Saiba como é o cotidiano em um cruzeiro de luxo

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Naila Okita/Terra

É impossível não se impressionar com a grandiosidade do MSC Musica do lado de fora

Domingo, dia 29 de novembro

Final da tarde – Chegamos ao porto de Santos. O tempo parece que vai ajudar, está um calor terrível! Mas é só entrar na ala de embarque do porto que logo é preciso tirar a blusa da mala – alguém, por favor, pode desligar o ar condicionado?

No check in, a primeira surpresa: o atendente me pergunta “você vai pagar os gastos extras com dólar ou cartão de crédito?”. Oi? Como assim, não aceita real, cartão de débito? “Não”. Com a maior pose de quem está sob o controle da situação eu respondo “então crédito”, mesmo sabendo que não tenho um centavo de dólar sequer, e não desbloqueei a função crédito. Ou seja, não posso gastar um tostão.

Passado o primeiro susto, vemos o navio aportado. É uma visão magnífica! Nunca poderia imaginar que ele fosse tão grande. Dizer que o MSC Musica tem 53,10 m de altura, 32,20 de largura e 293,80 m de comprimento não prepara ninguém para ficar cara a cara com esse navio de fabricação francesa. Aparentemente eu não era a única deslumbrada, porque todos estavam mais preocupados em tirar fotos do que em entrar para ver como o navio era por dentro, para desespero dos atendentes que, a todo custo, pediam para continuarmos andando.

Recuperados da primeira impressão majestosa, hora de embarcar. Impossível sentir todo o glamour do momento no meio de dezenas de pessoas tão perdidas quanto você: afinal, onde é minha cabine e como eu chego lá? São tantos corredores, 16 decks (andares) andares para se perder, mais de 1,2 mil cabines, que parece impossível, à primeira vista, descobrir para onde ir.

Superado mais esse desafio, dou uma olhada na minha cabine. Grande, cama confortável, banheiro mínimo mas funcional (deixe os ambientes amplos e “exagerados” para os lounges, os restaurantes e o teatro). Ah, e a varanda! Corro para ver o mar e descubro que estou com vista para o porto. Quem sabe mais tarde.

No jantar, a segunda surpresa: homem não pode entrar de bermuda. Fico um pouco preocupada novamente, começo a achar que as roupas que eu levei não estão à altura do lugar. E se não me deixarem entrar porque minha regata listrada é da Hering? Mas no final o maitre abre uma exceção e o nosso grupo de jornalistas senta-se confortavelmente em duas mesas exclusivas, num restaurante aberto somente para nós. De repente, sinto-me alta sociedade apesar do jeans de mais de 10 anos.

Um tempo depois, estava eu calmamente saboreando o delicioso jantar quando alguém fala “olha, estamos andando”. Pânico de novo. Eu não podia, não podia e não podia ficar enjoada, imaginem o papelão! Munida de uma cartela inteira de remédios contra enjôo, estava a postos caso o pior acontecesse. A primeira sensação é muito esquisita: você sente o chão tremer, vê nas taças a água balançar e sente uma leve tontura. Alguns segundos depois, não há dúvidas: você está sutilmente balançando de um lado para o outro. A boa notícia é que todos ao seu redor também estão, portanto sua cara de desconforto não causa tanto estranhamento.

Se acostumar a andar pelos corredores e perder o equilíbrio é fácil – uma hora você simplesmente para de se incomodar e ri da situação. Enquanto isso não acontecia, eu me recolhi na cabine imaginando se a viagem toda seria assim (e foi).

Primeira noite em um dos maiores navios do mundo, e eu deitada na cama? Definitivamente eu deveria subir no deck 13 para ver o que estava rolando nas duas piscinas. Acho que todos estavam cansados e resolveram se recolher cedo, então fiquei por lá caminhando, apenas para observar. E que venha o dia de amanhã!

A repórter Naila Okita viajou a convite da MSC Cruzeiros

Terra

Textos e Fotos: Naila Okita - Arte: Domênico Citrângulo (Arte/Terra)