Hipnose: conheça técnica 'milagreira' usada por Marcelo Serrado em novela da Globo

Hipnoterapeuta Diego Wildberger detalha benefícios e riscos da hipnose, e explica o efeito dos diferentes tipos de hipnose no indivíduo

27 jun 2022 - 17h16
(atualizado às 18h42)
Marcelo Serrado caracterizado como Moa para 'Cara e Coragem'
Marcelo Serrado caracterizado como Moa para 'Cara e Coragem'
Foto: Instagram / @marceloserrado1

O ator Marcelo Serrado, de 55 anos, recorreu à hipnose para interpretar Moa, seu personagem em 'Cara e Coragem'. A ideia do global era entender melhor como funciona a cabeça de um dublê de ação, pai-solo e que possui uma paixão secreta pela colega Pat (Paolla Oliveira). 

Apesar de ser a primeira vez que Marcelo Serrado se submete à hipnose, o uso da técnica não é incomum na classe artística. Atores como Ashton Kutcher e Reese Witherspoon já falaram publicamente sobre aderir à hipnose para melhorar o desempenho em cena.  

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Em rápida pesquisa na internet, muito além da imersão em personagens, pode-se encontrar uma lista grande de benefícios da hipnose: cura de traumas de infância, redução da ansiedade, aumento de foco durante o cotidiano e até alívio de dores físicas.   

"Se a gente citar todos os benefícios, a gente não para hoje. Vai parecer uma técnica milagreira", brinca Diego Wildberger, hipnoterapeuta e co-autor dos livros 'Libertando sua Mente com a PNL', 'Coaching e Mentoring' e 'Gestão das Emoções no Mundo Corporativo'.

Marcelo Serrado e Paolla Oliveira caracterizados para 'Cara e Coragem'
Foto: Instagram / @marceloserrado1

O que é hipnose?

A hipnose pode ser definida de três formas: ferramenta terapêutica que, associada a técnicas da medicina tradicional, é capaz de curar traumas; estado de consciência no qual passamos diversas vezes ao dia e como forma de comunicação. 

"Independentemente da forma, a hipnose sozinha não vai fazer nada. Você precisa sempre associá-la a outras metodologias para alcançar algum resultado", explica Wildberger

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Quais são os tipos de hipnose?

Dentro do que é conhecido pelos profissionais da área, existe a hipnose não verbal, que é a comunicação persuasiva; a hipnose clássica, conhecida por induções rápidas de consciência, geralmente utilizadas por profissionais na TV; e a hipnose conversacional, feita a partir de estruturas linguísticas. O ator Marcelo Serrado utiliza uma combinação das três técnicas.

A hipnose não verbal, como o nome já sugere, não trabalha com palavras, mas com símbolos e elementos que ativam emoções nas pessoas. Se você entrar num ambiente, se sentir confortável e não quer sair dali, de certa forma aquele lugar é hipnótico, pois toda informação que te influencia sem palavras é uma espécie de hipnose.

A hipnose clássica é a mais conhecida do público, porém, de acordo com Diego Wildberger, é a que menos possui vantagens, pois apenas induz a pessoa a um estado de relaxamento.

"Você está assistindo à TV e do nada a pessoa desmaia. Na realidade ela não desmaiou, ela acessou um relaxamento físico mais intenso e quem assiste pensa que desmaiou. A pessoa que passa pela experiência sempre diz que ouviu tudo, que podia sair dali quando quisesse, mas não queria. Essa técnica é utilizada para fazer shows e espetáculos, mas não tem finalidade terapêutica", aponta.

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Marcelo Serrado e Paolla Oliveira caracterizados para 'Cara e Coragem'
Foto: Instagram / @marceloserrado1

A terceira modalidade é a hipnose conversacional, realizada através das palavras, com uso de metáforas e analogias, de forma mais maternal e acolhedora. A ideia desse método é motivar o paciente a caminho da reprogramação, seja para melhorar o desempenho em alguma área da vida ou para ajudar a lidar com dificuldades cotidianas. 

Quem pode ser hipnotizado?

De acordo com o hipnoterapeuta, toda pessoa pode hipnotizar ou ser hipnotizada, desde que seja saudável - e isso inclui até mesmo crianças. A técnica só não é indicada para pessoas que possuem problemas cognitivos ou doenças senis, como Parkinson ou Alzheimer, porque elas não serão capazes de compreender ou seguir comandos simples. 

Marcelo Serrado caracterizado como Moa para 'Cara e Coragem'
Foto: Instagram / @marceloserrado1

"Se uma pessoa é capaz de se apaixonar, ela pode ser hipnotizada, se a pessoa é capaz de se emocionar vendo um filme, ela pode ser hipnotizada… porque todas essas situações a colocam no estado de hipnose. Ao contrário do que imaginam, hipnose não é inconsciência ou ficar à mercê de outra pessoa, é somente um estado de consciência”.

Quais são os benefícios da hipnose

A hipnose tem uma série de benefícios. Entre os mais comuns estão redução da ansiedade, controle emocional, aumento da criatividade, resolução de traumas e relaxamento físico.

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Entretanto, todos os pontos citados são resultados de tratamentos associados a técnicas de estudo da psicologia, ou seja, quando profissionais se utilizam da hipnose para potencializar resultados. Segundo Wildberger, isso ocorre pois a técnica hipnótica conecta o paciente profundamente com suas emoções, o que acelera os resultados.

Fora do âmbito psicológico, Wildberger relata que a hipnose também é muito utilizada em centros cirúrgicos por médicos e enfermeiros para acalmar pacientes, controlar hipertensão e fobias. 

Marcelo Serrado caracterizado como Moa para 'Cara e Coragem'
Foto: Instagram / @marceloserrado1

Quais são os riscos da hipnose

Os perigos associados à hipnose não são, de fato, relacionados à técnica, mas sim por quem a pratica. De acordo com Diego Wildberger, o maior risco em qualquer área é profissional despreparado.

"Por exemplo, uma pessoa com esquizofrenia pode ser hipnotizada? Sim, mas um profissional sem a devida instrução jamais deve fazer. Quem poderia fazer hipnose nesse paciente? Um psicólogo ou psiquiatra especializada na área. Se alguém fizer sem a devida instrução, pode acabar agravando o quadro de saúde da pessoa", analisa. 

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Preconceito por trás da hipnose

Em março de 2018, o Ministério da Saúde aprovou a inclusão de dez terapias alternativas no atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), entre elas a hipnoterapia. Entretanto, Diego acredita que a técnica sofre certo preconceito nas unidades hospitalares. 

Diego Wildberger, hipnoterapeuta
Foto: Instagram / @diego.wildberger

"Como não há um conselho que regulamente a hipnose no Brasil, acredito que os profissionais da saúde ainda tenham alguma preocupação a respeito da formação do hipnólogo. Afinal, onde estudou? Quais suas condutas éticas? E por aí vai. Mas não tem como ignorar os benefícios da técnica e o aumento por sua busca. As pessoas estão cansadas de tomar remédio, estão procurando vias mais naturais", opina. 

*Com edição de Estela Marques.

Fonte: Redação Terra
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