Os recados do novo relatório da ONU sobre a alta de emissão de metano, o gás do arroto do boi

Análise mostra que redução dificilmente alcançara os 30% previstos para 2030, embora soluções já estejam disponíveis

17 nov 2025 - 15h10

As emissões globais de metano continuam aumentando e, dificilmente, a meta de corte de 30% até 2030 em relação aos números de 2020, será alcançada, conforme o Global Methane Status Report, da Organização das Nações Unidas. O relatório foi lançado nesta segunda-feira, 17, em Belém, durante a Cúpula do Clima da ONU, a COP-30.

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O metano é um dos principais gases do efeito estufa - responsável por pelo menos um terço do atual aquecimento do planeta. A agropecuária é um dos maiores emissores, já que o arroto do boi é uma das origens desse poluente.

Segundo o novo relatório, produzido pelo Programa de Meio Ambiente da ONU e pela Coalizão para o Clima e o Ar Limpo, embora as emissões tenham aumentado de 300 milhões de toneladas, em 2000, para 352 milhões de toneladas em 2020, alguns avanços foram feitos nos últimos cinco anos.

As emissões projetadas para 2030 (de acordo com a legislação atual) já são mais baixas do que projeções anteriores, por conta de novas políticas nacionais, regulações setoriais e mudanças no mercado.

"Reduzir as emissões de metano é um dos mais passos mais eficientes que podemos tomar para retardar a crise climática e, ao mesmo tempo, proteger a saúde humana", afirmou o subsecretário-geral do Programa de Meio Ambiente da ONU, Inger Andersen, na divulgação do relatório.

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"Reduzir as emissões de metano também reduzirá as perdas na agricultura, essenciais para a produtividade agrícola e também para a segurança alimentar. Eestamos comprometidos a ajudar os países a transformar ambições em ações."

Se as atuais promessas forem cumpridas, a redução até 2030 seria de 8% em relação aos níveis de 2020 - muito abaixo da meta (de 30%), mas, ainda assim, uma das maiores reduções registradas, segundo a ONU. As reduções alcançadas com algumas medidas vêm sendo compensadas pelo aumento da produção de combustíveis fósseis, a alta da demanda por carne e laticínios, e a geração de lixo orgânico.

O levantamento sustenta que as políticas, tecnologias e parcerias necessárias para que a meta seja alcançada já estão disponíveis a custos baixos, mas precisariam ser adotadas com mais rapidez nos setores de produção de energia, agricultura e gestão de resíduos. Os especialistas também fizeram um apelo aos governos para maior transparência em suas promessas e ações.

O relatório mostra ainda que 72% das potenciais reduções de emissões de metano estão nos países do G20+ (grupo das 20 maiores economias, que inclui o Brasil), onde as emissões poderiam ser reduzidas em até 36% até 2030, em relação aos valores de 2020.

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"Em diferentes setores da economia, em diversos continentes, países e empresas estão provando que as reduções de metano são factíveis e se traduzem em um ar mais limpo, economias mais fortes e um clima mais seguro", afirmou o comissário europeu para Energia, Dan Jorgensen.

"Nossa tarefa agora é escalar mais rapidamente essas soluções, trabalhando juntos para manter o aumento da temperatura em 1,5ºC e alcançarmos um futuro mais saudável para a população e o planeta."

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