Rover Curiosity completa 10 anos de exploração de Marte

Projetado para funcionar por apenas 2 anos, Curiosity está há uma década nos ajudando a entender as condições atuais e passadas no planeta vermelho

5 ago 2022 - 17h45
(atualizado às 19h27)

Nesta sexta-feira (5), o rover Curiosity celebra seu aniversário de 10 anos de seu pouso na cratera Gale, em Marte. O explorador robótico foi enviado ao Planeta Vermelho com o objetivo primário de descobrir se o planeta teve ou não condições de abrigar vida no passado e, desde então, proporcionou enormes avanços na compreensão do nosso vizinho.

O rover foi lançado em 26 de novembro de 2011 e, chegou ao planeta após mais de oito meses de viagem. Ele faz parte da missão Mars Science Laboratory, durante a qual a NASA testou um novo método de pouso (que foi aplicado novamente no pouso do rover Perseverance) ao encarar o desafio de descê-lo ao interior da cratera Gale, um local seco e desolado ao sul do equador marciano. Inicialmente, a missão original do Curiosity deveria durar apenas dois anos terrestres.

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Foto: NASA / Canaltech

Passado tanto tempo, o rover segue relativamente em bom estado e em condições de seguir suas atividades. "Temos um pouco de artrite, algumas dores nas articulações", brincou Abigail Fraeman, cientista-adjunta de projeto do Curiosity. "O que é mais impressionante para mim é que todos os instrumentos científicos estão, basicamente, funcionando tão bem quanto estavam quando pousamos", comemorou ela.

Fraeman explica que a investigação da possível habitabilidade de Marte exigia descobrir, primeiro, a presença de moléculas orgânicas e fontes de energia. "Descobrimos que tudo isso estava lá", disse ela. "Soubemos que, primeiro, Marte era habitável, e segundo, que estes ambientes habitáveis persistiram por milhões de anos", disse. Ao longo de sua missão, o rover observou moléculas com carbono e hidrogênio, presentes em rochas sedimentares na região da cratera.

Para encontrar as assinaturas de habitabilidade, o Curiosity foi enviado ao planeta equipado com um verdadeiro arsenal de ferramentas para perfurar a superfície marciana. Ele conta também com instrumentos de análises dos materiais obtidos, como o Sample Analysis at Mars (SAM) e o Chemistry and Mineralogy (CheMin).

Proporcionadas por uma década de exploração do planeta, as descobertas do Curiosity foram muito além dos blocos construtores da vida. "Um dos tipos de ciência que não é muito mencionado, mas é muito importante e muito interessante, é a ciência ambiental que estivemos conduzindo", explicou.

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Abaixo, relembre algumas grandes descobertas do Curiosity:

Compostos orgânicos em Marte

O instrumento SAM descobriu moléculas orgânicas (aquelas com carbono) em amostras de rochas coletadas na cratera Gale, que podem formar blocos construtores e até "alimentos" para a vida. Por isso, a presença destes compostos em Marte sugere que o planeta já teve condições de abrigar seres vivos.

É importante lembrar, contudo, que os isótopos encontrados pelo SAM após análises do dióxido de carbono e até no metano são consistentes com atividade biológica antiga, mas também podem ser explicados sem relação com seres vivos. Ou seja, ainda não podemos dizer com certeza se Marte foi, ou não, habitado no passado.

O mistério do metano

Com o instrumento Tunable Laser Spectrometer, do SAM, os cientistas descobriram flutuações na quantidade de metano atmosférico próximo da superfície, ou seja, onde o rover coleta as amostras. Para deixar o cenário ainda mais misterioso, o Curiosity consegue detectar o gás acima da superfície, mas a sonda Trace Gas Orbiter, da Agência Espacial Europeia, não encontrou vestígios dele a altas altitudes na atmosfera.

O Curiosity não está equipado para determinar se o metano tem origem biológica, e os cientistas seguem tentando descobrir se as origens do gás — e o porquê de alguns instrumentos conseguirem detectá-lo e outros não.

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O passado do planeta

Com o SAM, os cientistas do Curiosity descobriram que a matéria-prima das rochas ao redor da cratera Gale foi formada há cerca de 4 bilhões de anos e, depois, viajou até a região conhecida como Yellowknife Bay na forma de sedimentos. "Ali, ela foi enterrada, e se transformou em rochas sedimentares", disse Amy McAdam, investigadora adjunta principal do instrumento.

O instrumento ajudou a esclarecer um pouco mais sobre o que aconteceu com a água marciana e como ela foi perdida: os resultados de um experimento conduzido pelo SAM e por outro instrumento sugerem que, embora grande parte da superfície de Marte estivesse ficando seca, parte da água líquida continuou existindo sob a superfície da cratera. Na prática, isso estende o período de habitabilidade para microrganismos que possam ter existido.

Fonte: NASA, Space.com, Astronomy

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