Nova MPB! Bárbara Dias fala sobre carreira, arte e futuro

Na sexta (26), a compositora lançou 'Juca", seu mais novo single em homenagem ao avô que faleceu recentemente

4 dez 2021 - 11h03
Bárbara coleciona parcerias de sucesso e acumula uma bagagem musical com mais de dez anos.
Bárbara coleciona parcerias de sucesso e acumula uma bagagem musical com mais de dez anos.
Foto: Divulgação/ Cortesia Ari Prensa / Famosos e Celebridades

Bárbara Dias, conhecida por sua passagem na TV Globo, no "Domingão do Faustão", quando ainda tinha 19 anos, é uma das fortes apostas no segmento da nova MPB. Colecionando parcerias de sucesso, a cantora acumula uma bagagem musical com mais de dez anos, assinando letras para artistas como 3030, As Baías, Clarissa, Rebecca, Gabriel O Pensador. 

Na última sexta-feira (26), a compositora lançou "Juca", seu mais novo single que surge como uma homenagem ao avô que faleceu recentemente. A faixa também faz parte do projeto "Saudade", que retrata três tipos de sentimento: a romântica, a do luto, e a saudade de nós mesmo. Ouça: 

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Em entrevista ao Famosos e Celebridades, Bárbara relembra seus primeiros passos musicais, a importância da arte em sua vida e, é claro, comenta sobre trabalhos futuros (alô, spoiler). Confira com exclusividade! 

FC: Bá, conta para gente, como foi seu início com a música? 

BD: Meu início na música, eu não me lembro quando foi, na verdade. Acho que foi na barriga da minha mãe, porque ela cantava já comigo na barriga, tem fotos dela grávida fazendo shows. Então eu não me lembro bem quando eu comecei a me envolver com música, mas me lembro que eu comecei a enxergar música de uma maneira profissional aos 15 anos, mais ou menos. Foi quando eu comecei a escrever mais, quando o desejo de trabalhar com isso começou a se manifestar em mim. Então eu acredito que é difícil entender esse início porque toda a minha família é de músicos. Ser músico na minha família sempre foi normal, nunca sofri preconceito dentro de casa por querer fazer música, aquela típica coisa de achar que não é profissão, sabe? Isso nunca aconteceu comigo. Eu me vi nesse ambiente durante muitos anos, mas eu comecei a levar a sério mesmo por volta dos 15.

FC: O que a arte significa em sua vida?

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BD: Apesar de eu ter começado a escrever minhas músicas bem tarde, por volta dos 12 ou 13 anos, e aos 15 de uma maneira mais séria e profissional, a minha história na arte, na verdade, começou na dança. Eu fazia balé clássico, jazz e sapateado desde muito criancinha, desde os meus 4 anos. E a minha primeira vivência artística intensa foi dançando e competindo. Eu acho que me acostumei com o palco ali. Depois comecei a me interessar pelo teatro e a envolver o teatro e a dança. Naturalmente a música entrou nesse combo com o amor pelos musicais. Apesar de eu já ter vontade de me lançar como cantora desde muito cedo, a vontade de trabalhar isso veio muito quando eu fiz um musical chamado 'Infinito', com o Guga Sabatiê, que é um amigo e irmão de vida que me apresentou a esse lado do musical. Éramos só nós dois em cena e, depois daquele momento da minha vida, eu não queria mais pensar em viver de outra coisa.

Eu até me vejo fazendo outras coisas. Gosto de gerenciar, planejar, sou uma pessoa organizada, realizadora, mas sou muito artística e acho que fui muito incentivada a isso desde sempre. Então tudo que envolve arte me fascina de um jeito, me movo e acho que é um espaço tão grande na minha vida que se eu cortar isso é como se eu tivesse cortando um pedaço da minha personalidade.

FC: Sabemos que os dois últimos anos foram muito difíceis e atípicos, você enxerga a música sendo um refúgio para muitas pessoas?

BD: A minha vivência é totalmente musical desde sempre. Tanto minha relação com a dança quanto com a música, tudo isso foi, desde sempre, um refúgio para mim e eu já identifico isso como um refúgio. Não consigo me imaginar vivendo de outra forma. Meus maiores desabafos são feitos escrevendo música. Eu mudo o meu humor ouvindo música… Quando quero ficar mais feliz ou mais triste, é na música que eu vou e, eu nem sei como seria uma pessoa viver sem ter a música ou a arte como refúgio. Mas é muito doido, porque é uma questão física mesmo, sabe? A música bate na gente de um jeito que deixa de ser só uma coisa emocional mas, de fato, pode ser usada para melhorar o humor, para gerar uma catarse, um momento de paz, ou para irritar a gente mais do que já estamos irritados, como é o caso daquelas músicas mais nervosas. Então, eu acredito que a música possa ser uma ferramenta de terapia para esse momento que a gente está vivendo. E até por isso eu fico muito preocupada com o que eu vou colocar no mundo.

