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Apesar de queda do dólar e avanço da reforma, juros fecham em alta com IPCA-15

22 out 2019 - 18h17

Os juros futuros continuaram avançando ao longo da tarde desta terça-feira, quando renovaram máximas nos trechos curto e intermediários da curva, ainda sob efeito do IPCA-15 muito acima da mediana das estimativas e a despeito do avanço da tramitação da reforma da Previdência no Senado e da forte queda do dólar. Após o índice de inflação, apostas mais agressivas no ciclo corte da Selic foram corrigidas e, pela precificação, a curva praticamente apagou a chance de queda de 0,75 ponto porcentual da taxa básica no Copom de outubro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor capta as apostas do mercado para as decisões de política monetária em 2019, fechou em 4,848%, de 4,819% na segunda no ajuste. O DI para janeiro de 2021 encerrou com taxa de 4,54%, de 4,437%, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,42% para 5,52%. A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,20%, ante 6,111%.

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O IPCA-15 subiu 0,09%, mesma taxa apurada em setembro e a mais baixa para meses de outubro desde 1998. Porém, a mediana das estimativas do mercado apontava alta três vezes menor, de 0,03%, o que desencadeou um processo de realização de lucros nos DIs, que afetou não somente os vencimentos de curto e médio prazos, mas respingou também nos longos. Com isso, pela precificação para a Selic, além do enfraquecimento da apostas de corte de 0,75 ponto no Copom de outubro, houve ajustes ainda na percepção de que a taxa poderia fechar o ciclo em 4% ou até abaixo. A precificação aponta 4,40%, ou seja, no meio do caminho entre 4,25% e 4,50%.

A reação do mercado ao IPCA-15 é vista como correção de exagero de apostas mais ousadas e pretexto para realizar parte dos lucros recentes, após o expressivo achatamento da curva nas últimas semanas. Não há mudança de tendência, até porque os preços de abertura do índice reforçam um cenário de inflação muito tranquilo e em 12 meses o acumulado está 2,72%, ligeiramente abaixo do piso da meta de inflação, de 2,75%, para este ano. "O dado de hoje (terça), embora acima do esperado, corrobora nossa visão de que a inflação segue em trajetória benigna, com todas as medidas de núcleo rodando em patamares confortáveis e sem sinais de aceleração", afirma o Itaú Unibanco, em relatório.

Com esta perspectiva, nem o recuo do dólar abaixo de R$ 4,10 nem o avanço da Previdência no Senado conseguiram segurar o aumento das taxas. A sessão do plenário começou por volta das 16h30 e a previsão do presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) é concluir a votação ainda nesta terça, tanto do texto-base quanto dos destaques. A expectativa era de que não houvesse mais desidratação ao texto, mas quatro pedidos de mudança plenário do Senado podem tirar ao menos R$ 171,8 bilhões da economia esperada com a proposta, de R$ 800,3 bilhões em uma década pela proposta aprovada na Câmara.

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