Desde os primeiros relatos de casos do coronavírus SARS-CoV-2 no final de 2019, a ciência já aprendeu muito sobre o comportamento da doença. Agora, uma equipe de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) descobriu o porquê de alguns pacientes não conseguirem se recuperar da covid-19 e morrerem em decorrência do descontrole do sistema imunológico.
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Publicado na plataforma MedRxiv, o preprint — estudo que não passou por revisão de pares — focou naqueles pacientes que são internados na UTI, precisam de ventilação mecânica e desenvolvem fibrose pulmonar. Mesmo quando conseguem eliminar o vírus da covid do organismo, um grupo destes indivíduos continua a sofrer com os efeitos do sistema imunológico hiperativado.
O que acontece nos quadros fatais da covid-19?
No nível molecular desses pacientesd, a infecção ativa um mecanismo inflamatório conhecido como inflamassoma. O curioso é que, além de ser mais intenso neste grupo, ele nem sempre é desativado. Com isso, o próprio sistema imunológico do paciente provoca uma inflamação que se espalha pelo organismo, onde o corpo ataca a si próprio. Este fenômeno é conhecido como tempestade de citocinas.
"Neste estudo pudemos confirmar que o inflamassoma, responsável pela resposta imunológica excessiva [tempestade de citocinas] e que resulta em alta mortalidade, não é desativado. Isso explica alguns casos fatais da covid-19", detalha Dario Zamboni, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e coordenador do estudo, para a Agência Fapesp.
O que é um inflamassoma?
O inflamassoma é um complexo proteico que está presente no interior das células de defesa do organismo. Quando são acionados, as moléculas pró-inflamatórias — também conhecidas como citocinas — passam a ser produzidas para avisar o sistema imune sobre a necessidade de enviar mais células de defesa ao local da infecção.
Em determinado momento do descontrole, o corpo enxerga ele próprio como inimigo e passa a atacar também células saudáveis. Somado ao quadro da covid-19, alguns pacientes podem não resistir, como foi observado ao longo da pandemia da covid-19.
"Esse novo estudo mostra a existência de dois grupos de pacientes com casos graves de covid-19, sendo que um deles não consegue promover a desativação do inflamassoma e do processo inflamatório, mesmo depois de ter cessado a replicação viral. Entender esse processo é fundamental não só para a covid-19, mas para diversas doenças inflamatórias", aponta Zamboni.
Aqui, é importante destacar que o inflamassoma está associado à covid-19, mas pode também ser observado em alguns casos graves de gripe (influenza), zika, chikungunya e de doenças autoimunizes. Agora, o objetivo dos cientistas é desenvolver novas opções de tratamento para estes quadros.
Fonte: MedRxiv e Agência Fapesp
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