“Polo é carro de gay”, a explosão do preconceito

Opinião: um olhar sobre a polêmica em torno da publicidade do Volkswagen Polo com dois homossexuais

14 mai 2022 - 15h01
Anúncio do Volkswagen Polo: casal homoafetivo fez explodir o preconceito.
Anúncio do Volkswagen Polo: casal homoafetivo fez explodir o preconceito.
Foto: VW / Reprodução

O Volkswagen Polo foi um dos carros mais comentados da semana passada. Não porque ganhou alguma novidade, mas porque foi usado numa peça publicitária com dois personagens homossexuais. Uma postagem da Volkswagen no Instagram teve mais de 15 mil curtidas e cerca de 15 mil comentários – milhares deles com conteúdo homofóbico.

Segundo o Google Trends, o termo "Gol carro de gay" teve uma explosão nas buscas de pesquisas entre os dias 10 de maio e 15 de maio. Foi um festival de preconceito e homofobia. O texto dizia: “Sabe o que evoluiu junto com você? O Polo. O que já era bom ficou ainda melhor, com muito mais segurança e tecnologia”.

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Até mesmo entre especialistas em carros houve quem contestasse a oportunidade de tal anúncio, por ter sido uma peça isolada, como se houvesse necessidade de uma ação especial e um contexto próprio para anunciar um carro para a comunidade LGBTQIA+.

Mas, afinal, o Volkswagen Polo é um “carro de gay”? Claro que é. Não só ele, mas todos os carros da Volks: Polo, T Cross, Nivus, Taos, Jetta… Os intermináveis Gol e Voyage também. E o Fusca! Sim, o Fusca do seu avô ou da sua avó. Até mesmo a Kombi das freiras era “carro de gay''.

E também os Ford, do Modelo T ao Bronco Sport, os Fiat, do Cinquecento ao Pulse, todos os Chevrolet, inclusive o Camaro do machão e a picapona S10 do fazendeiro. Tudo “carro de gay”! Sabe por que? Porque, ao contrário do que pensam os homofóbicos e preconceituosos em geral, gays, lésbicas, bissexuais e todo o público LGBTQIA+ sempre compraram carros de qualquer modelo e marca.

O que a Volkswagen fez, no anúncio do Polo, foi dar mais um motivo para que ninguém precise se esconder por causa da sexualidade, como ocorria no passado, quando ser homossexual era considerado uma doença ou ato um imoral.

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Não! Mil vezes não! A Volkswagen não precisa de um "motivo especial" para colocar um casal gay num anúncio. Tampouco para colocar uma modelo das passarelas, um jogador de futebol, um pai de família, um casal heterossexual, um grupo de amigos, três bailarinas ou até mesmo um cachorro.

Essas mesmas pessoas que cobraram um "contexto apropriado" para a Volkswagen publicar o anúncio do Polo com dois gays fizeram a mesma coisa quando saiu um anúncio de um cachorro falando com o motorista?

Anúncio do Volkswagen Fusca nos anos 60: machismo explícito.
Foto: VW / Reprodução

Muitos também acusaram a Volkswagen de querer “surfar na onda” da comunidade LGBTQIA+ para melhorar sua imagem. Afinal, a marca teve histórico de colaboração com a ditadura no Brasil e nos anos 60 veiculava anúncios machistas.

A peça mais famosa mostra um Fusca avariado no farol dianteiro e a frase: “Mais cedo ou mais tarde sua esposa vai dirigir. Esta é uma razão para você possuir um Volkswagen”.

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A verdade é que a nova Volkswagen tem levado muito a sério suas políticas ESG (sigla para ações, padrões, critérios e boas práticas nas áreas ambiental, social e de governança). E isso é bom! Que a Volkswagen e outras marcas façam mais anúncios que provoquem a ira dos preconceituosos, pois isso os isola e aumenta a conscientização do resto da sociedade.

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