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Testosterona no sangue é ligada à preservação da memória
Segunda, 04 de novembro de 2002, 19h42

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Homens mais velhos que têm níveis relativamente altos de testosterona no sangue tendem a apresentar melhores resultados em testes de memória e em outros aspectos da função mental, de acordo com um novo estudo. Pesquisadores verificaram uma ligação entre a função mental e os níveis de testosterona livre no sangue, uma forma do hormônio sexual masculino que não está ligada a uma proteína.

A principal autora do estudo, Susan Resnick, do Instituto Nacional de Envelhecimento, em Baltimore (Maryland), afirmou à Reuters Health que não sabe se é a própria testosterona que ajuda os homens a manter parte das habilidades mentais na idade avançada ou se o hormônio é convertido em estrogênio no cérebro e o hormônio feminino é que estimula a função mental.

Independentemente da explicação, a cientista disse que qualquer tratamento baseado no aumento dos níveis de testosterona para melhorar a memória ainda vai demorar para chegar ao mercado - se é que um dia vai realmente chegar.

De acordo com uma pesquisa anterior, a testosterona pode aumentar o risco de um homem sofrer um derrame, afirmou Resnick. E taxas mais altas do hormônio masculino podem até elevar o risco de câncer de próstata.

Para ela, as evidências recentes de que a terapia de reposição hormonal em mulheres na pós-menopausa pode ser mais prejudicial do que benéfica são uma lição para todos os cientistas de que estudos sobre tratamentos hormonais devem prosseguir com cautela. Os benefícios e riscos devem ser esclarecidos antes que os hormônios possam ser usados para terapia, explicou ela.

Essa não é a primeira pesquisa a verificar uma ligação entre os níveis sanguíneos de testosterona livre e a memória em homens idosos. Um estudo demonstrou que homens que receberam uma injeção semanal do hormônio sexual masculino pareceram apresentar melhoras na percepção espacial e na memória verbal.

Outro estudo com roedores descobriu que as células nervosas expostas à testosterona tendiam a produzir uma forma benigna ou benéfica de uma proteína particular, que está presente em uma forma prejudicial no cérebro de pacientes com doença de Alzheimer.

Na nova pesquisa, publicada na edição de novembro do Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, Resnick e colegas mediram os níveis de hormônio livre e ligado à proteína em 417 homens entre 50 e 91 anos. A equipe continuou avaliando os níveis hormonais dos participantes durante dez anos e também administrou testes repetidos para medir aspectos diferentes da função mental.

Os cientistas verificaram que os homens com níveis mais altos de testosterona livre do que a média tiveram melhores resultados em certos testes de função mental, mas não em todos.

Especificamente, os pacientes com níveis mais elevados de hormônios masculinos obtiveram notas mais altas nos testes de memória visual e verbal, quando repetiram listas de palavras ou desenharam uma imagem que viram antes. Eles também se saíram melhor em testes espaciais com formas. Em entrevista à Reuters Health, Resnick explicou que apenas a forma de testosterona livre, e não aquela ligada à proteína, pode chegar ao cérebro, onde produz efeitos na memória.

Não se sabe como os hormônios influenciam a memória, de acordo com Resnick. No entanto, estudos anteriores demonstraram que os hormônios podem afetar a quantidade de sangue circulante no cérebro, assim como a atividade das células nervosas.

A pesquisadora destacou que as pessoas não devem usar a testosterona para prevenir a decadência mental na idade avançada. "Não recomendamos que as pessoas comprem o hormônio", disse ela.

Reuters Health

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