Veganismo não é dieta, é luta contra o massacre aos animais

No veganismo, a alimentação tem ênfase por ser o setor que mais explora animais, mas não é o único, por isso o movimento é muito mais amplo

8 abr 2022 - 05h00
(atualizado às 15h09)
Foto: Rauany Farias/Habitante Filmes

O veganismo é um movimento que busca combater todas as formas de exploração e crueldade contra animais. Contudo, é muito comum ser associado a dietas modernas ou alimentação fitness, deixando o propósito da causa de lado.

O que é considerado uma dieta é o ovolactovegetarianismo, que elimina apenas o consumo de carnes e mantém ovos e leite, e o vegetarianismo estrito, que exclui todos os alimentos de origem animal. Além da produção de alimentos, existem outras formas de exploração animal, que devem ser consideradas.

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No veganismo, a alimentação tem mais ênfase por ser o setor que mais explora animais. A indústria alimentícia e a pecuária, por exemplo, são os principais setores responsáveis por essa exploração no mundo. São abatidos, anualmente, cerca de 70 bilhões de animais terrestres (dados da Organização para a Alimentação e Agricultura, da ONU) e mais de 800 bilhões de peixes (informação do jornalista Tiago Jokura), só para consumo humano.

Além disso, entre todas as mudanças feitas na transição para o veganismo, a alimentação é a parte mais difícil. Nós mesmos tivemos muita dificuldade para mudar, levamos cerca de dois anos, e ainda escutamos de amigos e familiares: ''vocês não vão conseguir, deixem isso pra lá, continuem comendo o que sempre comeram’’.

Diferente do vegetarianismo, o veganismo aborda diversas questões sobre a utilização de animais. Portanto, tratar o movimento apenas como uma dieta, é ignorar todas as outras formas de exploração existentes e todo o seu caráter político e social.

Aderir ao veganismo é visto por muitos como algo extremista. No entanto, ser vegano não tem nenhuma relação com extremismo, é um posicionamento ético e político em defesa dos direitos dos animais. O movimento se opõe a práticas que utilizam e exploram outras espécies, seja no ramo alimentício, moda ou entretenimento.

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800 bilhões de peixes são abatidos por ano
Foto: Vegano Periférico

Algumas práticas comuns são:

• Produção de alimentos (carnes, ovos, embutidos, banha de porco, mel, leite e derivados, queijo, manteiga, margarina, corantes de origem animal, gelatina, etc).

• Roupas de couro, seda e lã ou com penas.

• Produção de cosméticos que utilizam componentes animais na formulação (maquiagem contendo cera de abelha, sabonetes de glicerina animal, entre outros).

• Testes em porquinhos-da-índia, camundongos, coelhos e macacos para produtos de limpeza e cosméticos.

• Entretenimento com exposição de animais aquáticos, vaquejadas, rodeios, touradas, pesca esportiva, etc.

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• Comercialização de pets (peixes para aquários, pássaros silvestres, cães e gatos de raça, entre outros).

Foto: Vegano Periférico

Os seres humanos tratam cavalos, coelhos, porcos, galinhas, vacas, bois, peixes e outros, como meros objetos. Somos educados culturalmente a enxergá-los como seres incapazes de sentir.

Testamos produtos cosméticos nos olhos e peles de animais. Nos divertimos enquanto se encontram em situações desfavoráveis (rodeio, vaquejada, tourada), os aprisionamos em pequenas gaiolas, jaulas e aquários. Isso diz muito sobre a nossa cultura, nossos costumes e educação.

Por isso o movimento vegano é extremamente importante, pois traz um questionamento sobre como tratamos e como podemos melhorar a nossa relação com as outras espécies, em todos os aspectos.

O veganismo é um movimento amplo que visa a emancipação de seres sencientes (capazes de sentir e experimentar dor), e expande a sua forma de atuação para além da comida. Por isso, não deve ser encarado apenas como uma dieta.

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Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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