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Conheça as principais pesquisas com OGMs no Brasil

Adriano Floriani

 Divulgação/Embrapa
Além da soja resistente a herbicida, a Embrapa desenvolve variedade com anticorpos contra câncer
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Polêmicas à parte, o fato é que o Brasil desenvolve dezenas de pesquisas com plantas transgênicas. Instituições públicas e privadas estão empenhadas em promover transformações em diferentes espécies com importância socioeconômica para o País, como soja, alface, algodão, feijão, batata, tomate, mamão, milho e eucalipto. Nestas culturas estão sendo introduzidos genes que irão conferir características como resistência a pragas e doenças, tolerância a herbicidas, amadurecimento tardio de frutos, aumento do teor nutricional, entre outras.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que começou a investir em biotecnologia na década de 80, desenvolve a maior parte das pesquisas no País. Foi na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, localizada em Brasília (DF), que se estabeleceu a primeira equipe de pesquisadores realizando trabalhos em clonagem de genes e desenvolvimento de tecnologias para obtenção de plantas transgênicas. Hoje, vários laboratórios no Brasil estão trabalhando com plantas geneticamente modificadas, incluindo diferentes centros de pesquisa da Embrapa e universidades federais e estaduais, além de empresas privadas.

Conforme a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), há 114 instituições públicas credenciadas para trabalhos com organismos geneticamente modificados (OGMs) no Brasil. Do setor privado, são 75 empresas, além de duas cooperativas.

Alface

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia está investindo na produção de alface transgênico, contendo um gene para resistência a fungo. O gene foi isolado de um cogumelo comestível chamado Flamulina e que faz parte do banco de germoplasma da unidade. O objetivo é testar as variedades geneticamente modificadas contra a Sclerotinia, um fungo que causa a podridão do alface. O fungo é responsável ainda por uma doença conhecida como mofo branco, que ataca de forma bastante nociva o feijão, a soja, entre outras 60 culturas agrícolas.

A unidade também está desenvolvendo, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), uma planta-vacina transgênica para combater a leishmaniose, uma doença infecciosa causada pelo protozoário do gênero Leishmania. Essa tecnologia consiste na introdução do gene da proteína Lack (antígeno da leishmaniose) em plantas de alface e tem como objetivo fazer com que as pessoas se tornem imunes à enfermidade com a simples ingestão da hortaliça.

Feijão

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, já possui, desde 2000, plantas transgênicas de feijão para resistência ao vírus do mosaico dourado, considerado o pior inimigo da cultura na América do Sul. No Brasil, a doença está presente em todas as regiões, e se atingir a plantação ainda na fase inicial, pode causar perdas de até 100% na produção. Essas plantas foram transformadas por uma metodologia denominada transdominância letal, que consiste na introdução da replicase (proteína que replica o DNA viral) do vírus na planta. Só que antes de ser introduzida, a replicase recebe duas mutações: uma na região de ligação ao DNA e outra na região de corte.

Conforme o pesquisador Francisco Aragão, está sendo desenvolvida uma nova estratégia de transformação de feijão, através da interferência de RNA. A grande vantagem da nova técnica, segundo o pesquisador, é que não há introdução de proteínas nas plantas, o que suprime a necessidade de realização de testes de alergenicidade e toxicologia. Além disso, a tecnologia de RNA pode causar resistência de múltiplos espectros, tornando a planta resistente a outros vírus que atacam o feijão e a várias estirpes do mesmo vírus.

Batata

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com a Embrapa Hortaliças, Universidade Federal de Pelotas, o Instituto de Ingeniería Genética Y Biotecnologia (Ingeb, da Argentina), e o Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia, desenvolveram variedades transgênicas de batata resistentes aos vírus "Y" e PLRV, ou vírus do enrolamento das folhas, como é mais conhecido. O primeiro causa o enrugamento das folhas e mosaico. Já o segundo, como já diz o nome, provoca o enrolamento. Ambos têm como sintomas a redução do porte da planta e do tamanho das folhas e, quando estão juntos, são capazes de causar 100% de perdas na produção.

As plantas foram transformadas pela introdução do gene da capa protéica do vírus "Y" na batata de modo a torná-la resistente. Já foram, inclusive, testadas no campo. A técnica pode ser comparada a uma espécie de "vacina" genética.

Mamão

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, desenvolveu plantas transgênicas de mamão resistentes ao vírus da mancha anelar. O vírus é considerado o pior inimigo da cultura de mamão em nível mundial. Além de reduzir o tamanho das folhas, ele diminui também a capacidade de fotossíntese das plantas, levando à redução de seu crescimento e, conseqüentemente, a perdas significativas na produção.

No Brasil, o vírus da mancha anelar vem comprometendo seriamente a produção de mamão, especialmente das variedades mais consumidas em nível mundial: papaya e formosa, já que atinge as duas principais regiões produtoras do país: sul da Bahia e norte do Espírito Santo, responsáveis por 80% da produção nacional. As plantas foram transformadas através da introdução do gene da capa protéica do próprio vírus, como com a batata, e também já estão prontas para serem testadas no campo.

