PUBLICIDADE

IBM, Fapesp e USP inauguram centro dedicado a inteligência artificial

Sediado na Cidade Universitária, espaço reunirá pesquisadores para desenvolver soluções para problemas brasileiros em áreas como saúde, agricultura e processamento de linguagem

13 out 2020 - 11h10
Compartilhar
Exibir comentários

Fazer o Brasil avançar na área de inteligência artificial, tornando-o produtor (e não apenas consumidor) de inovação. Essa é a meta do Centro para Inteligência Artificial (C4AI), que será inaugurado nesta terça-feira, 13. Fruto de uma parceria entre a Universidade de São Paulo (USP), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a empresa americana IBM, o espaço reunirá uma centena de pesquisadores para resolver problemas da sociedade brasileira com ajuda da tecnologia.

"Inteligência artificial é um tema fundamental para a sociedade e o Brasil tem chance de queimar etapas se conseguirmos fazer bom uso da tecnologia", diz Fábio Cozman, diretor do centro e professor da Escola Politécnica da USP. Segundo ele, o espaço ajudará a reunir estudiosos da USP sobre o tema, que estão espalhados em diferentes institutos e cidades. Além disso, o C4AI também poderá também receber acadêmicos de outras instituições - como a PUC-SP, o ITA e a FEI.

A sede principal do centro ficará no Inovausp, prédio da USP na Cidade Universitária dedicado a espaços de inovação - o local também tem centros de pesquisa em parcerias com marcas como Itaú e Samsung. O C4AI também terá uma filial no Instituto de Ciências Matemáticas e Computação (ICMC) na USP São Carlos.

Por enquanto, por conta da pandemia, as atividades do C4AI vão acontecer à distância. Suas pesquisas estarão centradas em cinco frentes, escolhidas a dedo por IBM, Fapesp e USP e baseadas em problemas brasileiros. "Os temas que são importantes para nós não são necessariamente para outros países, então cabe a nós desenvolvê-los", diz Roberto Marcondes, coordenador dos centros de pesquisa da Fapesp.

"Um exemplo é o processamento de linguagem natural (NLP, na sigla em inglês) para o português. Hoje, há muita riqueza de dados no inglês, mas não na nossa língua, então saímos perdendo toda vez que criamos algo nessa área", explica Marcondes, que também é pesquisador na área. Além disso, haverá pesquisas na área de saúde (em diagnósticos e reabilitação de pacientes com acidentes vasculares cerebrais), agricultura (tomada de decisão na produção de cadeia de alimentos), questões ambientais e também sobre políticas públicas e o futuro do trabalho a partir do uso de inteligência artificial.

O centro também terá três diferentes comitês. Um, científico, vai avaliar o progresso das pesquisas. Outro, dedicado a indústria e sociedade, terá representantes de empresas, governo e sociedade civil. O terceiro será voltado a diversidade e inclusão, com função de promover e aumentar a participação de mulheres, afrodescendentes e outras minorias no setor, dominado por homens brancos.

Parceria

O projeto para o C4AI começou a ser gestado há dois anos, quando a IBM propôs à Fapesp a criação de um centro dedicado para a inteligência artificial. O C4AI será o 15º Centro de Pesquisa em Engenharia da Fapesp no Estado - um tipo de laboratório que sempre envolve o intercâmbio entre uma grande empresa e a academia. A parceria se transformou num edital, lançado no ano passado e vencido pela USP no final de 2019. Nos últimos meses, as três partes se uniram para discutir questões de propriedade intelectual e proteção de dados, antes de iniciar os trabalhos.

As três partes do projeto contribuirão com seu financiamento, que está garantido por até 10 anos. "Com um planejamento grande, conseguimos atacar problemas maiores", diz Cozman, que faz a ressalva de que não há um plano completo para o longo prazo. "Temos expectativa do que fazer em dois e cinco anos, mas vamos avaliar o progresso do centro. Além disso, a tecnologia mudará bastante nesse período".

A IBM e a Fapesp reservarão até R$ 2 milhões por ano para implementar os programas e avaliar periodicamente as atividades. Já a USP fará um investimento de R$ 4 milhões por ano nas instalações físicas, laboratórios e profissionais para gerir o centro. Além de pesquisas, o espaço também servirá como um centro de difusão para a sociedade, incluindo seminários e palestras abertos.

"Nossa meta é alavancar o uso de IA dentro do Brasil. Se conseguirmos ter uma estrutura robusta de dados, ferramentas e tecnologia no centro, atingiremos nosso objetivo", diz Cláudio Pinhanez, gerente de pesquisa da IBM Brasil para tecnologias de conversação e vice-diretor do C4AI. "Esperamos que o centro ajude a gerar empresas e empregos nessa área, levantando o patamar por aqui."

Para Marcondes, da Fapesp, a expectativa é de que o centro também ajude pequenas e médias empresas a utilizarem a tecnologia cada vez mais. "Hoje, empresas grandes consegue resolver seus problemas com dinheiro, mas não é o caso das menores. É algo que queremos fazer, até porque sabemos que as empresas precisam adotar a IA. Se não, muitas delas podem morrer", diz.

Na visão de Cozman, da USP, a parceria trará benefícios para todos os lados. "É uma interação saudável, se for bem controlada. Para a universidade, é bom ter acesso a problemas reais; para as empresas, é bom ter acesso a novas ideias e às cabeças que estão na academia. É uma prática que oxigena e traz novos desafios", diz.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade