Falta de ESG faz fundos cancelarem investimentos

Gestores calculam riscos de longo prazo de empresas-alvo; 37% já deixaram de investir por preocupações com o ESG

26 set 2021 - 17h05
(atualizado em 27/9/2021 às 10h13)

Ao mesmo tempo em que muitos gestores começam a entender como o ESG impacta seus investimentos, outros estão até deixando de investir em empresas que não estão se adequando aos novos tempos. A PwC aponta que 37% dos fundos deixaram de realizar um investimento por preocupações com o ESG.

O fundo canadense CDPQ, que administra planos de previdência públicos da cidade de Quebec, tem US$ 4,7 bilhões investidos no Brasil. Poderia ser mais, porém houve desistência de um aporte recentemente. "Olhamos uma indústria de transformação, e ela foi aprovada no quesito 'S' e no 'G', mas, quando fomos olhar o 'E', percebemos que o processo dela era extremamente intensivo em carbono", afirma Denis Jungerman, principal executivo da operação brasileira, que representa 1,5% do total do fundo.

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Mas já há algumas certezas do CDPQ em todo o mundo. Alguns setores estão descartados para investimentos, como o de petróleo e o de carvão. Em 2017, globalmente, o CDPQ colocou como meta alcançar US$ 36 bilhões em investimentos ligados à sustentabilidade e melhoria social até 2020. O número, contudo, foi superado em US$ 4 bilhões. "Em um prazo bem curto, faremos uma nova revisão dos nossos objetivos futuros", diz Jungerman.

A GEF Capital também não quer saber de alguns setores, como o de óleo e gás, além de não colocar dinheiro em empresas de armas. O fundo Patria Investments tem as suas preferências: está de olho nos setores de saúde, energia renovável e educação, além de infraestrutura. Para Bruno Serapião, sócio do Patria, o fundo sempre olha o risco futuro antes de realizar um aporte. "Entramos em uma empresa agora para vender daqui a dez anos. Então, precisamos entrar em setores que terão compradores no longo prazo", afirma Serapião

Pressão e risco

Quase metade das empresas incorporaram temas ESG na hora de avaliar se compram ou não uma empresa. Mais do que isso, de acordo com a PwC, 72% dos fundos avaliam as empresas-alvo ainda na fase pré-aquisição. Os motivos são variados, mas a questão do risco está em alta. Para 40% dos entrevistados, a proteção do valor do ativo é uma das grandes preocupações.

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Porém, também há a questão de pressão dos investidores. No estudo, 41% dos gestores de fundos afirmaram que recebem algum tipo de imposição dos clientes para não investir em ativos que não sejam socialmente e sustentavelmente responsáveis.

"O ESG está cada vez mais sendo avaliado como questão de valor, mas os riscos ainda são grandes. Os fundos têm que saber aonde estão pisando", afirma Maurício Colombari, sócio da PwC.

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