O que é o diabetes?

Popularmente chamada de "açúcar no sangue", o
diabetes é a elevação da glicose na corrente
sanguínea, de acordo com a Sociedade Brasileira de
Diabetes. O sistema funciona da seguinte forma: os
alimentos são digeridos e se transformam em glicose,
absorvida para o sangue. Ela é usada como energia
pelos tecidos a partir da insulina, uma substância
produzida pelo pâncreas. Quando há uma falha nesse
sistema, surge o diabetes. "O diabetes é uma
alteração no funcionamento pancreático, na liberação
ou na ação da insulina nos tecidos", explica o
presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes,
Balduino Tschiedel.

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Fome, sede e até fungos
fazem parte dos sintomas

Cada tipo de diabetes tem os seus sintomas
característicos. O mais comum, do tipo 2, pode ser
percebido até via fungos que persistem na pele e por
coceira no corpo, mas é mais comumente
diagnosticado por exames de rotina para medir a
glicose no sangue. Já o de tipo 1 é percebido através
da manifestação aguda de sintomas como sede
excessiva, muita fome e emagrecimento. Em 80% dos
casos, o diagnóstico é feito nos primeiros 20 anos de
vida. Há outros tipos de diabetes, mas os sintomas se
dividem entre quem tem problemas na ação da
insulina (como no tipo 2) e quem tem problemas na
produção da substância (como no tipo 1). Cada caso
vai ter sintomas semelhantes aos apresentados pelos
pacientes dessas duas variações.

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Diabetes tipo 1 é
autoimune

A imagem da criancinha medindo a glicose e tomando
sua dose diária de insulina é o retrato do diabetes de
tipo 1. Também chamada de infanto-juvenil ou
insulinodependente, é uma doença autoimune, ou
seja, se caracteriza pela destruição pelo próprio corpo
das células produtoras de insulina, como se elas
fossem uma ameaça ao organismo. Como outros
males com a mesma característica, a razão desse
"fogo amigo" é desconhecida, mas tem origem
genética. Entre 5 e 10% dos diabéticos têm a doença
do tipo 1, que é diagnosticada nos primeiros anos de
vida. É preciso tomar as injeções diárias de insulina
para que a absorção da glicose seja feita do jeito
certo pelo organismo.

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Diabetes tipo 2 é o
mais comum

Obesidade, sedentarismo e um pouco de genética
desfavorável formam o cenário ideal para desenvolver
o diabetes do tipo 2. Bem mais comum, a doença
representa entre 90% e 95% dos casos da síndrome.
É mais comum de acontecer após os 30 anos - por
isso, também é conhecido como o diabetes do adulto -
e aparece em quem tem propensão genética, ou seja:
o estilo de vida é que vai determinar se essa
propensão vai se transformar na doença. Neste caso,
há a produção da insulina pelo pâncreas. No entanto,
a gordura acumulada prejudica a absorção dessa
insulina - células de músculos, gordura e do fígado se
tornam resistentes à substância. Os sintomas do
diabetes do tipo 2 não são facilmente identificáveis -
então, a doença é detectada através de exames de
sangue.

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É preciso cuidado com
o diabetes na gravidez

Os superbebês, que nascem com 4, 5 e até 6 quilos
podem ter travado uma bela batalha durante a
gravidez da mãe. A diabetes gestacional é aquela que
se desenvolve durante a gravidez, geralmente após a
24ª semana. Normalmente, grávidas que adquirem
muito peso durante a gestação acabam por
desenvolver esse tipo de diabetes. Os hormônios
produzidos pela placenta agem para uma maior
absorção da glicose e, assim, atrapalham a ação da
insulina. Se a mãe não recebe o tratamento
adequado, os bebês já nascem com glicose alterada.
Para a prevenção é muito importante que se façam
exames de pré-natal para avaliar alguma
predisposição. O tratamento é feito como no diabetes
tipo 2, com exercício físico - recomendado com a
aprovação do obstetra - e cuidado na alimentação.
Depois do parto, o diabetes regride, mas tanto a mãe
quanto o bebê são fortes candidatos a desenvolver
diabetes do tipo 2.

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LADA surge a partir
dos 35 anos

O Diabetes Autoimune Latente do Adulto (LADA, sigla
em inglês) tem características bem parecidas com as
do tipo 2, mas é autoimune, como o tipo 1, por isso é
considerado o aparecimento tardio do diabetes
infanto-juvenil. O LADA aparece em pacientes entre
35 e 60 anos, magros e com cetose (quando o
pâncreas transforma gorduras em corpos cetônicos,
usados pelo corpo como energia), segundo
informações da Sociedade Brasileira de Diabetes. A
origem é genética, mas também há influência do estilo
de vida. Pelo menos 12% dos casos de diabetes são
deste tipo.

