Angela Dippe e Luana Martau festejam o sucesso de temporada

Atrizes brilharam ao interpretar a mesma mulher em dois tempos de sua vida na montagem de ‘A Dona da História’

15 out 2018 - 12h28

A pessoa que você é hoje não reflete exatamente aquela que foi no passado tampouco a que será no futuro. Cada um de nós é múltiplo.

Essa premissa fez o sucesso de ‘A Dona da História’, peça que mostra uma mesma mulher em dois tempos. Aos 15 e aos 50 anos.

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Angela Dippe e Luana Martau encerraram a bem-sucedida temporada do espetáculo no Teatro Opus, em São Paulo.

Angela Dippe e Luana Martau: espetáculo sobre as escolhas da vida fez atrizes repensarem a própria história
Angela Dippe e Luana Martau: espetáculo sobre as escolhas da vida fez atrizes repensarem a própria história
Foto: Divulgação

A peça escrita e dirigida por João Falcão já havia tido uma montagem muito aplaudida em 1998, com Marieta Severo e Andreia Beltrão dividindo o palco, e depois virou filme.

Angela e Luana conversaram com o blog:

Acham que toda mulher, na verdade, são várias mulheres em uma só?

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Angela: Nós, mulheres, somos ‘multitask’ (multitarefa, em inglês). A mulher foi projetada biologicamente para carregar um filho, o que significa que, no mínimo, pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. A gente tem essa capacidade de ter empatia, adotar a perspectiva alheia. Eu brinco que não consigo viajar com pouca bagagem porque cada dia vou acordar de um jeito, vou acordar sendo uma mulher diferente. Um dia, moleca; no outro, executiva; ou prostituta; ou princesinha. Temos tanta variação hormonal que isso acaba afetando a personalidade feminina.

Luana: Acho que toda mulher é cobrada a assumir diversos papéis. Somos culturalmente ensinadas desde cedo a rodar diversos pratinhos ao mesmo tempo, diferentemente dos homens.

Acima, as atrizes com o autor e diretor João Falcão; abaixo, em momento da peça
Foto: Divulgação

A temática da peça fez vocês repensarem a própria vida?

Angela: A questão das escolhas, do livre-arbítrio, sempre foi muito importante para mim. No monólogo ‘O Barril’, que eu escrevi, em certo momento a personagem começa a conversar com Deus e diz que acha o ser humano incompetente para fazer escolhas. Ela gostaria que o roteiro da vida viesse pronto. Porque é bem assim: se você virar uma esquina, sua vida pode mudar totalmente.

Luana: Com certeza. Quando fazia ‘Clandestinos’, outra peça que o João Falcão escreveu e dirigiu, uma frase do texto ecoou na minha cabeça: ‘a vida é a arte de desescolher’. Quando fazemos uma escolha, deixamos de escolher infinitas outras. E não tem como não pensar se as escolhas feitas foram as mais acertadas. Mas sou bastante otimista e não muito saudosista. Então costumo achar que o melhor momento é o presente.

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Luana, você está com 33 anos, no meio do caminho entre os 15 e os 50. Como a peça mexeu com sua perspectiva de futuro?

Confesso que quando me dei conta de que estava mais longe dos 15 do que dos 50, levei um sustinho. Mas não me preocupo com idade, talvez porque sempre aparentei ser muito nova. Eu queria parecer mais velha, agora tenho consciência de que isso já está mudando (risos). Fico feliz porque quando tinha 15 anos eu já fazia teatro, estava prestes a prestar o vestibular e morria de medo de escolher a arte e não conseguir sobreviver disso. Cheguei a pensar em fazer faculdade de outra coisa só pra não correr esse risco. Mas as coisas foram acontecendo e, 18 anos depois, aqui estou eu fazendo o que mais amo. E espero que, aos 50, continue fazendo o mesmo.

Angela, você está com 56 anos. Como se relaciona com o avanço da idade?

Por enquanto ainda estou com a cabeça boa e me sinto bem com meu corpo. O que vai acontecendo com o tempo é um descompasso injusto, difícil de lidar. Vejo isso nos meus pais, que já estão idosos. Às vezes a cabeça está boa e o corpo, não. Ou o corpo funciona bem e a cabeça falha. Outro aspecto é que vivemos numa cultura que hipervaloriza a juventude. Existe o etarismo, que é o preconceito relacionado à idade: falta de paciência, cuidado e respeito. Velho todo mundo vai ficar. Alguns ficarão sábios. Aos 17 era uma idiota cheia de energia. Continuo com muita energia, mas não sou mais tão idiota (risos). A maturidade faz com que a maioria das pessoas aprenda sobre a vida. Mas confesso: preferiria continua jovem com essa cabeça mais madura.

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