Bolsa sobe 1,7% e atinge maior patamar desde 12 de novembro; dólar avança 0,2%

Investidores respiraram aliviados hoje, após estudos preliminares apontarem que a variante Ômicron pode não ser tão letal quanto a Delta; dia também foi positivo para os índices de Nova York e Europa

6 dez 2021 - 14h31
(atualizado às 18h59)

A melhora no ânimo global, após informações preliminares mostrarem que a variante Ômicron do coronavírus pode não ser tão letal quanto a Delta, aumentou o apetite por riscos nesta segunda-feira, 6, com a Bolsa brasileira (B3) fechando em alta de 1,70%, aos 106.858,87 pontos - maior patamar desde 12 de novembro. O movimento também favoreceu os mercados de Nova York e Europa. No câmbio, porém, o dólar seguiu o movimento de valorização visto no exterior e subiu 0,18% ante o real, cotado a R$ 5,6903.

O analista da CMC Markets, Michael Hewson, destaca que "as preocupações com a ômicron continuam a diminuir com novas evidências de sintomas leves e, até agora, nenhuma morte relatada por causa da cepa". No final de semana, Anthony Fauci, o principal assessor médico da Casa Branca, chegou a dizer à CNN que os estudos preliminares sobre a variante são "encorajadores".

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Para o banco singapuriano DBS Bank, essa semana será "crucial" para uma leitura melhor sobre a severidade da Ômicron. "Até o momento, mortes e admissões hospitalares estão silenciosas em relação ao aumento de casos na África do Sul. Assumindo 1 a 2 semanas de defasagem (entre a contaminação e os efeitos mais graves), como esses dois itens vão se comportar vai direcionar o sentimento do mercado", aponta em análise publicada nesta segunda-feira.

Em resposta, o Ibovespa, principal índice de ações do mercado brasileiro, emendou seu terceiro dia de ganhos, chegando a tocar nos 107,4 mil pontos na máxima do dia, alta de 2,31%. No mês, o índice acumula alta de 4,85%. Em Nova York, o Dow Jones avançou 1,87%, enquanto S&P 500 e Nasdaq tiveram ganhos de 1,18% e 0,93% cada. Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em alta de 1,54%, a de Paris, de 1,48% e Frankfurt, de 1,39%.

A diminuição dos temores com a nova cepa também favoreceram o petróleo, com o barril do Brent para fevereiro em alta de 4,58% em Londres, e o do WTI para janeiro, de 4,87% em Nova York. O efeito nas ações da Petrobras, porém, é limitado pela decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de abrir um processo envolvendo a estatal, após o presidente Jair Bolsonaro declarar, no domingo, 5, que a estatal anunciaria redução dos combustíveis até o fim de dezembro. Em resposta, as ações ordinárias subiram 0,93% e as preferenciais, 0,45%.

Já o desempenho positivo do minério de ferro na China, em alta de 0,46%, sustenta a alta de 5,43% da Vale. As instituições financeiras também são favorecidas, com destaque para a alta de 2,12% do Bradesco. As notícias melhores sobre o risco da nova variante também retiraram pressão das aéreas, com Gol em alta de 11,34% e Azul, de 10,57%.

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Analistas também destacam a importância do andamento da PEC dos Precatórios para o mercado. "Você tinha um mercado lá fora bem bom nos últimos meses e aqui muito travado com Brasília. A PEC está praticamente encerrada, tira um risco muito elevado do mercado. É um grande ponto de virada do mercado", aponta Flávio Aragão, sócio da 051 Capital.

Na última quinta-feira, a PEC foi aprovada pelo Senado mas, como teve várias alterações por parte dos parlamentares, precisará passar pelo crivo da Câmara novamente. Ambas as casas avaliam hoje, em reunião de presidentes e lideranças, se vão promulgar trechos consensuais ou se tentarão votar toda a matéria - e, sobretudo, se isso será possível esse ano. O fatiamento da proposta não causa grande incômodo ao mercado, que acredita que o principal problema - no que diz respeito à abertura de espaço fiscal com a mudança no teto de gastos - parece ser um consenso e está resolvido dentro da PEC.

Câmbio

Em um pregão de instabilidade, sobretudo pela manhã, o dólar subiu mais um degrau, flertando novamente com o nível de R$ 5,70. Segundo operadores, o fortalecimento da moeda americana frente seus pares - ainda na esteira da expectativa de que o

Federal Reserve (Fed, o banco central americano) acelere a retirada de estímulos monetários, impedem uma apreciação do real, a despeito da perspectiva de que o Banco Central aumente a Selic em 1,5 ponto porcentual, para 9,25%, nesta semana.

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Também contribui para a postura defensiva dos agentes a contínua deterioração das expectativas para a economia brasileira e certa cautela em torno da questão fiscal, à espera da promulgação da PEC dos Precatórios. Enquanto o Ibovespa se beneficia do apetite por risco no exterior com a diminuição das preocupações com a variante Ômicron e recupera terreno por oferecer preços convidativos, o real não parece oferecer uma relação entre risco e retorno atraente no curto prazo.

Na mínima, a moeda bateu em R$ 5,6380 e na máxima, em R$ 5,7020. O dólar para janeiro fechou cotado a R$ 5,7250, alta de 0,68%. No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhou em alta durante todo o pregão, acima dos 96,300 pontos, com a moeda americana ganhando mais espaço em relação ao euro e ao iene.

Em relação a divisas emergentes e de exportadores de commodities, o comportamento foi misto, com alta frente ao real e ao rublo e queda na comparação com o peso mexicano e o rand sul-africano.

Na esteira das projeções de alta da Selic, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) fechou a 11,39% (regular) e 11,395% (estendida), e a do DI para janeiro de 2025 encerrou a 10,91% (regular) e 10,95% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,94% (regular) e 10,99% (estendida). /BÁRBARA NASCIMENTO, ANTONIO PEREZ E MAIARA SANTIAGO

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