Rincon Sapiência relembra os desafios e a solidão no início de sua carreira musical, destacando sua conexão com artistas emergentes e seu compromisso em oferecer suporte, enquanto trabalha com calma em seu próximo álbum, "Corpo Preto".
O rapper Rincon Sapiência, de 39 anos, relembrou a falta de apoio que teve no início de sua carreira. Em entrevista ao Terra, contou que trabalha para oferecer aos novos artistas da cena o suporte que ele próprio não teve.
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"Eu senti falta, mas ao mesmo tempo muita gente me ajudou — ajudou com palavras, com dicas. Teve quem me ajudasse sem sequer falar comigo diretamente, mas fazendo coisas que eu olhava e me identificava. Só que eu tive uma caminhada de muita solitude, em que eu mesmo tive que aprender a me gravar, a compor, a fazer minhas coisas no meu mundo particular. Então, quando vejo alguém nesse mesmo lugar, querendo ajuda e sem saber como pedir ou acessar, eu acabo sendo esse cara que acolhe", comentou ele, em entrevista ao Terra, concedida no Festival João Rock, em Ribeirão Preto (SP).
Natural de São Paulo, da região de Itaquera, Rincon já não mora no bairro onde nasceu, mas segue conectado às pessoas e à cena local — até porque faz questão de ser, para os novos artistas, o suporte que lhe faltou no passado.
"Eu não moro exatamente onde nasci, mas permaneço na mesma região. Naturalmente, sigo conectado com muitos artistas, gente que ocupa palcos menores. Muitas vezes eu tô lá com eles, dando apoio ou até mesmo subindo no palco para dividir. Por mais que eu esteja num palco gigante hoje, tenho total noção de que não posso me desprender de onde vim. Porque tem artistas incríveis que poderiam estar aqui também, mas que, por várias questões, ainda não chegaram", afirmou.
Rincon reforça que seu apoio nem sempre é financeiro — e que ajudar pode acontecer de diversas formas.
"Eu me conecto com esses artistas novos, não necessariamente financiando clipes ou projetos, mas falando de posicionamento, estando presente no palco deles. Enquanto eu puder ser útil, vou continuar fazendo isso", completou.
Atualmente, o rapper trabalha em seu próximo álbum de estúdio, Corpo Preto. Segundo ele, o projeto está sendo construído com calma e maturidade, sem ansiedade para ser lançado. "Às vezes começo a refletir se estou sendo redundante no tema ou se preciso criar algo novo. Mas, muitas vezes, percebo que só o fato de eu ser um corpo preto, fazendo e falando essas coisas, produzindo e tendo autonomia sobre meu trabalho… isso por si só já carrega uma narrativa. Porque o nosso contexto de afeto é outro, de relacionamento é outro, de tecnologia e de acesso à vida é outro. Esse álbum fala sobre isso: os vários lugares que o corpo preto pode acessar — e almeja acessar", finalizou.