Após salto de 63% em estreia, GetNet tem desafio de brilhar em 'carreira solo'

Companhia de maquininhas de cartões foi separada do Santander; em apenas um dia de negociações na B3, já passou o valor de mercado da rival Cielo

18 out 2021 - 19h18

Contrariando a cautela na Bolsa brasileira (B3) nesta segunda-feira, 18, a GetNet estreou em grande estilo. As ações da empresa conhecida pelas maquininhas de cartões subiram 63,56% na estreia. Antes controlada pelo Santander Brasil, a companhia fechou seu primeiro dia no mercado valendo R$ 9,7 bilhões, mais que a líder do setor, a Cielo, avaliada em R$ 7,1 bilhões, mas abaixo de Stone e PagSeguro, listadas em Nova York.

Agora, o desafio é mostrar que, em "carreira solo", conseguirá alçar os altos voos planejados pelo Santander. A matriz espanhola do banco, que agora tem a GetNet como subsidiária direta, quer transformar a adquirente em uma marca global sob o comando da PagoNxt, plataforma internacional de pagamentos do grupo. A GetNet já atua na América Latina, em países como México e Argentina; pelas mãos da PagoNxt, carimbou o passaporte para a Europa.

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"A gente tem uma perspectiva mais favorável para a GetNet por um motivo específico, que é a internacionalização", diz Carlos Daltozo, líder de renda variável da casa de análises Eleven Financial. "Diferentemente de PagSeguro e Stone, a listagem lá fora da GetNet é justamente para pavimentar uma avenida de crescimento não só aqui no Brasil, mas na América Latina, podendo transformar a GetNet em uma adquirente global."

As ações da GetNet estreiam na Nasdaq, bolsa americana de empresas de tecnologia, na sexta-feira, 22. A Stone já é negociada por lá - a PagSeguro é listada na Bolsa de Nova York (Nyse). Seus valores de mercado são, respectivamente, de US$ 11,53 bilhões (equivalente a R$ 63,6 bilhões) e de US$12 bilhões (R$ 66,2 bilhões).

Histórico

Criada em 2003, no Rio Grande do Sul, a GetNet teve o controle adquirido pelo Santander Brasil em 2014 e foi uma das armas do banco em sua expansão no País, especialmente atendendo a pequenas e médias empresas. Hoje, é a terceira maior adquirente do País, atrás da Cielo e da Rede, controlada pelo Itaú Unibanco.

Daltozo, da Eleven, considera que embora tenha tamanho comparável às líderes, aGetNet cresce a taxas de novata. No segundo trimestre deste ano, o volume de transações que passaram pelas maquininhas vermelhas da empresa foi de R$ 96,4bilhões, 83,6% maior que no mesmo período de 2020.

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Cielo e Rede cresceram 29% e 42,9% no mesmo intervalo, respectivamente, mas têm uma base mais ampla - a Cielo processou R$ 165,2 bilhões em operações, e a Rede, R$ 146,5 bilhões. A PagSeguro teve alta de 89,1% na captura, excluídas as transações do banco digital PagBank, para R$ 56,3 bilhões, e a Stone, de 58,6%,para R$ 60,4 bilhões.

Dilemas

Uma das dúvidas do mercado é sobre o relacionamento entre o Santander Brasil e a GetNet daqui em diante - atualmente, o banco é parceiro da empresa na oferta de produtos financeiros para os clientes das maquininhas, como antecipação de recebíveis.

Em relatório divulgado hoje, o BB Investimentos destacou que, a partir de agora, uma possibilidade é a de que outros bancos se tornem parceiros da GetNet. O analista Rafael Reis afirma, porém, que isso não deve reduzir os ganhos para o Santander. "Em nossa visão, para o banco Santander Brasil, a perda é mínima, já que o banco deve continuar sendo o principal parceiro (da GetNet), se beneficiando das sinergias construídas com a adquirente ao longo dos anos", escreveu.

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