Os pais que perderam um filho sofrem maiores riscos de morrer prematuramente, indica uma pesquisa dinamarquesa publicada pela revista médica britânica The Lancet.Ao longo de um período de mais de 15 anos, de 1980 a 1996, os cientistas compararam a mortalidade entre 21.062 pessoas que perderam um filho antes que ele completasse 18 anos e 293.745 pais que não viveram esse luto.
No caso das mães, o risco de morrer nos dezoito anos que se seguem ao falecimento do filho supera em aproximadamente 40% o das mães que nunca perderam um filho, observou a equipe de epidemiólogos dirigida pelo dr. Jorn Olsen, da Universidade de Aaarhus, Copenhague.
Os primeiros anos sucessivos à morte de um filho constituem o período de maior risco, com uma taxa de mortalidade entre as mães em luto que chega quase a quadruplicar.
Os pais são aparentemente menos afetados, mas, no entanto, se registra uma progressão da mortalidade nos três anos que se seguem ao falecimento do filho.
O risco de morte prematura é mais alto quando o falecimento do filho é inesperado ou de natureza violenta (casos de morte acidental ou suicídio, por exemplo) do que quando é previsível por razões médicas (como as mortes por doenças congênitas, cânceres, etc), em particular entre as mães.
O estresse psicológico ligado à morte de um filho aumenta o risco de depressão e de acidentes fatais, como também tem repercussões na saúde física da pessoa, afetando, entre outras coisas, seu sistema imunológico e seu equilíbrio hormonal, o que torna o organismo mais vulnerável ao câncer, às enfermidades do coração e a outros transtornos a longo prazo.
"O estresse afeta também a maneira de viver. Por exemplo, quando leva a pessoa a aumentar o consumo de álcool ou cigarros, a alterar os costumes alimentares e diminuir o exercício físico, entre outros tantos fatores que poderão aumentar os riscos de mortalidade natural ou acidental", acrescentam os autores da pesquisa.