Após aporte de Jeff Bezos, Stark Bank lança sistema de infraestrutura para empresas

Batizado de Stark Infra, produto foi desenhado pela própria startup e agrega Pix e cartões de crédito

29 jun 2022 - 05h10

O Stark Bank quer seguir como o "herói" dos pagamentos para outras empresas. Após levantar US$ 45 milhões em abril passado, a startup brasileira anuncia nesta quarta-feira, 29, um novo serviço que expande o portfólio da companhia: uma nova infraestrutura de finanças desenhada em casa, a Stark Infra, que permaneceu em uso interno por 8 meses até o lançamento atual.

O serviço irá permitir que empresas se pluguem ao Stark Bank (por meio de conjunto de códigos compartilháveis, as APIs) para usufruir de estrutura de pagamentos, sem que essas companhias se tornem fintechs ou bancos. A Stark Infra cuida dos requisitos junto ao Banco Central, que já regulamentou a startup para operar no Pix. Na prática, isso significa que todas as funcionalidades do sistema de pagamentos instantâneos estará disponível para ser utilizado pelos clientes do novo serviço.

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Até então, o Stark Bank oferecia a emissão de cartões para essas empresas, que podem escolher como pretendem usar o produto ao ter diversas opções de ajustes para melhor controle de planilha dos funcionários. A startup promete que o cartão virtual fique pronto em até 2 dias após o pedido, para alguns casos.

O produto é todo desenhado pelo próprio Stark Bank, que colocou o time de desenvolvedores da startup para criar do zero a infraestrutura — algo raro nas fintechs, mas tratado como a "assinatura" da startup brasileira.

"Todo produto que a gente faz é consumido internamente primeiro. É da nossa cultura", explica ao Estadão o presidente executivo Rafael Stark, que emprestou o sobrenome para a própria startup. "Ao fazer com que nossos programadores usem nossos produtos, conseguimos sentir as dores que os clientes sentiriam. Isso permite que possamos fazer ajustes e correções mais rapidamente, além de ter um produto de melhor qualidade."

Apesar dessa obsessão por desenvolver tudo em casa, Stark reconhece que fica difícil criar novas soluções rapidamente para atender a demandas urgentes do mercado: criar um software do zero é muito mais difícil do que se juntar a outra fintech e disponibilizar o produto na semana seguinte, acertando correções ao longo do caminho: "É uma faca de dois gumes", diz.

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Para ele, porém, essa estratégia de pensar, desenhar e depois lançar sob demanda é uma vantagem competitiva neste momento em que as startups estão operando com dificuldades em meio à escassez de capital — é a tal da racionalidade que vêm pregando os agentes do mercado de inovação nestes tempos de crise. "Estamos em uma situação confortável, porque estamos muito capitalizados e porque sempre operamos com enorme eficiência", explica Stark, afirmando que a startup já tem lucro líquido milionário mensal. "Enquato os rivais buscam eficiência operacional e lucro, já temos isso."

Time de heróis

O anúncio da Stark Infra vem dois meses depois de a fintech levantar uma rodada de US$ 45 milhões que, entre fundos de investimento de peso como Ribbit Capital, contou com a participação do bilionário e fundador da Amazon, Jeff Bezos — por meio do braço Bezos Expeditions, essa se tornou a primeira vez que o fundo participa de um aporte no Brasil, tendo já aportado anteriormente no unicórnio chileno dos alimentos veganos NotCo.

A influência do segundo homem mais rico do mundo se faz presente na ambição da Stark Infra. O CEO da startup compara o novo produto de infraestrutura à Amazon Web Services, nascido em 2006 de dentro da gigante do varejo online para atuar como servidor próprio do e-commerce — aos poucos, a AWS começou a ser comercializada, popularizou a navegação em nuvem (que permitiu o nascimento de serviços de streaming, como Netflix e Spotify) e, hoje, é líder no segmento, à frente de Microsoft e Google.

"A Amazon não criou a AWS porque achava que era uma boa oportunidade, e sim para resolver uma dor própria", diz Stark. "Fazendo um paralelo, é por isso que estamos investindo na Stark Infra, porque já precisávamos nos conectar ao Banco Central, à Mastercard e a vários entes financeiros e regulados. Precisávamos de uma estrutura financeira de excelência que fosse robusta, escalável e eficiente para atender as nossas necessidades. E por que não abrir esse serviço para outras empresas que precisam?"

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