A Europa se gabou por décadas de ter encontrado a fórmula perfeita para conciliar prosperidade econômica com justiça social: hospitais abertos a todos, universidades acessíveis e aposentadorias dignas após uma vida de trabalho. Esse pacto entre gerações, invejado do outro lado do Atlântico, tornou-se a marca de identidade do continente. E, ainda assim, hoje, as fissuras começam a se tornar visíveis.
E um de seus pilares está vacilando: a França.
Um preço alto demais
Como relatou esta semana o Washington Post, a Europa vive uma encruzilhada histórica: o modelo social que por décadas garantiu saúde universal, educação acessível e aposentadorias dignas começa a mostrar fissuras que já não podem ser escondidas. A França é o epicentro dessa tensão. Lá, a dívida pública descontrolada, a paralisia política e a sucessão de primeiros-ministros que caíram em apenas quinze meses evidenciam um desgaste profundo.
O país gasta mais do que qualquer outra nação rica em proteção social, mas esse gasto parece insustentável em um contexto de baixo crescimento e crescente polarização. A recente renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, incapaz de negociar um ajuste orçamentário, resume o dilema: cortar drasticamente ou manter um bem-estar cada vez mais difícil de sustentar em um país onde a população continua a considerar esses direitos como inalienáveis.
E há mais: na França, as novas gerações sentem que herdam um sistema que não conseguirão sustentar. O Post relatou casos de jovens...
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