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REPORTAGEM
Escola de Manaus é a única no mundo com selo verde
 
26 de maio
Cristina Bodas
Instrumentos são feitos somente com madeira da Amazônia

Rubens Gomes, de 40 anos, começou a estudar música ainda criança no Amapá. Para conseguir dinheiro para manter seus estudos decidiu consertar instrumentos. Nasceu assim sua profissão e seu ideal de vida. Há cerca de dois anos fundou, em Manaus, a Oficina Escola Lutheria da Amazônia, a única instituição de ensino da arte de produzir instrumentos a receber um selo verde em todo o mundo.

Na produção de seus instrumentos, a oficina só trabalha com madeira da Amazônia que possui certificação de origem. Como a maioria das madeiras nobres tradicionalmente utilizadas em instrumentos está em extinção, eles as têm substituído pelas amazônicas que não estão em risco. Uma vez que o tipo de madeira influencia no som dos instrumentos, o resultado tem sido violões, cavaquinhos e violas com novas sonoridades. "O som fica muito melhor", garante o professor Robson Feichas Vieira.

"Ao produzirmos instrumentos com madeira certificada da Amazônia mostramos que é possível fazer um uso racional da floresta", diz Rubens. "Queremos fazer com que as pessoas entendam a necessidade de se investigar sempre a origem do produto que estão consumindo, de se ter certeza de que aquilo que estão comprando não está contribuindo para a destruição do meio ambiente", complementa.

Cristina Bodas
Oficina conta hoje com cerca de 50 estudantes

Para Rubens, a produção do instrumento é, na verdade, um detalhe no projeto de cidadania que "se esconde" por trás da escola. Estrategicamente, ele escolheu uma das áreas mais pobres de Manaus, o Zumbi, para montar a oficina. Tem dado, assim, uma oportunidade de estudo e de aprendizado para adolescentes do bairro. A oficina conta hoje com cerca 50 estudantes com idades entre 14 e 21 anos que durante quatro horas por semana têm aulas gratuitas de educação ambiental, iniciação musical e lutheria (confecção do instrumento). Para controlar a evasão que começou a ocorrer, a escola desenvolveu um "programa de adoção". Para adotar um aluno é preciso pagar R$ 150 por mês, valor igualmente dividido entre o estudante e a escola.

A primeira etapa do curso tem duração média de um ano e meio. A turma que está se formando terá a oportunidade também de fazer um estágio prático na Escola Agrotécnica Federal de Manaus. Além da escola, a oficina conta hoje com o apoio de outras entidades como a organização não-governamental Imaflora, a Fundação Ford e o BNDES, mas Rubens ainda está em busca de mais financiamento para transformar o projeto experimental em uma pequena linha de produção. "Entretanto, nosso objetivo não é fazer desse projeto um gerador de recursos", diz. "Mais importante do que formar técnicos, é criar cidadãos", afirma.

Cristina Bodas
Enviada especial à Amazônia
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