Empreendedores colombianos revolucionam cozinha com gastronomia consciente
Cozinhar com prazer e consciência é a serenidade de um grupo de jovens empreendedores colombianos que procura revolucionar o conceito da gastronomia de alto nível com uma proposta que, além do negócio, gere valor para a sociedade.
A inspiração para esta iniciativa parte das ideias do Prêmio Nobel da Paz de 2006, o bengali Mohamed Yunus, conhecido como o banqueiro dos pobres, e do britânico Richard Barrett, teórico da evolução dos valores humanos nas organizações e na sociedade, explicou à Agência Efe Nicolás Gutiérrez, um dos sócios.
O processo começa em uma fazenda da localidade de Llanogrande, nos arredores de Medellín, onde são cultivados legumes e hortaliças para abastecer a cozinha da Olivia Consciente, uma pizzaria que tem como base os ingredientes orgânicos.
Na fazenda de nove hectares, camponeses da região semeiam e colhem diferentes variedades de alface, alcachofras, couves, alfavaca, tomilho e tomates que vão direto para a cozinha de Olivia em um processo 100% natural no qual não há espaço para produtos químicos nem agrotóxicos, nem sequer para os fertilizantes, porque tudo é feito continuando as regras da natureza.
"Os produtos que colhemos daqui são totalmente saudáveis para nossos clientes", explicou Santiago Londoño Valencia, engenheiro agrônomo que dirige a fazenda, onde ele mesmo prepara fertilizantes naturais a partir do que chama "os três Ms": matéria orgânica, micro-organismos e minerais.
Para espantar possíveis pragas recorrem à alelopatia, fenômeno biológico no qual um organismo produz bioquímicos que influem no crescimento de outros organismos.
Desta forma, nos cultivos de legumes e hortaliças intercalam plantas aromáticas como o tabaco, a menta e o alecrim, que por seu aroma ajudam a repelir insetos.
"A natureza está à disposição dos agricultores, a única coisa que temos que fazer é cuidar dela", acrescentou Londoño.
A Olivia Consciente produz, além disso, em uma propriedade do departamento caribenho de Córdoba o queijo usado nos pratos, e também elaboram os acompanhamentos, como a massa de tomate, o azeite de coco e o molho vinagrete de limão marroquino.
O que necessariamente deve ser comprado de fornecedores é feito daqueles que têm boas práticas sociais e ambientais, como uma maneira de apoiar camponeses e pequenos empresários locais.
Gutiérrez explicou que desde que começaram como empreendedores no negócio dos restaurantes o fizeram com a ideia "de gerar valor para a sociedade e de buscar esse caminho de satisfação pessoal".
"Nessa pesquisa fomos encontrando pessoas que nos ajudaram a quebrar os paradigmas, como Mohamed Yunus, com empresas sociais, como o banco dos pobres, e Richard Barrett, que fala das organizações conscientes, e então aí começamos nosso caminho, isso foi há oito anos", disse Gutiérrez, também gerente do restaurante.
Segundo afirmou, depois de estudar esses autores, concluíram que em um negócio "o ser é prioritário" e a partir dessa ideia desenvolveram uma organização na qual os cultivos orgânicos, que prefere chamar de "ancestrais", são apenas uma parte.
"Acreditamos que o empresário deve gerar conforto social e que o caminho para a satisfação e para a transformação pessoal parte do bem ser, para o bem fazer, para o bem estar e para o bem ter", disse.
Por isso, na Olivia Consciente tudo se faz com o objetivo focado em quatro frentes: a gestão humana, a cadeia alimentícia, a responsabilidade ambiental e a transmissão de sua serenidade aos clientes.
Tudo isto se reflete em um menu que inclui, para além das pizzas, uma rica variedade de sopas, entradas, tigelas de salada, massas e pratos especiais de frango, salmão e mariscos, e uma variedade de sobremesas.
"Olivia Consciente é uma visão de comida saudável desde um ponto de vista nutritivo e muito rico", afirmou Gutiérrez, acrescentando que "tudo de alguma maneira está alinhado e é coerente com o que estamos mostrando e queremos ver como serenidade de vida".
