O primeiro-ministro da China, Li Qiang, pediu nesta terça-feira aos parceiros comerciais que rejeitem o crescente protecionismo, um dia depois que a segunda maior economia do mundo registrou superávit comercial recorde de US$1 trilhão impulsionado por uma onda de exportações para mercados fora dos Estados Unidos.
Pequim está agora enfrentando tensões cada vez maiores com os principais parceiros comerciais além dos EUA, que estão pedindo que a China faça mais para reformar sua economia de US$19 trilhões e reduzir sua dependência das exportações para apoiar o crescimento.
A segunda maior autoridade chinesa pressionou os chefes do FMI, do Banco Mundial, da Organização Mundial do Comércio e outros a fortalecerem a governança global em resposta ao número crescente de economias que impõem taxas sobre produtos importados, inclusive a China.
"Desde o início do ano, a ameaça das tarifas tem pairado sobre a economia global, com várias restrições comerciais proliferando e impactando severamente a atividade econômica global", disse Li ao "Diálogo 1+10" em Pequim, que também inclui autoridades da OCDE e da Organização Internacional do Trabalho.
"As consequências mutuamente destrutivas das tarifas estão se tornando cada vez mais evidentes, e os apelos de todas as partes para defender o livre comércio estão ficando cada vez mais fortes", acrescentou Li.
Analistas concordam, em grande parte, que o enorme superávit comercial da China e sua relutância em se afastar de uma economia voltada para a exportação estão alimentando diretamente o aumento do uso de tarifas em todo o mundo.
Entretanto, eles veem pouco incentivo para Pequim mudar de rumo, apesar da crescente pressão internacional.
"A demanda do mercado de grande porte da China será liberada em um ritmo mais rápido" nos próximos cinco anos, disse Li, de acordo com a leitura da reunião, embora a paciência dos líderes mundiais pareça estar se esgotando.
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse no domingo que ameaçou Pequim com tarifas durante sua visita de Estado na semana passada, que coincidiu com a revelação pela Comissão Europeia de planos para aumentar a resiliência da Europa a ameaças como a escassez de terras raras e importações com dumping.