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Mãe da Praça de Maio pede solidariedade do mundo

Sexta, 01 de fevereiro de 2002, 13h34


Ela é uma senhora de 73 anos que não cansa de ecoar a causa dos excluídos na Argentina. Hebe de Bonafini, a líder maior do Movimento das Mães da Praça de Maio, está em Porto Alegre para o 2º Fórum Social Mundial (FSM). A "madre" veio sozinha este ano á capital gaúcha. A falta de dinheiro golpeou a vinda de mais mulheres do movimento. Hebe, que se manteve firme na Marcha pela Paz ao longo de seus quatro quilômetros na estréia do FSM, pede ao mundo solidariedade à Argentina para evitar "que nos matem, nos reprimam".

Terra - O que significa o Fórum Social Mundial para sua luta?
Hebe de Bonafini
- Este ano o evento está mais forte. O protesto é contra o pagamento de dívida extena, contra Davos (sede tradicional do Fórum Econômico Mundial). Nosso protesto é o mesmo: os Estados Unidos são o país mais terrorista do mundo, que faz o capitalismo se converter em imperialismo e um dos efeitos é a falta de trabalho, que é um crime.

Terra - Este ano só a senhora veio representando o Movimento das Mães da Praça de Maio?
Hebe
- Só vim este ano ao Fórum Social porque fui convidada e estão pagando minhas despesas. Não tenho dinheio. A situação na Argentina está muito difícil. Mesmo assim a palavra das mães será escutada aqui.

Terra - Como está a situação no país?
Hebe
- É extremamente difícil. O povo está revoltado. Os líderes dos sindicatos não mobilizam os trabalhadores. É uma grande tristeza que as pessoas estão sem trabalho, nem a classe média.

Terra - Com o presidente Eduardo Duhalde pode mudar a situação ou ficará pior?
Hebe
- Duhalde pede socorro. Ele é um homem que na Província de Buenos Aires, onde foi governador, protegeu o jogo e a prostituição. Duhalde tem um exército para reprimir e fazer o que quer. Esperamos que ele consiga melhorar as coisas mesmo assim.

Terra - A queda de mais um presidente seria pior que a manutenção de Duhalde?
Hebe
- Acho que virá uma situação melhor, mas para os pobres é sempre pior. A classe média deve se recuperar. A base política é de um populismo trágico onde se dá um pouco de comida e dinheiro. Mas o povo quer trabalho.

Terra - O que a senhora acha que o FSM e as pessoas que estão em Porto Alegre podem fazer pela Argentina? No Fórum de Autoridades Locais, com prefeitos de todo o mundo, foi formada uma rede de ajuda para doação de medicamentos ao seu país.
Hebe
- Tenho medo que este tipo de ajuda acabe sendo desviada, roubada dentro da Argentina. Os outros países podem ser solidários, podem nos acompanhar, pedir que não nos matem, que não nos reprimam. Que sejam respeitados os direitos humanos, que nem isso está garantido.

Terra - A senhora viveu o período da ditadura militar. A situação atual é mais grave?
Hebe
- São períodos diferentes, mas que se aproximam cada vez mais no sofrimento. Na ditadura, havia campos de concentração. Agora, há os bairros marginais, que, às vezes, até parecem campos de concentração. Na ditadura, os militares no poder nos submetiam ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e aos Estados Unidos. Agora, são os políticos civis que nos submetem. Há mortos agora também. Foram mais de 30 nos protestos contra o ex-presidente Fernando De la Rúa, que renunciou no final de dezembro de 2001. Hoje, morrem cem crianças por dia de fome. No final, não tem muita diferença.

Terra - Como está o seu fôlego para mais essa briga?
Hebe
- Tenho 73 anos, mas me sinto como se tivesse 20 anos.

Patrícia Comunello/Redação Terra

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