Pesquisadores norte-americanos disseram que homens que vivem no campo têm contagens de espermatozóides mais baixas do que aqueles que moram nas grandes cidades. A descoberta esquenta a discussão sobre a possibilidade de substâncias químicas e outros fatores ambientais influenciarem o desenvolvimento sexual.De acordo com o estudo divulgado na segunda-feira, os homens de áreas rurais do Estado de Missouri tinham contagens de espermatozóides mais baixas do que aqueles de Nova York, Minneapolis e Los Angeles.
A nova pesquisa soma-se a uma série de outras que apresentaram resultados conflitantes sobre a possibilidade de a contagem de espermatozóides ser afetada pelo local onde vive o homem e os tipos de fatores a que ele está exposto.
"Descobrimos que os homens da Colúmbia, em Missouri, que é uma comunidade agrícola, têm densidade e motilidade de espermatozóides significativamente mais baixas em comparação a três centros urbanos analisados", disse Shanna Swan, que liderou o estudo.
Swan, epidemiologista da Universidade de Missouri, em Colúmbia, acredita que substâncias químicas usadas na agricultura podem ser responsáveis pelo problema.
"Muitas substâncias agrícolas são usadas aqui e são conhecidas por contaminar a água potável", afirmou ela.
De acordo com o estudo publicado na edição de dezembro da revista Environmental Health Perspectives, Swan e colegas de todo o país analisaram 512 casais recebendo atendimento pré-natal em hospitais. Eles entrevistaram os homens e colheram amostras de sangue e sêmen.
A qualidade do sêmen foi igualmente alta em Minneapolis e Nova York, e um pouco menor em Los Angeles. Os homens de Colúmbia, em Missouri, tiveram contagem e qualidade de espermatozóides significativamente mais baixas do que as dos participantes das três cidades.
Agora, a equipe está buscando pistas no sangue dos participantes. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA estão avaliando o sangue para substâncias químicas, a fim de verificar se existem diferenças entre os homens da cidade e do campo.
ESTRESSE PODE SER UM FATOR
Os cientistas também vão examinar os níveis hormonais. Além das substâncias químicas, o estresse é outro fator que poderia afetar os espermatozóides, de acordo com Swan. "Em outros estudo analisando o estresse, a única coisa associada à qualidade dos espermatozóides foi a perda -- a morte de um parente próximo ou o divórcio", afirmou ela.
"Uma hipótese é que a densidade da população pode estar aumentando a qualidade do sêmen. Há algumas indicações de que, em algumas espécies animais muito populosas, os machos dominantes ficam mais férteis."
O mais convincente para Swan são dados que mostram que certas substâncias químicas podem alterar a forma como os hormônios atuam no corpo. Entre elas estão pesticidas como DDT e substâncias industriais como os PCBs. Esses compostos são considerados responsáveis por anomalias genitais em animais como sapos e crocodilos.
Temores de que humanos poderiam estar sofrendo efeitos similares, mas mais sutis, surgiram em 1992. Nesse ano, Niels Skakkebaek e colegas da Universidade de Copenhague afirmaram que contagens de espermatozóides estavam caindo em todo o mundo.