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REPORTAGEM
Mouse pad é opção para desenvolvimento sustentável na Amazônia
 
22 de maio
Isabelle Rouvillois/Greenpeace
Látex sendo extraído da seringueira

O primeiro mouse pad do mundo feito a partir de borracha natural da Amazônia representa uma das soluções de desenvolvimento sustentado para a região. A fabricação do novo produto garante a preservação da floresta e aumento de trabalho e renda para todas as famílias envolvidas no processo. Uma nova tecnologia conhecida como Tecbor permite que a própria família que extrai o látex das árvores da floresta, produza em casa a borracha que será usada para o mouse pad, eliminando intermediários e usinas de beneficiamento.

Um projeto piloto está sendo desenvolvido por seringueiros da Reserva Extrativista do Médio Juruá (uma área de 236 mil hectares no Amazonas), onde 40 famílias receberam kits e treinamento necessários para iniciar a produção. A borracha produzida é vendida para Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc) - à qual as famílias são filiadas -, que fica responsável pela revenda à empresa tailandesa que finaliza o mouse pad. A partir de agosto, a Asproc pretende inaugurar uma fábrica em Carauari para a confecção do produto final e colocação no mercado interno, eliminando, assim, a necessidade de fabricação na Tailândia e incentivando a criação de novos postos de trabalho na região.

Cada uma dessas famílias tem produzido cerca de 50 quilos de borracha por mês, o que significa um aumento de quase R$ 100 reais na renda mensal, já que o quilo é vendido entre R$ 1,30 e R$ 2,00. O valor arrecadado é razoável se levarmos em consideração que a renda familiar média na região é de R$ 30 a R$ 50. "Há ainda uma outra vantagem: o trabalho de extração e produção consome somente metade do dia. A família pode continuar exercendo outra atividade como agricultura ou pesca", diz Francisco Ademar da Silva Cruz, gerente administrativo da Asproc e diretor do Conselho Nacional dos Seringueiros.

Isabelle Rouvillois/Greenpeace
Processamento do látex para formação da borracha que é usada no mouse pad

Segundo Ademar, o látex é extraído somente de julho a dezembro. Por isso, a Asproc tem incentivado os produtores a aderirem também ao projeto do óleo Andiroba, utilizado na fabricação de cosméticos. O óleo é extraído da floresta nos meses de janeiro a abril, quando cada família pode chegar a receber até R$ 400 por mês por sua produção.

A tecnologia Tecbor foi desenvolvida pelo professor Floriano Pastore, a Universidade de Brasília, instituição que ficou responsável pelo treinamento das 40 famílias que receberam os kits de produção, por sua vez financiados pelo Greenpeace. O programa foi apoiado ainda pelo Centro Nacional de Populações Tradicionais, que tem como objetivo promover alternativas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Na avaliação de Ademar, ainda pode ser um pouco cedo para medir os resultados econômicos do novo projeto - uma vez que os mouse pads ainda não estão disponíveis no mercado -, mas já há um enorme ganho para a população local: "o projeto devolveu a dignidade que os seringueiros haviam perdido desde a década de 80, quando tiveram de abandonar a coleta do látex por causa da crise na produção de borracha".Segundo ele, o
projeto é piloto, mas já está sendo ampliado. Neste ano, as famílias devem produzir cerca de 100 quilos por mês. Matéria- prima não falta: segundo Ademar, a reserva tem capacidade de oferecer 10 toneladas por mês de látex. Hoje só está sendo produzida uma tonelada/mês.

Cristina Bodas
Enviada especial à Amazônia
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