Oscar confirma tendência: a TV precisa ser mais inclusiva

Mulheres empoderadas, negros e atriz transexual atraíram holofotes na premiação.

5 mar 2018 - 15h49

Nunca houve um Oscar com tanta diversidade. A 90ª edição do maior e mais badalado prêmio do cinema americano rompeu definitivamente com o conservadorismo.

Os movimentos #MeToo e #Time’s Up contra o assédio moral e sexual deram o tom da cerimônia ancorada pelo comediante Jimmy Kimmel, notório ativista liberal anti-Trump.

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Daniela Vega no palco do Oscar: atriz transexual chilena roubou a cena no maior prêmio de Hollywood.
Daniela Vega no palco do Oscar: atriz transexual chilena roubou a cena no maior prêmio de Hollywood.
Foto: Getty Images

O termo ‘empoderamento’, apesar de um tanto banalizado pelo uso indiscriminado, se faz necessário para qualificar a presença feminina no palco do Teatro Dolby, em Los Angeles.

Os produtores escalaram um timaço de atrizes, das mais variadas etnias e idades, para bradar contra o machismo, a misoginia e em defesa da igualdade de gênero em Hollywood e na sociedade em geral.

A vencedora do Oscar de Melhor Atriz por ‘Três Anúncios para um Crime’, Frances McDormand, pediu que as mulheres indicadas em todas as categorias se levantassem para serem aplaudidas.

“Tenho três palavras para deixar a vocês esta noite, senhoras e senhores: cláusula de inclusão”, disse a ganhadora da estatueta e ferrenha feminista.

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A entrega do Oscar de Melhor Atriz é tradicionalmente feita pelo Melhor Ator do ano anterior. 

Acusado de assédio por três mulheres, Casey Affleck, premiado em 2017 por ‘Manchester a Beira-Mar’, preferiu não comparecer à festa – protestos seriam inevitáveis.

Em seu lugar, a direção do prêmio escalou duas famosas ativistas pelos direitos da mulher, as ‘academy winners’ Jennifer Lawrence e Jodie Foster.

Já a estatueta de Melhor Ator deste ano foi anunciada pelas divas – e também militantes pela equidade entre homens e mulheres – Jane Fonda, deslumbrante aos 80 anos (dois Oscars na carreira) e Hellen Mirren, magnífica aos 72 (vencedora por ‘A Rainha’).

Emma Stone, outra voz potente contra a desigualdade que afeta as mulheres, entregou o prêmio de Melhor Direção ao mexicano Guilhermo Del Toro por ‘A Forma da Água’.

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Dois anos após a campanha #OscarSoWhite (Oscar Branco Demais) em protesto contra a ausência de negros nas principais categorias, a premiação teve um desfile de famosos afrodescendentes diante das câmeras.

Entre eles, Lupita Nyong´o, Melhor Coadjuvante em 2014 por ‘Doze Anos de Escravidão’, e Chadwick Boseman, protagonista do blockbuster do momento, ‘Pantera Negra’.

O Oscar também promoveu visibilidade aos transexuais. A atriz trans chilena Daniela Vega, estrela do filme ‘A Mulher Fantástica’, foi bastante aplaudida nos dois momentos em que surgiu no palco.

O primeiro, quando o longa venceu como ‘Melhor Filme Estrangeiro’; a segunda vez, ao aparecer sozinha para anunciar o número musical de ‘Mystery of Love’, canção do filme de temática gay ‘Me Chame Pelo Seu Nome’, interpretada por Sufjan Stevens.

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“Espero que todos vejam nosso filme chileno e entendam que foi produzido com amor, para suscitar alguns questionamentos. Um deles: o que resta para a próxima geração é um mundo melhor ou não?”, disse Vega ao ‘Los Angeles Times’.

O festival de diversidade racial e de gênero visto no Oscar passou uma mensagem importante às emissoras de TV e aos telespectadores: é hora de quebrar tabus e dar mais espaço às minorias.

Mulheres podem ser diretoras bem-sucedidas como a indicada ao Oscar Greta Gerwig, por ‘Lady Bird’; negros são capazes de atrair público numeroso para assistir a produções milionárias, tal qual ‘Pantera Negra’; e atores transexuais merecem bons papéis.

A televisão brasileira, que não reflete a diversidade da população do País, precisa entender o recado e também dar mais representatividade ao mundo real.

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