Patrocínio

Frio impede crescimento de células cancerígenas, diz estudo

Frio gerou absorção significativa de glicose pelo tecido adiposo marrom do corpo, o que retirou a glicose usada pelos tumores

9 ago 2022 - 14h33
Temperaturas mais frias ativam a gordura marrom, que produz mais calor no corpo e consome a glicose que alimenta tumores
Temperaturas mais frias ativam a gordura marrom, que produz mais calor no corpo e consome a glicose que alimenta tumores
Foto: Spencer Backman / Unsplash

Um estudo realizado em camundongos e conduzido por pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, indica que temperaturas mais frias podem dificultar o crescimento de tumores. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature na semana passada.

A inibição do crescimento das células cancerígenas acontece porque o frio ativa a gordura marrom — parte do tecido adiposo responsável pela produção de calor corporal. Esse calor consome a glicose que os tumores precisam para se replicar. Assim, a competição entre a gordura e o tumor pelos açúcares pode implicar no retardamento dos tumores.

Publicidade

Os pesquisadores compararam o ritmo de crescimento dessas células malignas e as taxas de sobrevivência de camundongos com diversos tipos de câncer (incluindo colorretal, de mama e de pâncreas) quando expostos a temperaturas mais quentes e mais frias. Os animais mantidos em ambientes a 4°C tiveram um crescimento de células cancerígenas mais lento e viveram quase o dobro do que aqueles mantidos em locais com temperatura de 30°C.

Por meio da análise de tecidos e de exames de imagem, foi possível descobrir que, nos camundongos expostos ao frio, as temperaturas mais frias desencadearam uma absorção significativa de glicose pelo tecido adiposo marrom. Ao mesmo tempo, foi detectada pouca glicose nas células cancerígenas — que, geralmente, necessitam de uma grande quantidade de açúcares para crescer.

Para comprovar os resultados, os pesquisadores removeram a gordura marrom de alguns dos animais. Consequentemente, a exposição ao frio não surtiu nenhum efeito benéfico — os tumores desses camundongos tiveram uma taxa de crescimento semelhante à daqueles expostos ao calor. O mesmo aconteceu com animais que foram alimentados com bebidas com alto teor de açúcar: com mais glicose no organismo, as baixas temperaturas não tiveram efeito sobre a redução do crescimento das células cancerígenas.

Isso sugere que “limitar o suprimento de glicose é provavelmente um dos mais importantes métodos para a supressão de tumores”, de acordo com Yihai Cao, professor do Departamento de Microbiologia, Tumores e Biologia Celular do Instituto Karolinska e um dos autores do estudo.

Publicidade

Possibilidade de tratamento em humanos

O estudo também testou a relevância dos resultados em sete voluntários humanos: um deles com câncer, fazendo quimioterapia, e os outros seis saudáveis. Uma série de tomografias mostrou uma quantidade significativa de gordura marrom ativada no pescoço, coluna e tórax dos adultos saudáveis. Eles usavam shorts e camisetas enquanto eram expostos a uma temperatura de 16°C, durante até seis horas por dia, ao longo de duas semanas.

Já o paciente com câncer ficou em uma sala com temperatura de 22°C por uma semana, usando roupas leves. Depois, esteve em uma sala com temperatura de 28°C por quatro dias. Os exames de imagem realizados nele indicaram que, enquanto esteve na temperatura mais baixa, houve aumento da gordura marrom e redução da captação de glicose pelo tumor em comparação ao período exposto à temperatura mais alta.

“Essas temperaturas são consideradas toleráveis pela maioria das pessoas”, afirma Cao. "Estamos, portanto, otimistas de que a terapia fria e a ativação do tecido adiposo marrom com outras abordagens, como medicamentos, possam representar outra ferramenta no tratamento do câncer”, declara, ressaltando que a possibilidade precisa ser validada em estudos clínicos maiores. 

Fonte: Redação Byte
TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se