"Juca" foi minha maneira de colocar no mundo uma música que pudesse ajudar as pessoas a curar um luto. Então, eu estou tentando, na verdade, ajudar as pessoas com essas músicas e a entenderem que a música é, de fato, um lugar onde elas podem ficar ouvindo aquela música e se reconstruir, se reconfortar um pouquinho. Eu acho que "Nove Meses" acabou me ensinando um pouco isso. Vejo muitos comentários de mães me dizendo como "Nove Meses" as confortam e eu tentei fazer isso com "Juca", com "Saudades de Você", e eu acho que em Mantra isso vai vir bem forte.

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FC: "Juca" é uma canção que envolve muito sentimento e experiências reais. Como foi o processo criativo? Qual a mensagem que você desejava passar?

BD: O processo criativo de "Juca" foi bastante longo, porque ele não começou em "Juca". Eu fiz muitas músicas para o meu avô, inclusive, músicas feitas pra ele em vida. E eu não mostrava para ele, porque eu tinha muito medo. Como ele era provavelmente o maior fã do meu trabalho, eu ficava com medo de ele se emocionar muito, porque ele já era um senhor, então eu ficava com medo de ele se emocionar muito e ter qualquer tipo de problema relacionado ao coração, ou sei la. Mas o processo de "Juca" começou em várias músicas, na verdade. Tenho muitas músicas que fiz para o meu avô e essa foi a que eu mais gostei. Simplesmente eu abria um bloco de notas e começava a escrever as coisas que eu gostaria de ter dito pra ele, ou as coisas que eu disse, de fato, ou a narrar cenas e lembrar dele com carinho… Enfim, tentar trazer essas lembranças que foram felizes, o cheiro de café, ele brincando dizendo que tinha prazo de validade e coisas super peculiares da nossa relação que, eu tenho certeza que se refletem nas relações de todo mundo com seus avós.

FC: Como tem sido o retorno do seu público diante do que vem sido apresentado?

BD: O retorno está sendo muito especial. Tenho muitos amigos e pessoas que acompanhavam meu trabalho e falavam como a música está ajudando essas pessoas a curarem o próprio luto… Isso pra mim é muito importante, porque foi literalmente fiz a música pra mim, pra curar o meu luto. Se eu puder estar contribuindo para que as pessoas consigam curar seus próprios lutos, eu acho que já tô satisfeita e que a música já cumpriu a missão.

FC: Por fim, nós já podemos ter um spoiler do que vem por aí?

BD: "Mantra" vem aí, em janeiro. Eu deixei "Mantra" por último, no começo do ano, porque eu gostaria que ela fosse um divisor de águas energética, digamos assim. Ou seja, que a gente consiga se livrar um pouco dessa energia de dor que 2021 deixou na gente, e acho que não falo só por mim, mas por todo mundo, porque foram muitas perdas coletivas e individuais. Então eu gostaria que Mantra iniciasse o ano dando uma energizada de uma maneira positiva, dando uma sacudida na galera pra gente lembrar que a gente já tem o que a gente precisa, ou pelo menos pra gente fingir que já temos o que precisamos para nós mesmos. Contar um pouco essa mentira pra ver se a gente torne essa mentira verdade ou, se ela for verdade, que a gente dê valor a ela. E é isso que eu digo na letra de Mantra, que a gente tem tudo que precisa, a gente só precisa focar no que já temos e fazer o melhor com isso. Não adianta a gente tentar realizar coisas sempre focando no que a gente não tem ao nosso alcance. Isso é impossível e hoje em dia estamos com muita falta, muitas lacunas, muitas perdas, então é importante que a gente se concentre no amor, na nossa família, nossos amigos e nos bens materiais que temos, porque a gente também vai sendo levado a consumir e não dá valor ao que a gente tem. Então essa música vem muito nesse lugar de reenergizar, valorizar o hoje, o agora… Por isso deixei ela para janeiro, para gente começar o ano bem.

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