Auto Análise: GM 100% elétrica no Brasil é bom ou ruim?

Estratégia de carros elétricos da Chevrolet para o Brasil é “tudo ou nada”; ou a GM produz aqui ou vai apenas importar

3 jul 2022 - 07h00
Chevrolet Bolt EUV
Chevrolet Bolt EUV
Foto: GM / Divulgação

Na semana passada o site Neo Feed, especializado em assuntos econômicos e de inovação tecnológica, publicou reportagem que mostra a GM trilhando um caminho totalmente diferente daquele escolhido pela Volkswagen, Stellantis, Toyota e Renault no Brasil. A General Motors não quer saber de carros híbridos no Brasil, mesmo que seja com etanol, para sua estratégia de zerar o carbono. Vai partir diretamente para os carros totalmente elétricos.

Recentemente, a GM informou que está ampliando sua linha de modelos Chevrolet EV no Brasil. O Bolt EV, que teve sua importação suspensa devido a um recall, voltou para o catálogo. Outros carros 100% elétricos Chevrolet chegarão nos próximos meses. Já foram confirmados o Bolt EUV (utilitário compacto), o Equinox EV e o Blazer EV.

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A ideia de usar o etanol em carros híbridos está considerada pela maioria das montadoras como uma solução intermediária para o Brasil, pois significa que haverá custos menores até que o mercado esteja maduro para os carros 100% elétricos, que ainda são muito caros. Essa hipótese chegou a ser considerada por executivos da GM na América do Sul, mas pode ter havido uma ordem de Detroit para que o foco seja mesmo nos carros 100% elétricos.

Por um lado, isso é bom. Se uma grande montadora como a GM dá um passo convicto para os carros 100% elétricos, isso significa que os modelos da Chevrolet do futuro serão os mais ecológicos do mercado brasileiro e certamente puxarão a concorrência para esse novo mundo. Uma marca gigante como a Chevrolet produzindo EVs no Brasil facilita a criação de um mercado de forma mais rápida.

O plano da GM, evidentemente, é de longo prazo. A ideia é que os carros da Chevrolet – e eventualmente até da Cadillac e da GMC – formem uma linha totalmente elétrica dentro de 13 a 18 anos (2035 a 2040). Isso porque a GM, a nível global, não quer apenas reduzir a emissão de carbono, mas sim zerar o CO2 de seus carros. E isso o carro híbrido não conseguirá fazer, mesmo com etanol.

Por outro lado, isso também pode ser ruim. Digamos que o mercado brasileiro continue patinando e não se desenvolva rumo aos carros 100% elétricos na velocidade imaginada pela GM. Nesse caso, não haveria outra solução a não ser parar de produzir carros no Brasil. Afinal, tudo também é uma questão econômica e financeira. Para ser competitiva com uma linha exclusivamente de EVs, a Chevrolet precisa que os custos baixem muito ainda.

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Atualmente, segundo o NeoFeed, o custo de um carro elétrico é de 200% a 300% maior do que o de um veículo a combustão interna. A GM aposta também que o custo de propriedade mais baixo vai mostrar aos clientes que valerá mais a pena ter um carro elétrico do que um híbrido.

Por enquanto, a GM é a única grande montadora que está totalmente fechada com o carro 100% elétrico para o Brasil. Na visão da empresa, a etapa de transição, que foi a dos carros híbridos, já se esgotou na década passada nos Estados Unidos. Não haveria por que repetir tudo isso no Brasil. Portanto, isso também mostra que a GM não vai mesmo fazer projetos exclusivos para o Brasil, como antigamente. 

Só o tempo dirá se a GM, por meio de sua marca Chevrolet e eventualmente de outras, será a líder de um mercado só com carros elétricos ou se irá se transformar numa nova Ford, que preferiu se tornar uma importadora de veículos caros, depois de passar décadas perdendo dinheiro no Brasil.

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