Bolsas dos EUA têm pior semana do ano; no Brasil, dólar fecha na maior cotação desde 17 de junho

Preocupação com avanço da guerra comercial predominou nos mercados globais; avanço das ações da Petrobrás evitou perdas no Ibovespa

2 ago 2019 - 18h34

A aversão ao risco pautou boa parte dos negócios nesta sexta-feira, 2, diante do acirramento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos e possíveis impactos na economia global.

A busca pela segurança enfraqueceu o dólar ante as principais moedas, mas a divisa subiu em relação às de economias emergentes. No Brasil, o dólar à vista terminou cotado em R$ 3,8915, com alta de 1,15%, na maior cotação desde 17 de junho.

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Na semana em que o Copom reduziu o juro em magnitude maior do que a do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o dólar acumulou avanço de 3,15%, a maior valorização semanal para o câmbio local desde o início de maio.

Cautela prevaleceu no exterior

A preocupação dos investidores com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de uma nova tarifa sobre produtos da China se manteve durante todo o dia mesmo após ele assinar um acordo com a União Europeia para aumentar a venda de carne bovina americana ao bloco.

Com a preocupação com o avanço da guerra comercial, a geração de 164 mil vagas de emprego em julho nos EUA, perto da previsão de 170 mil dos analistas, ficou em segundo plano, bem como o anúncio de EUA e União Europeia sobre um acordo para que o bloco compre mais carne bovina americana.

Ao mesmo tempo, a China prometeu "defender seus interesses". Em resposta, as principais Bolsas recuaram. Em Wall Street, o S&P 500 e o Nasdaq tiveram as piores semanas de 2019, acumulando perdas de 3,10% e 4,27%, respectivamente. As ações do setor de tecnologia foram as mais pressionadas. Em Nova York, ações da Apple tiveram queda de 2,12%.

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Entre as commodities, o petróleo teve recuperação, mas apenas parcial depois da forte queda do pregão anterior em reação ao anúncio de tarifa de Trump. O petróleo WTI para setembro fechou em alta de 3,17%, a US$ 55,66 o barril, na Nymex, e o Brent para outubro subiu 2,30%, a US$ 61,89 o barril, na ICE.

Ação da Petrobrás puxa alta do Ibovespa

No Brasil, a Bolsa e os juros futuros conseguiram superar o nervosismo do cenário internacional. O ganho de mais de 3% das ações da Petrobrás, em reação ao balanço do segundo trimestre e ao avanço dos preços do petróleo, ajudou a proteger o Ibovespa da pressão externa.

O índice à vista subiu 0,54%, fechando aos 102.673,68 pontos, com perda, no entanto, de 0,14% na semana. Os juros futuros oscilaram com viés de alta, refletindo realização de lucros após o forte ajuste de queda ao Copom.

A escalada das ações da Petrobrás impediu o Índice Bovespa de ceder à aversão ao risco. Responsáveis por 11% da composição da carteira teórica, os papéis da petroleira subiram em razão dos números positivos de seu resultado trimestral e contribuíram em grande parte para a alta de 0,54% do índice, que fechou aos 102.673,68 pontos.

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Petrobrás ON e PN terminaram o dia com ganhos de 3,03% e 3,59%. A recuperação dos preços do petróleo também ajudou a impulsionar os papéis. As altas foram um importante contraponto à queda de 1,16% da Vale, por exemplo, que acompanhou a forte desvalorização do minério de ferro no mercado chinês, em meio às ameaças de tarifação feitas por Estados Unidos e China.

Dólar

O exterior foi novamente o principal fator a influenciar as cotações da moeda americana nesta sexta. Mas na semana que vem, com a retomada das atividades no Congresso e a votação da reforma da Previdência no segundo turno na Câmara, o noticiário doméstico deve ganhar protagonismo.

Após o fechamento, o Broadcast informou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou oito sessões de plenário para discussão e votação em segundo turno da matéria entre terça e quinta-feira da próxima semana.

Na semana, o dólar acumulou valorização de 3,15%, registrando a pior semana desde o início de maio, quando ruídos políticos entre o Planalto e o Congresso fizeram a moeda americana bater em R$ 4,10.

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O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de outras moedas fortes, teve baixa de 0,30%, a 98,074 pontos. A moeda americana caiu 0,75% no Japão. / Paula Dias, Altamiro Silva Junior, Antonio Perez e Gabriel Bueno da Costa

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