Economia Solidária gera renda nas favelas de Curitiba

Economia pautada em solidariedade, sustentabilidade ambiental e social modifica a vida dos moradores de periferias

1 jul 2022 - 05h00
AMES - Associação de Amigos e Mulheres Solidárias que atuam na confecção de artesanatos.
AMES - Associação de Amigos e Mulheres Solidárias que atuam na confecção de artesanatos.
Foto: Divulgação.

A desigualdade social e o desemprego potencializados pela pandemia, ressaltaram movimentos econômicos já em ascensão há algum tempo, este é o caso da chamada ‘Economia Solidária’, que pode ser definida como iniciativas de cooperativismo em relações de produções sustentáveis e divisão de renda, comercialização justa e com equidade de raça e gênero.

O conceito também se apresenta como saída para a exploração capitalista. “As associações e cooperativas de economia solidária estão organizadas justamente para combater as questões de vulnerabilidade social (renda, gênero, etária, regional, escolaridade). O trabalho com as cooperativas de catadores de materiais recicláveis oferece uma nova leitura e começamos a fazer uma nova leitura de emancipação desses sujeitos através do protagonismo dos cooperados e associados” explica, Jonatas dos Santos Barreto, assistente social e incentivador de projetos econômicos solidários da cidade de Cascavel.

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De acordo com dados da Agenda Institucional do Cooperativismo, a Economia Solidária movimenta R$ 12 bilhões ao ano no Brasil. De acordo com os dados de 2020, o Brasil conta com mais de 6,8 mil cooperativas, responsáveis por 398 mil empregos formais, com base na solidariedade, igualdade e autogestão.

A periferia é fundamental e desempenha o papel de protagonista neste processo. Mães, avós, desempregadas e muitas vezes sem ensino médio completo são descritas como a maior parte das associadas da ONG “Associação de Amigos e Mulheres Solidárias” - AMES que atuam na confecção de artesanatos, costuras e vendas em feiras solidárias. “Além do aprendizado de um novo ofício que pode ser feito no espaço da ONG ou na casa delas e uma possibilidade de complemento de renda, o principal é o convívio e a troca de experiências" afirma Lucinéia fundadora da ONG.

Produção que em gera é vendida em feiras solidárias.
Foto: Divulgação.

Este é o caso de Maria Lúcia Freitas, costureira e mãe de quatro filhos. “Eu aprendi a costurar com a minha mãe e com a minha avó, e na AMES aprendi a pintar os panos de pratos e fazer as bonequinhas de pano, hoje consigo sustentar a casa e até duas das minhas filhas me ajudam “relata Maria.

Desafios e resistências

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Em maio deste ano Senado aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Economia Solidária. A PEC inclui a economia solidária entre os princípios da ordem econômica constitucional. A proposta tem um viés de redistribuição de renda no processo de produção e consumo.  Atualmente, no Brasil, existem cerca de 30 mil empreendimentos solidários em vários setores da economia que geram renda para mais de 2 milhões de pessoas.

A PEC traz esperanças aos cooperados e associados que relatam que a falta de incentivos e informalização do trabalho é o principal desafio enfrentado pela categoria. “Nós começamos nas nossas casas, ou em lugares improvisados mas a o negócio vai crescendo e não temos nenhum tipo de isenção ou incentivo, é necessário formalizar como MEI, com pagamentos de impostos, contratação de internet e linha telefônica e não temos políticas públicas que nos ajudem, dependemos da boa vontade de cada município" explica José Antunes agricultor de uma associação de Campo Largo.

José ressalta que o governo e os investidores precisam olhar mais para o potencial humano e sustentável de tudo que as cooperativas são capazes de produzir, pois está será a grande saída para crise as crises ambiental e social e para o de desemprego. Ele ainda pontua que a situação sempre foi complicada, mas se agravou com a extinção do Ministério do Trabalho e consequentemente a da Secretaria Nacional da Economia Solidária. “Sem esse incentivo federal é difícil os Estados e municípios fazerem alguma coisa por nós, tudo sempre fica na promessa, a gente então acredita e lutamos por nossos direitos “, finaliza o agricultor.

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