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Bolsa cai a 100 mil pontos e dólar fecha no maior valor em dois meses

O presidente norte-americano, Donald Trump, acusou a China de 'manipulação cambial', elevando o tom da guera comercial

5 ago 2019 - 17h55
(atualizado às 18h27)

As tensões entre Estados Unidos e China ditaram o tom negativo dos negócios nesta segunda-feira, 5. Já pela manhã, a cautela era gerada pelo fato de que o dólar havia ultrapassado a marca de 7 yuans, depois da atuação do Banco do Povo da China em resposta aos Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, acusou então a China de "manipulação cambial".

Mais tarde, os mercados pioraram com a confirmação do Ministério do Comércio da China de que pode suspender novas compras de produtos agrícolas americanos. O órgão acusou os Estados Unidos de não respeitarem acordos fechados entre lideranças das duas nações.

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Ibovespa perde 2,51%

Os índices acionários em Nova York terminaram com quedas entre 2% e 3%, arrastando o Ibovespa, que sofreu para se manter acima dos 100 mil pontos no fechamento, depois de ter batido na mínima de 99.630,09 pontos. A Bolsa brasileira encerrou com perda de 2,51%, aos 100.097,75 pontos. A queda foi praticamente generalizada entre as 66 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa. As exceções foram Marfrig ON (+1,03%) e IRB Brasil Re ON (+0,14%). Em dólar, a Bolsa recuou 5% nesta segunda-feira.

Dólar sobe a R$ 3,95

No mercado cambial, o dólar fechou no maior nível em mais de dois meses. A moeda americana subiu 1,66%, para R$ 3,9561 no mercado à vista. A fuga de ativos de risco fez investidores saírem de mercados emergentes e buscarem proteção em ativos no Japão e Suíça e no ouro, que subiu 1% hoje.

O dólar se enfraqueceu ante divisas fortes, mas se fortaleceu perante moedas de emergentes, como Colômbia (+2,2%), Índia (+2%), Argentina (+1,8%) e África do Sul (+1,1%). Um dos reflexos da fuga do risco é que o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, termômetro do risco-país, subiu para 142 pontos-base na tarde de hoje, de 132 pontos da sexta-feira.

"A reescalada da tensão entre Washington e Pequim continua a ser o combustível para um movimento de vendas maciças de ativos de risco", afirma a economista-chefe do grupo financeiro americano Stifel, Lindsey Piegza. Para ela, a piora da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo corre o risco de se transformar em uma guerra cambial, o que contribui para enfraquecer moedas de emergentes e valorizar a de países desenvolvidos.

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China ameaça diminuir importações

Após o dólar superar o patamar de 7 yuans mais cedo e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusar a China de manipulação cambial, o que o Banco do Povo da China (PBoC) negou, o governo chinês divulgou nesta tarde comunicado que foi mais um passo para reforçar a cautela nos mercados globais. O Ministério do Comércio chinês afirmou que podem ser suspensas novas compras agrícolas dos EUA feitas por companhias chinesas, além de acusar os EUA de não implementarem o que foi conversado em reunião recente dos líderes das duas nações.

Em relatório, a Capital Economics pondera sobre os riscos de que a postura atual das potências possa significar um retrocesso na globalização.

Profissionais nas mesas de renda variável relataram que as vendas na Bolsa brasileira foram claramente comandadas por investidores estrangeiros, tendo os brasileiros como principal contrapartida. Depois de terem retirado R$ 6,5 bilhões da B3 em julho, o investidor não-residente iniciou agosto no mesmo ritmo. Segundo dados da B3, no dia 1º o saldo líquido indicou saída de mais R$ 826,384 milhões.

"Não havia como o Ibovespa resistir ao movimento global, que foi bastante forte. Os índices setoriais das bolsas americanas registraram quedas expressivas ao longo da tarde, principalmente o financeiro e o de energia. Os pares brasileiros acompanharam e por isso vimos perdas tão fortes em Petrobras e Vale", disse Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora.

Maior corte de juros nos EUA

Em meio à cautela, o Fed voltou ao radar. Nesta tarde, Lael Brainard, diretora do banco central, disse que os dirigentes "monitoram de perto os acontecimentos no mercado" e continuam interessados em sustentar a expansão econômica americana. No mesmo evento, a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, lembrou que os mercados "se movem rápido" e ponderou que é preciso ver como a situação se desenrola num intervalo mais longo para uma posterior tomada de decisões. De qualquer modo, houve aumento nas apostas de um corte de 0,5 ponto porcentual pelo Fed já em setembro.

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Nova York tem forte queda

Nas bolsas, o índice Dow Jones teve baixa de 2,90%, em 25.717,74 pontos, o Nasdaq caiu 3,47%, a 7.726,04 pontos, e o S&P 500 registrou queda de 2,98%, a 2.844,74 pontos. Os setores de tecnologia, finanças e serviços de comunicação estiveram entre os mais pressionados, mas todos os setores tiveram queda de ao menos 1,50%. Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em baixa de 2,47%, Frankfurt caiu 1,80% e Paris, 2,19%.

Previdência ainda no aguardo

Internamente, mas sem impacto nos ativos, a Câmara não conseguiu quórum para realizar sua sessão, que contaria para o intervalo entre os dois turnos da votação da reforma da Previdência. A presença dos deputados, a partir de terça-feira, é fundamental para as aspirações do presidente da Casa, Rodrigo Maia, de concluir a votação da proposta na quinta-feira.

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