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A expectativa dos investidores é de que, uma vez aprovada a proposta que muda as regras de aposentadoria, o governo lance medidas para destravar a economia, assim como o Banco Central inicie o ciclo de afrouxamento monetário, o que tornaria a Bolsa brasileira mais atrativa.

O índice da B3 foi favorecido ainda pela valorização das commodities e pelo sinal positivo das Bolsas em Nova York, com destaque para o Nasdaq, que também alcançou nova máxima histórica nesta quarta-feira.

A despeito de o Ibovespa já ter avançado 20,40% em 2019 e 41,35% em 12 meses, analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast acreditam que o índice tende a buscar novos recordes no curto prazo, caso a reforma seja, de fato, aprovada, sem grande perdas na economia prevista, em dois turnos na Câmara antes do início do recesso parlamentar, em 18 de julho.

O analista da Coinvalores Felipe Silveira ressalta que, com a aprovação da Previdência na Câmara antes do recesso, é grande a chance de o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar um ciclo de corte da Selic, hoje em 6,50% ao ano, já na reunião deste mês, nos dias 30 e 31.

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"A inflação está sob controle, a atividade fraca e o cenário externo melhor. Tudo leva a crer em um corte de juros, o que anima os investidores a buscar a Bolsa", afirma Silveira, lembrando que o governo Jair Bolsonaro já sinalizou com o anúncio de medidas de estímulo à economia após a aprovação da reforma. "A lucratividade das empresas ainda está baixa. Com a retomada da economia e do mercado de trabalho, vai haver um grande impacto nos resultados. Uma parte disso já foi antecipada, mas ainda tem espaço para subir nos próximos meses."

O analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman vê a possibilidade de que o Ibovespa busque os 108 mil pontos, especialmente se for confirmada a aprovação da previdência em primeiro turno hoje e em segundo turno antes do recesso parlamentar. "Se houver esse clima positivo para reformas no cenário político nacional, podemos ver esse movimento de alta se sustentar", diz.

Arbetman destaca que dois setores relevantes para o Ibovespa - commodities e varejo - têm perspectivas positivas. Lá fora, a tendência é de valorização do minério de ferro e sustentação dos preços do petróleo. Por aqui, já se conta com juros menores e estímulos à demanda. "Esse conjunto de fatores faz com que a perspectiva para a bolsa brasileira se mantenha positiva", afirma.

Entre as principais ações da B3, os destaques foram Vale e Petrobrás, enquanto os bancos apresentaram queda moderada. Apesar de ter sido condenada na terça-feira pela primeira vez por Brumadinho (MG), as ações PN da Vale subiram 2,34%, impulsionadas pela perspectiva de que a manutenção do preço do minério de ferro turbine os resultados operacionais da empresa no segundo trimestre.

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Os papéis PN da Petrobrás avançaram 1,52%, em meio à alta do petróleo no mercado internacional e ao bom humor com a assinatura de acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que a Petrobrás deixe de ter, até o fim de 2021, posição dominante no mercado de gás natural, o que abre espaço para a petroleira se dedicar ao negócio de extração de petróleo.

Em relação ao dólar, operadores do mercado financeiro já veem chance de quedas adicionais da moeda se o texto-base da reforma for aprovado na noite desta quarta-feira. "Se a aprovação vier hoje à noite, a moeda abre amanhã ainda mais para baixo", destaca o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Ele acredita que se a Previdência seguir avançando e outras reformas também caminharem, como a tributária, a moeda americana pode cair para a casa dos R$ 3,50.

O economista-chefe para América Latina do ING, Gustavo Rangel, vê a moeda americana mais perto dos R$ 3,60 em um cenário com as reformas aprovadas do que dos R$ 3,40 que imaginava anteriormente. "O real deve ter um rali, mas de extensão limitada."

Votação da reforma

A sessão da Câmara para votação da proposta de reforma da Previdência foi aberta ainda de manhã, mas os encaminhamento da votação só começou depois das 17h. O texto precisa de 308 votos para ser aprovado, em dois turnos. Segundo o Placar da Previdência feito pelo Estado o governo já tem os apoios necessários.

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acredita que há condições de votar os dois turnos esta semana. "Vamos até o sábado. Se necessário, até o domingo", afirmou. A estratégia é evitar deixar a votação do segundo turno para depois do recesso parlamentar, que começa dia 18 de julho.

O mercado acompanhou também nesta quarta a divulgação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nesta manhã, que fechou junho com alta de 0,01%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a menor variação mensal do indicador desde novembro de 2018, quando houve queda de 0,21%.

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