Cada vez mais brasileiros guardam dinheiro fora do País

Especialista aponta quais critérios devem ser avaliados em investimentos em outros países

15 ago 2022 - 08h58
Foto: Adobe Stock

Diversificar investimentos, buscar maiores retornos ou simplesmente proteger o patrimônio em outras moedas. São vários os motivos que têm influenciado cada vez mais brasileiros a investir no exterior.

Neste cenário, Nemer Rahal, sócio executivo da Mindset Ventures, gestora brasileira de venture capital que conecta investidores a empresas de tecnologia localizadas nos Estados Unidos e em Israel, aponta os benefícios para aqueles que desejam alocar recursos fora do Brasil.

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“Algumas classes de ativos são particularmente interessantes em nosso país, a exemplo da renda fixa nos momentos em que a Selic está em alta. Já para outros tipos de investimento, como em renda variável, o investidor com recursos no exterior costuma contar com mais opções em função do maior número de produtos de investimentos com características diversas, além da maior quantidade de empresas listadas nas bolsas de valores, para aqueles que investem diretamente em ações”, pontua.

A exposição positiva a outras moedas

O executivo ressalta que, independentemente do tipo de aplicação, o investimento no exterior vem acompanhado de uma vantagem adicional: exposição a outras moedas. Aos que buscam diversificação de portfólio, investimentos em outros países não apenas trazem a exposição a outras economias ao redor do mundo, protegendo o investidor de crises regionais que possivelmente afetariam unicamente o Brasil ou a América Latina, como também mitigam possíveis perdas decorrentes da desvalorização de uma determinada moeda, tal como vem ocorrendo com o real nos últimos anos.

Antes de qualquer investimento no exterior, Rahal aconselha avaliar importantes critérios, como:

• Capacidade: investimentos no exterior devem ser encarados como de longo prazo, ainda que os ativos ou produtos selecionados ofereçam liquidez. Assim, o investidor deve avaliar se possui capacidade financeira para dispor parte de seu patrimônio e não utilizá-lo por um período considerável de tempo.

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• Quanto investir: até pouco tempo atrás, gestores costumavam recomendar que algo por volta de 30% dos investimentos de grandes fortunas fossem alocados no exterior. Hoje, algumas casas falam em 50%, chegando a até 70%. Não existe fórmula nem consenso para o cálculo desta proporção, dependendo principalmente do objetivo do investidor.

• Região: existem diversos lugares para onde se “exportar” o patrimônio. O mercado americano, pelo seu tamanho, disponibilidade de produtos e certa facilidade de acesso, acaba sendo, justificadamente, o destino preferido por muitos. Entretanto, existem outros centros financeiros igualmente acessíveis que oferecem alternativas interessantes.

• Tipo de investimento: por fim, no que o investidor pretende investir? Para o mercado acionário, uma das formas mais simples de se conseguir acesso a essa categoria em outros países acaba sendo a simples abertura de uma conta em uma corretora em outra nação. Para alocação em fundos de investimento, incluindo venture capital, private equity e hedge funds, gestores com presença no Brasil, como instituições financeiras locais e internacionais, oferecem uma ampla gama de produtos. Adicionalmente, o investidor deve considerar a quais moedas gostaria de se expor.

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Modalidades mais promissoras no longo prazo

O executivo destaca investimentos no exterior com perspectivas de longo prazo para os brasileiros, mais uma vez pontuando a importância da decisão condizer com o objetivo e perfil do investidor. 

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“Para aqueles mais conservadores, títulos de dívida de baixo risco, assim como fundos de renda fixa de baixo risco distribuídos por corretoras no exterior, podem ser uma boa opção. Quanto menos conservador for o investidor, em geral mais sofisticados costumam ser os investimentos”, afirma.

Para investidores com apetite para risco e interesse por diversificação, o especialista destaca que investimentos classificados como “alternativos” costumam ser bastante atrativos, como aqueles em imóveis, private equity e em venture capital — o que costuma atrair bastante atenção dos investidores sofisticados devido ao potencial de retorno no longo prazo frente às outras modalidades de investimento, à diversificação de risco no portfólio e, no caso do mercado de ventures capital, ao acesso ao ecossistema de inovação de tecnologia pertinentes a esta classe de ativos.

Quanto aos cuidados, Rahal aponta a importância dos investidores se atentarem à região na qual pretendem investir. A exemplo disso, apesar dos ecossistemas regionais de venture capital estarem expostos a tendências similares, o funcionamento deles costuma apresentar suas peculiaridades.

Em geral, para o executivo, o Brasil possui um mercado financeiro e de investimento bastante desenvolvido, dando ao investidor a possibilidade de investir em muitas das categorias existentes no exterior. No entanto, é preciso que investidores atentem-se às limitações para que oportunidades promissoras não passem despercebidas.

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“Em nosso país, o problema não é a escassez de categorias, e sim a quantidade de possibilidades dentro de cada uma. O número de empresas com capital aberto no Brasil é menor que nos EUA, ao passo que nosso ecossistema de venture capital ainda é menos desenvolvido quando comparado com países como Estados Unidos e Israel, nos quais a Mindset Ventures investe. Ao avaliar todos os cenários, podemos identificar onde estão as melhores oportunidades de investimento, direcionando esforços para esses ecossistemas. Muitas vezes alocar recursos em diversas classes de ativos, parte no mercado local e parte no exterior, pode ser boa alternativa”, finaliza.

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