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Dólar sobe a R$ 5,67 e atinge maior valor em 7 meses em dia de queda nos mercados mundiais

Preocupação com o avanço da variante Ômicron, além de dados fracos para o mercado de trabalho dos EUA, pesaram nos índices de Nova York e Europa; descolada do exterior, Bolsa brasileira avançou 0,58%

3 dez 2021 - 16h50
(atualizado às 19h16)

Apesar de chegar a cair mais de 1% ante o real na parte da manhã, o dólar retomou a trajetória de alta na tarde desta sexta-feira, 3, e fechou em alta de 0,35%, a R$ 5,6798 - maior valor desde 13 de abril, quando foi cotado a R$ 5,71. A disparada da moeda americana veio em sintonia com o mau humor dos mercados americano e europeu, diante dos temores dos investidores com os possíveis impactos da variante Ômicron na economia. Apesar do cenário pouco favorável, a Bolsa brasileira (B3) se descolou do exterior e subiu 0,58%, aos 105.069,69 pontos.

Na mínima do dia, o dólar bateu em 5,6023 - já na máxima, tocou em R$ 5,6828. Com o avanço de hoje, a moeda americana encerra a semana em alta de 1,50%, acumulando valorização de 9,46% neste ano. No exterior, a moeda americana ficou mista ante as rivais, com o euro em baixa a US$ 1,1306 e a libra, a US$ 1,3230, enquanto o dólar cedia a 112,78 ienes.

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"É provável que continuemos negociando dentro de um padrão altamente volátil até que uma maior clareza seja fornecida sobre a eficácia das vacinas na redução da propagação e na mitigação dos resultados extremos de saúde desta última variante", disse o analista de mercado sênior da IG, Joshua Mahony.

Em resposta ao temor dos investidores, principalmente após os Estados Unidos registrarem, nesta semana, seu primeiro paciente infectado com a Ômicron, os índices do mercado de Nova York caíram. O Dow Jones teve baixa de 0,17%, enquanto o S&P 500 cedeu 0,85% e o Nasdaq, 1,92% - os três terminaram a semana com saldo negativo. O dia também foi negativo para o mercado europeu, com a Bolsa de Londres em queda de 0,10%, a de Frankfurt, de 0,61% e a de Paris, de 0,44%.

Os contratos de petróleo também foram penalizados pelas preocupações com a nova cepa: o barril do WTI para janeiro fechou em baixa de 0,36%, a US$ 66,26 o barril em Nova York, enquanto o Brent para o mês seguinte subiu 0,30%, a US$ 69,88 o barril em Londres.

Além dos temores ante a pandemia, o resultado abaixo do esperado do mercado de trabalho dos EUA também afetou o humor dos investidores. Divulgado hoje, relatório de geração de empregos (payroll) de novembro, apontou para uma geração líquida de 210 mil postos de trabalho, abaixo da metade das projeções de 573 mil vagas de economistas consultados pelo The Wall Street Journal. Por outro lado, a taxa de desempregou recuou de 4,6% a 4,2% e a participação na força de trabalho aumentou de 61,6% a 61,8%

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O Conference Board avalia que o resultado demonstra uma perspectiva incerta para o mercado de trabalho, uma vez que há riscos crescentes com a nova cepa do coronavírus. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, porém, o economista-chefe da Moody's Analytics, Mark Zandi, prevê que os EUA devem registrar crescimento de 4% no Produto Interno Bruto de 2022, além de retomar o pleno emprego, apesar da Ômicron.

Apesar das preocupações com a variante e o dado fraco do mercado de trabalho dos EUA, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, contrariou as expectativas por um tom mais ameno e defendeu a necessidade de debater o aumento no ritmo do processo de redução de estímulos, chamado de tapering.

Parte da pressão vinda de fora foi contrabalançada pela diminuição da percepção de risco na área fiscal, com a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado - no entanto, a novela sobre o tema ainda está longe de terminar. O texto ainda provoca um impasse nos bastidores das duas Casas, principalmente diante das tentativas do governo de fatiar a proposta. Diante disso, a promulgação da PEC foi adiada para segunda-feira.

Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, ressalta que o mercado já se ajustou à PEC e que agora as atenções recaem sobre o Orçamento de 2022. "O efeito da PEC positivo e sobrepujou até dados ruins de atividade, como PIB e a produção industrial". Hoje pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial caiu 0,6% em outubro ante setembro.

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Bolsa

Com o desempenho de hoje, o Ibovespa fecha a semana com ganho de 2,78%. "O mercado está muito volátil, mudando de direção com velocidade. O nível de incerteza é alto e isso leva às baixas. Por pior que seja a certeza de algo, pelo menos consegue se programar", diz Bandeira, do Modalmais. Na sessão de hoje o Ibovespa oscilou 2.800 pontos entre a mínima, aos 104.090.02 pontos - quando tocou pontualmente no negativo -, e a máxima, aos 106.813,73 pontos.

Entre os papéis de maior peso, as ações da Petrobras foram destaque na tarde desta sexta, apesar da indefinição entre os contratos futuros de petróleo. Os papéis preferenciais encerraram o pregão com ganhos de 1,41%, enquanto os ordinários avançaram 1,86%.

As ações mais líquidas do setor financeiro, porém, pesaram negativamente na segunda etapa da sessão de negócios. Bradesco ON recuou 0,29%, Itaú Unibanco PN desceu 0,35% e Santander perdeu 0,44%. Banco do Brasil ON conseguiu reverter a queda no fim do pregão para encerrar o dia em leve alta de 0,12%. /ANTONIO PEREZ, SIMONE CAVALCANTI E MAIARA SANTIAGO

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