Guedes ameaça 'ligar o f...-se' para a França: 'Estão ficando irrelevantes para nós'

Segundo o ministro da Economia, comércio com os franceses passou de US$ 2 bi para US$ 7 bi, enquanto com a China foi de US$ 2 bi para US$ 120 bi

10 ago 2022 - 08h19
(atualizado às 13h16)

BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira, 9, que a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) aumentará o nível de investimento estrangeiro na economia. Segundo Guedes, a demora para a assinatura do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia diminuirá a relevância econômica do velho continente com os países da América Latina.

Guedes também relatou uma conversa que teve com um ministro francês, que criticou as queimadas na Amazônia. "E vocês que não conseguem proteger um quarteirão, deixaram queimar Notre-Dame?", disse o ministro, referindo-se à histórica catedral gótica, em Paris.

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Segundo o ministro da Economia, a França é um dos países europeus que perdem relevância nas relações comerciais com o Brasil.

"Nosso comércio com vocês (França) era de US$ 2 bilhões no início do século. Com a China foram US$ 2 bilhões também. Hoje nós comercializamos com vocês US$ 7 bilhões. E comercializamos com a China US$ 120 bilhões", relatou o ministro em evento de abertura do congresso da Abrasel, associação que reúne bares e restaurantes.

Para Guedes, entrada do Brasil na OCDE aumentará o nível de investimento estrangeiro; Europa perderá relevância, segundo o ministro. Foto: Reuters

"Vocês [França] estão ficando irrelevantes para nós. É melhor vocês nos tratarem bem porque senão vamos ligar o 'f...-se' para vocês", disse o ministro, recorrendo a um palavrão.

Desemprego em 8%

Em relação à economia brasileira, o ministro projetou uma taxa de desemprego caindo para 8% até o fim do ano. "O Brasil vai surpreender. A taxa de desemprego, que era 12% quando a doença chegou, foi a 14,9%, quase 15%, voltou para 12%, 11%, 10%, 9,3%, e vai para 8% antes de o ano acabar. E 8% não se vê desde 2003, 2004?, disse. "Vamos terminar com a menor taxa de desemprego em 10 ou 15 anos."

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A dois meses das eleições em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentará o segundo mandato, Guedes sustentou que o País tem "tudo" para iniciar um novo ciclo de crescimento, com o Produto Interno Bruto (PIB) devendo crescer em 2022 mais do que os 2,2% estimados por economistas.

Ele ressaltou também que uma avalanche de investimentos está vindo para o Brasil, citando R$ 890 bilhões já contratados. "Só temos de ter juízo, votar direitinho, fazer a coisa certa, seguir o caminho da prosperidade... Está tudo arrumado", declarou Guedes em seu discurso.

Ao apontar medidas lançadas contra os efeitos da pandemia, o ministro destacou também, durante o evento com empresários de serviços de alimentação fora dos domicílios, que 95 mil empresas já contrataram R$ 9,7 bilhões pelo Pronampe, programa de financiamento voltado a micro e pequenas empresas.

Redução do IPI

Guedes disse também que trabalha para reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), um tributo que, segundo ele, "desindustrializou o Brasil". Após lembrar da aprovação do teto do ICMS dos combustíveis, que puxou a deflação de 0,68% no IPCA do mês passado, o ministro salientou que o objetivo é também fazer cortes no IPI.

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A medida, acrescentou, está sendo pensada de forma que não afete a competitividade da Zona Franca de Manaus, cujos produtos têm alíquota zerada do imposto. Segundo Guedes, a solução é simples: retirar 100 produtos da zona franca e reduzir o imposto de outros 3,9 mil.

"São 4 mil produtos, basta tirar 100 produtos. Você protege a Zona Franca de Manaus e baixa o preço de 3,9 mil produtos no Brasil", disse. "O IPI desindustrializou o Brasil. O Brasil tem minério de ferro, mas tem de trazer aço da China", acrescentou, assinalando ainda que o governo tem usado o aumento de arrecadação para diminuir impostos.

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