Andreza Delgado fala das novidades da 2ª edição da PerifaCon

Convenção nerd das favelas acontece neste domingo (31), na Fábrica de Cultura da Brasilândia, na periferia da zona norte de São Paulo

29 jul 2022 - 17h38
(atualizado às 17h39)
Ela comemora o salto de qualidade em relação à organização e aos parceiros do evento
Ela comemora o salto de qualidade em relação à organização e aos parceiros do evento
Foto: Jef Delgado/Reprodução

A 2ª Edição da PerifaCon, a “convenção nerd das favelas”, acontece neste domingo (31), entre 9h e 21h, na Fábrica de Cultura da Brasilândia, na zona norte de São Paulo. O evento contará com atrações como uma Arena Gamer, um concurso de cosplay e exposições de artistas periféricos na chamada Galeria PerifaCon.

A expectativa dos organizadores é que 10 mil pessoas visitem a convenção, que retorna três anos depois da primeira edição. Neste ano, mais de 200 pessoas foram envolvidas na organização do evento, do projeto inicial até as equipes que vão trabalhar no domingo.

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Na contagem regressiva para o início da convenção, a criadora da PerifaCon, Andreza Delgado, conversou com a Agência Mural e o Visão do Corre sobre as novidades desta edição e a importância do evento para os moradores das periferias. Confira!

Para Andreza, a periferia é uma potência e merece ser reconhecida como tal
Foto: Arquivo pessoal

1️⃣ Qual a sua expectativa para esta edição da PerifaCon depois da pausa no evento presencial provocada pela pandemia?

Eu tô muito feliz, muito ansiosa. As expectativas estão lá em cima. Acho que a gente vem com um salto organizativo muito grande, com mais estrutura, mais parceiros. Esse ano a gente tem patrocínio, o evento vai ter sinalização. A gente usa o espaço público, mas é importante colocar uma identidade visual da PerifaCon.

A gente vem mais organizado, com mais equipe, mais atrações, mais experimentação do universo nerd, geek e gamer também. Tem espaços novos. Isso vai ser bem importante para mostrar que a periferia é uma potência (e que as pessoas que estão nela também são).

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2️⃣ Podemos dizer que a principal diferença entre a primeira edição e a de agora é a organização então?

Claro! Na primeira edição, a gente virava a noite fazendo reunião. Foi uma loucura! Agora a gente conseguiu se organizar melhor. A presença das marcas, que foi uma coisa que a gente sempre quis, vem num saldo melhor. 

A gente vai ter mais apoio, vai ter patrocínio. Acho que tem que ficar claro para as pessoas que a PerifaCon tem um custo, né? Dentro desse salto organizativo, não daria para fazer um evento nos mesmos moldes do primeiro, porque tem um custo muito maior, ele tem mais estrutura e segurança. Um salto qualitativo de mais produção, cenografia. Coisas muito legais que vão formando a carinha do evento, inclusive para os próximos anos. 

3️⃣ Como foi articular as parcerias com marcas como a Warner Bros.? Essas parcerias ampliam o alcance da PerifaCon?

Algumas marcas entraram em contato e a gente também tem a Fe, que faz nosso comercial, e eu também faço o comercial da PerifaCon. A importância de ter as marcas também é um pouco para desmistificar essa coisa de que o público periférico não é um público consumidor. Ele é!

Eu fico pensando: você tem um streamer que a galera consome o ano inteiro, por que não posso pensar numa ativação para esse público de periferia, sabe? O cara toma um refrigerante, por que não posso fazer uma ativação, que é uma coisa que a gente vê muito no centro das grandes convenções? Por que não posso dar um brinde, que parece pouco, mas é super legal e conecta a marca com o público?

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Essa coisa da Warner foi muito legal, porque o Ivan Costa – que é o nosso parceiraço desde a primeira edição e é da Chiaroscuro Studios – tinha falado para mim uma vez:  “Andreza, se um dia você quiser fazer um cartaz oficial, fala comigo”. Eu falei: “Vamos fazer com a DC! Vamos fazer o Super Choque!”. Aí ele ajudou a gente com todos esses trâmites.

Acho que, ao longo desses quase quatro anos, a gente teve muita sorte de ter parceiros muito legais, que compraram a ideia. É muito legal porque mostra que o projeto tem uma consistência. Na terça (26), a gente entrou no horário nobre da Globo, no intervalo de Pantanal, que deve ser um dos intervalos mais caros [da TV], e a gente não pagou por isso. Foi uma parceria com a Globo. Isso mostra que nosso evento tem legitimidade e a pauta é importante.

4️⃣ Você acha que a primeira edição abriu os olhos dessas marcas para o potencial de consumo das pessoas nas periferias?

Com certeza! Até então ninguém tinha despertado para entender o quanto era possível fazer um evento como esse na quebrada. Eventos na quebrada acontecem aos montes e sempre são movimentados, mas acho que, com essa temática, querendo juntar todo esse universo, foi importante. Tanto que a gente fez outros trabalhos. A gente levou de 650 jovens de quebrada para a Comic Con. Criou-se aí um intercâmbio bem legal.

Eu consegui fazer e executar outros trabalhos com outras marcas conectando essas pessoas de periferia, gerando esse impacto. Para mim é sensacional. Acho que depois dessa edição, a gente vai estar falando de muitas outras marcas que vão querer participar nas próximas edições da PerifaCon – e vai ter um impacto maior ainda.

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5️⃣ E por que escolher a Brasilândia para essa edição?

A ideia sempre foi fazer um evento itinerante. A gente sempre pergunta para o nosso público [o lugar de preferência deles] e o segundo lugar mais votado foi a zona norte. O primeiro foi a zona leste e, na real, a segunda edição ia acontecer lá [em 2020], mas aí a pandemia veio e a gente cancelou. Agora a gente optou por fazer num lugar um pouco menor.

6️⃣ Como foi feita a curadoria dos expositores? Você participou desse processo?

A gente trabalha com editais, inclusive de programação. Esse ano a gente usou o edital que a gente tinha feito em 2020, em respeito à galera que tinha se inscrito. É uma curadoria que eu faço. Sempre estou estudando e acompanhando o universo dos quadrinistas, dos ilustradores. Eu entendi desde o primeiro momento que precisava mergulhar muito nisso, então minha vida acabou virando isso tudo. Costumo dizer que ler um quadrinho para mim é um trabalho. 

Sempre tenho esse cuidado de trazer mais pessoas periféricas, que nunca expuseram, mais pessoas negras da periferia. Mas, ao mesmo tempo, coloco pessoas que não são da periferia no evento. Por exemplo, o Carlos Ruas, de “Um sábado qualquer” faz maior sucesso na internet. Ele é um cara que uma galera da quebrada curte e às vezes o cara ou a mina da quebrada só vai acessar ele num evento da PerifaCon.

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Fico o tempo todo trabalhando e mediando. Vou misturar artistas periféricos, mas também vou trazer uma galera do centro.

7️⃣ Quantas pessoas estão envolvidas na organização ou estão empregadas na PerifaCon?

Só de voluntários a gente vai ter de 40 a 50 pessoas no evento. E mais de 200 pessoas trabalhando na PerifaCon. 

8️⃣ Para terminar, quer deixar um recado para a galera que vai ao evento?

O evento vai ser muito legal, muito bacana. E se você não se inscreveu para pegar o ingresso, se inscreva para não pegar fila. Venha fazer parte dessa história que a gente está construindo que é bem bonita e traz a mensagem que a periferia também é cultura. A periferia também é nerd!

Andreza é organizadora da PerifaCon desde a primeira edição em 2019
Foto: Divulgação/PerifaCon
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