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De pai para filho: é o
diabetes do tipo Mody

O Maturity-Onset Diabetes of the Young (Mody) é o
único tipo de diabetes que é monogênico autossômico
dominante, ou seja, provocado por um gene
específico. Aparece em todas as gerações de uma
família, em cerca de 50% dos membros - as chances
de passar de pai para filho são de 50%. Nos outros
tipos de diabetes, a doença é provocada por várias
mutações genéticas e também por fatores ambientais,
como sedentarismo e má alimentação. Neste caso,
são fatores exclusivamente genéticos. Os diabéticos
Mody, no geral, não precisam de insulina. É uma
doença que se comporta mais como a diabetes de
tipo 2, o da maturidade, mas aparece na juventude.
Surge em cerca de 1% dos pacientes, é uma condição
rara e é tratada com medicamentos como os da
diabetes de tipo 2.

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O que é o pré-diabetes?

Um pré-diabético é aquele que apresenta fatores de
risco de desenvolver diabetes do tipo 2. Alguns
indícios observados nesses indivíduos podem
colocá-los na mira dessa doença no futuro e, portanto,
alguns cuidados devem ser tomados para a
precaução. O exame para identificar a pré-diabetes é
a dosagem de glicemia. Quando o resultado do exame
feito em jejum mínimo de oito horas encontra-se na
faixa entre 100 e 125mg/dl ou o de curva glicêmica no
teste de curva glicêmica está entre 140 e 199mg/dl,
está identificado o pré-diabetes. Outros fatores, se
associados, também podem indicar a condição, como
a idade acima de 45 anos, excesso de peso,
sedentarismo, pressão alta, alterações nas taxas de
colesterol e triglicérides ou histórico familiar. Mulheres
que tiveram filhos que nasceram pesando mais de 4
kg – geralmente associado ao diabetes gestacional –
ou portadoras de Síndrome dos Ovários Policísticos
também estão no grupo de risco e necessitam de
exame periódico. Nem todo o pré-diabético vai se
tornar diabético, mas a identificação dessa condição
prévia é um indício importante.

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Conheça outros
tipos de diabetes

Há diversos tipos de diabetes - divididos entre os que
são caracterizados por uma má absorção da insulina
e os que apresentam uma produção falha ou ausente
da substância. O diabetes pode ser consequência de
outras doenças - diabetes secundário -, como no caso
dos problemas em glândulas (tireoide, hipófise ou
suprarrenal), quando há tumores no sistema nervoso
ou em células do pâncreas ou por problemas no
próprio órgão causados por traumas - acidentes,
alcoolismo ou acumulação de ferro. Outro caso é a
Resistência Congênita ou Adquirida à Insulina,
condição herdada dos pais. Nesse, a insulina é
produzida em quantidade suficiente, mas não é
administrada pelo organismo por um defeito nas
células receptoras.

Algumas pessoas com diabetes do tipo 1 (cerca de
20%) apresentam também anticorpos às próprias
células de outras estruturas, como tireoide,
suprarrenal, mucosas do estômago, formação de
músculos e saliva. Quando isso acontece, há também
incidência de outras doenças, como vitiligo, perda de
cabelo, hepatite e candidíase. A má alimentação
extrema também pode causar diabetes, como no caso
de jovens de países tropicais que comam pouca
proteína e muitos alimentos com cianetos. Essa
combinação gera danos no pâncreas e,
consequentemente, prejudica a produção de insulina.
Outro tipo possível é o Relacionado à Anormalidade
da Insulina. Nesse caso, a substância é produzida,
mas não da maneira correta. O resultado é que essa
insulina "alterada" não cumpre bem seu papel e é
preciso injetar insulina artificial para suprir essa
necessidade.

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Nascemos com diabetes
ou adquirimos ao longo
da vida?

Para todos os tipos de diabetes há fatores genéticos,
mas nos tipos 2 e LADA, especialmente, o estilo de
vida é muito importante. Para os tipos 1 e Mody, que
se manifestam quando o paciente é ainda muito
jovem, a genética é, certamente, o fator mais
importante. Já no tipo 2, mais comum, os hábitos de
alimentação e gasto calórico são decisivos e a doença
se manifesta mais tardiamente, em geral, depois dos
30 anos.

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Como é feito o
diagnóstico?

Alguns exames podem identificar a existência de
diabetes ou pré-diabetes. Na glicemia de jejum
(mínimo de oito horas), qualquer resultado fora da
faixa entre 70mg/dl e 99mg/dl é considerado anormal.
Se estiver na faixa entre 100 e 125 MG/dl, o paciente
é considerado intolerante à glicose. O diabético é
aquele que por dois testes em dias diferentes
apresente resultado igual ou acima dos 126mg/dl. No
exame de glicose feito a qualquer hora do dia, sem
necessidade de jejum, o índice do diabético é aquele
acima de 200mg/dl se estiver associado com
sintomas. No teste de sobrecarga, quem tem diabetes
apresenta glicose igual ou acima dos 200mg/dl aos
120 minutos de exposição.

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