Silêncio em peça de comédia? 'O Método Grönholm' volta a cartaz para fazer rir e refletir

Peça de Jordi Galcerán, dirigida por Lázaro Ramos e Tatiana Tibúrcio, leva executivos a situações inusitadas em busca de uma vaga de emprego

29 jun 2022 - 09h41
Luís Lobianco, Tatiana Tibúrcio, Anna Sophia Folch, George Sauma e Raphael Logam (esq. para dir.), na estreia da peça 'O Método Grönholm', no Teatro Unimed, em São Paulo
Luís Lobianco, Tatiana Tibúrcio, Anna Sophia Folch, George Sauma e Raphael Logam (esq. para dir.), na estreia da peça 'O Método Grönholm', no Teatro Unimed, em São Paulo
Foto: Leo Franco / AgNews

O silêncio em um espetáculo de comédia pode parecer esquisito para alguns. Assim como o escritor gosta de ser lido, o humorista se realiza ao fazer o outro rir – ato quase nunca silencioso.

Mas em 'O Método Grönholm' é um pouco diferente. A plateia que silencia para ouvir um manifesto sobre o direito de alguém do gênero masculino transicionar e expressar o feminino com o qual se identifica é motivo de satisfação para a atriz e diretora Tatiana Tibúrcio, que conduz a peça com o também ator e diretor Lázaro Ramos.

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"Acho isso absolutamente produtivo. Não daremos nenhum passo atrás. Nesse momento, o papo é reto. O silêncio é ensurdecedor por causa disso", avalia a artista. 

Em cartaz desde a última sexta-feira, 24, em curta temporada no Teatro Unimed, em São Paulo, 'O Método Grönholm' volta aos palcos após quase 20 anos. O texto original, escrito pelo catalão Jordi Galcerán em 2003, foi encenado no Brasil pela primeira vez em 2007 – depois do filme espanhol 'El Método' (2005). A adaptação à segunda década deste século chegou a ser lançada no Rio de Janeiro em 2020, mas precisou ser suspensa devido à pandemia de Covid-19.

Dois anos depois, a peça estreia ainda atual, com atuação de Luís Lobianco, Raphael Logam, George Sauma e Anna Sophia Folch. Os quatro se reúnem em uma sala fechada para disputar uma vaga de emprego em uma multinacional.

Tatiana Tibúrcio dirige a peça 'O Método Grönholm' com Lázaro Ramos
Foto: Leo Franco / AgNews

Nessa última etapa da seleção, eles são submetidos a situações surpreendentes e capazes de revelar preconceitos, inseguranças, angústias e episódios constrangedores de suas vidas.

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"Acho que em tempos outros – e entendendo que cada tempo é um tempo, tem sua identidade e questionamentos –, as gargalhadas vinham muito mais no tom do deboche, da ironia. Hoje é num tom de 'Meu Deus, como ele pode ser… Onde mais esse cara vai chegar'. É o riso do ridículo da situação. Acho que é um grande avanço", destaca Tatiana Tibúrcio. 

Tem até um "cidadão de bem"

O que impacta, em particular, é o texto de Fernando Fontes, personagem interpretado por Luis Lobianco. O carisma que conhecemos nas esquetes do 'Porta dos Fundos' e no 'Vai Que Cola' permanece, mas se confronta com postura arrogante e declarações machistas, transfóbicas e preconceituosas do executivo – que poderia, facilmente, se autorreferenciar um "cidadão de bem".

Mas seria injusto citar apenas Lobianco, quando é o encontro dos quatro atores em cena que deixa a peça ainda mais potente. Logam, convincente e perspicaz no ansioso Henrique; Sauma, como o sensível e destemido Carlos; e Anna Sophia dando vida à ambiciosa – no melhor sentido da palavra – e inteligente Mercedes. Juntos, eles fazem rir e questionar sobre questões com as quais poderemos nos deparar no mercado de trabalho – inclusive, amanhã mesmo.

"A gente propõe chamar o público para dizer: 'Vem cá, vamos falar sobre isso. Conversa comigo. Reflete aí'. A comédia é um instrumento muito eficaz para as escutas. Quando você usa ela de maneira não irresponsável, não apenas como entretenimento, é uma ferramenta importante. (...) Poder chamar o outro para refletir sobre os posicionamentos e fazer isso de maneira engraçada, leve, sem ser professoral, acho que é um caminho possível nesse momento que a gente está vivendo", acrescenta Tatiana Tibúrcio. 

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Elenco da peça 'O Método Grönhol', que entrou em cartaz no Teatro Unimed, em São Paulo
Foto: Leo Franco / AgNews

'O Método Grönholm' está em cartaz até 31 de julho, no Teatro Unimed, em São Paulo. Os horários do espetáculo são às 21h nas sextas-feiras e sábados, e às 18h nos domingos. Os valores variam de R$ 40,00 (balcão/meia) a R$ 100,00 (plateia/inteira). Mais informações nas redes sociais da peça @ometodogronholm.

Fonte: Redação Terra
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