Parece difícil acreditar em uma pílula que, em tese, reduz os efeitos da ressaca e diminui a quantidade de álcool do sangue que era esperada após alguns drinks. Se você não comprou a ideia, pode ficar tranquilo, porque este ceticismo também é apontado por alguns especialistas. Afinal, o estudo relacionado com a Myrkl pode ter brechas, o que reduz o seu valor científico.
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Aqui, também precisamos reforçar que a pílula antirressaca não deve ser entendida como um remédio e, sim, como um suplemento alimentar. Isso porque não foi aprovada pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), do Reino Unido, onde é comercializada.
Furos no estudo da fórmula antirressaca
Justificando a eficácia da pílula em reduzir até 70% do álcool no sangue uma hora depois da ingestão das bebidas, a empresa De Faire Medical apresentou um estudo clínico publicado na revista científica Nutrition and Metabolic Insights.
Apesar das supostas evidências, o médico Luis Fernando Correia explicou que a pílula antirressaca pode ser considerada "pegadinha", durante entrevista ao programa de rádio Estúdio CBN. Isso porque, como dito aqui no Canaltech, o estudo foi realizado em apenas 24 pessoas e durou uma única semana, o que não permite grandes conclusões.
Dose alcoólica do teste era muito pequena
Outro ponto levantado pelo médico é de que a dose alcoólica utilizada na pesquisa não foi grande, ou seja, não poderia ser comparada com uma noite de bebedeira. Isso porque os voluntários somente tomaram duas doses de bebida e outros cenários não foram testados.
Além disso, Correia apontou que a "relação do seu corpo com o álcool é muito pessoal. Então já começa a ficar estranho uma solução mágica possível para todo mundo, com a mesma quantidade".
Quem financiou a pesquisa da pílula?
Por fim, vale explicar que a pesquisa usada como justificativa par o uso do suplemento antirressaca não foi liderada por uma equipe completamente independente de cientistas. Inclusive, a questão é levantada pelo próprio artigo científico, no campo sobre conflitos de interesses. Um dos autores do estudo é Johan de Faire, que também é um dos fundadores e acionistas da empresa De Faire Medical. Além disso, um outro pesquisador recebeu uma bolsa de pesquisa para integrar o projeto.
Neste sentido, mais estudos são necessários para concluir a eficácia da pílula antirressaca, o que também deve incluir grupos maiores de voluntários e maiores doses de ingestão de álcool. No futuro, a solução pode se mostrar verdadeiramente eficaz contra os efeitos indesejados da bebedeira.
Fonte: Nutrition and Metabolic Insights e CBN
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