Tomate

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia está iniciando pesquisas de transformação genética para tornar o tomate resistente ao grupo dos geminivírus, uma das piores pragas dessa cultura e que tem inviabilizado o seu cultivo em várias regiões brasileiras. O gene já foi isolado e a pesquisa encontra-se na fase de construção de vetores.

Soja

Além das variedades de soja transgênica para resistência a herbicidas, que já estão desenvolvidas e prontas para serem testadas no campo, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com a Embrapa Soja, vem desenvolvendo outras pesquisas para a sua transformação genética. Uma delas, de aplicação para a saúde humana, é para expressar o hormônio do crescimento que, por ser muito caro, é pouco acessível à população.

O desenvolvimento de plantas transgênicas de soja com o hormônio poderá baratear sua produção. Além do hormônio de crescimento, a unidade está introduzindo também em plantas de soja, um gene de um anticorpo, que pode ser eficaz na prevenção de vários tipos de câncer. Os genes já foram inseridos e a equipe já tem sementes transformadas, que estão sendo aperfeiçoadas. Juntamente com a Universidade de Brasília (UnB), a Embrapa está também empenhada em produzir outras proteínas de interesse médico em plantas de leguminosas.

Soja sem fitato

Outra novidade da Embrapa em termos de soja transgênica é a retirada de um fator antinutricional denominado fitato, que também é encontrado no feijão. O fitato é um composto orgânico que, entre outros fatores, imobiliza o fósforo, fazendo com que não seja aproveitado na alimentação.

A retirada do fitato, acreditam os pesquisadores, vai beneficiar também o meio ambiente, através da redução do teor de fósforo encontrado nas fezes de frangos e suínos, que é um dos fatores de contaminação. As plantas transgênicas de soja sem o fitato já estão sendo geradas, e a idéia é estender essa tecnologia para as plantas de feijão.

Estão sendo desenvolvidas também pesquisas com proteínas antimicrobianas para desenvolver plantas de soja resistentes a cerca de seis doenças causadas por fungos e bactérias que atacam essa cultura. As plantas já foram transformadas e estão sendo encaminhadas para a Embrapa Soja, para testar a sua resistência em laboratório.

Tolerância à seca

A partir de um gene isolado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), estão sendo iniciadas pesquisas para desenvolvimento de plantas de soja tolerantes à seca. O gene está sendo inserido em plantas de soja e, se der certo, será introduzido em outras culturas de importância sócioeconômica. O objetivo é produzir plantas que resistam ao período de duração da chamada "seca verde", entre três e quatro meses. O gene já foi testado em tabaco (que é uma planta teste nas pesquisas de transformação genética) e mostrou excelentes resultados, fazendo com que a planta se desenvolvesse normalmente durante quatro meses sem água.

A Embrapa está firmando uma parceria com a Universidade Federal do Ceará para introdução desse gene no feijão de corda, espécie de extrema importância sócioeconômica para a região nordeste. A parceria prevê a presença de um pesquisador da universidade na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia para aprender as técnicas de transformação de plantas. Se for viável, a tecnologia será estendida a outras culturas agrícolas que sofrem com o fenômeno da seca e com os "veranicos", que atingem várias regiões do Brasil.

Algodão

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em parceria com a Embrapa Algodão, está desenvolvendo plantas transgênicas de algodão para resistência a herbicidas, insetos (com o gene Bt - Bacillus thuringiensis e outros), doenças fúngicas e bacterianas. As unidades já dominam a técnica de transformação de plantas de algodão e têm genes isolados para resistência ao bicudo do algodoeiro e a lagartas que atacam essa cultura, mas ainda não existem plantas prontas.

Eucalipto

Pesquisadores da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) estão estudando uma variedade geneticamente modificada de eucalipto, que teve um gene de ervilha inserido em seu código genético e, como conseqüência, poderá produzir mais biomassa, levando a uma maior produção de celulose. Os cientistas acreditam que, no futuro, o eucalipto geneticamente modificado poderá reduzir o desmatamento, a partir do momento em que as plantações poderão gerar mais celulose para a indústria de papel.

Proteínas da teia de aranha

As proteínas que compõem as teias de aranha podem ser a chave para incrementar diversos setores da indústria, além da área médica. O estudo dessas proteínas permitiu aos cientistas conhecerem as folhas alfa e beta, que são as responsáveis pela rigidez e elasticidade dos fios. A Embrapa, a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto Butantã e a Unicamp fazem parte do grupo que desenvolve os estudos.

A pesquisa na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia está sendo conduzida pelos pesquisadores Elíbio Rech e Francisco Aragão. Esse estudo, acreditam os cientistas, vai gerar benefícios para a indústria de vestuário, permitindo a fabricação de novos tipos de tecidos e coletes, além da área médica, que vai poder contar com fios mais finos e resistentes, muito úteis para a sutura. A pesquisa ainda está em fase inicial. Atualmente, os pesquisadores estão empenhados na busca de genes que são expressos nas glândulas das aranhas brasileiras, com o objetivo de formar um banco genético na unidade.

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