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Entidades ligadas ao ETA tentam participar do Fórum

Sexta, 25 de janeiro de 2002, 20h30


Luciane Aquino e Patricia Comunello

Quatro entidades ligadas ao grupo terrorista basco ETA (Euskalerria Ta Askatasuna - País Basco e Liberdade) estão tentando inscrever 13 delegados para participar do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Uma delas, o sindicato Langile Abertzaleen Batzordeak (LAB), chegou a conseguir autorização para realizar uma oficina. No ano passado, o Terra já havia denunciado a participação de agrupações próximas ao ETA no Fórum (Leia aqui).

O comitê nacional do FSM registrou várias investidas do ETA para tentar se inscrever, por meio de organizações, que tiveram a conexão estabelecida e foram vetadas. A carta de princípios do evento condena o terrorismo. Entidades que são consideradas ilegais no seu país são automaticamente recusadas.

As outras entidades que tentam cadastrar delegados são Askatasuna, Askapena e Batasuna. O pedido dos quatro delegados do Batasuna foi rejeitado porque o Fórum não admite a participação de partidos políticos. Os pedidos de inscrição podem ser conferidos no site do Fórum, no endereço https://inscricoes.forumsocialmundial.org.br/content/index.php?page=listaorg&novo_idioma=1. Os nomes não são informados.

Askatasuna, que inscreveu uma pessoa, é o novo nome do grupo Gestoras Pró-Amnistia, declarado ilegal em dezembro do ano passado pelo juiz espanhol Baltazar Garzón. As suas atividades foram proibidas e vários dos seus membros foram presos.

Ironicamente, Garzón estará em Porto Alegre no próximo dia 30 para participar de um evento paralelo ao Fórum Social Mundial promovido pela prefeitura de Porto Alegre: o Fórum de Autoridades Locais. O juiz é conhecido internacionalmente por ter pedido a prisão do ex-ditador Augusto Pinochet, e pela detenção de membros da Al-Qaeda na Espanha.

Askapena, que pediu a presença de dois delegados, é identificado por Garzón como financiador do ETA. De acordo com o juiz espanhol, que se destaca na tentativa de desmantelar o grupo terrorista, o ETA se sustenta com fundos do partido político Batasuna, do Gestoras pro Amnistía, do sindicato LAB e do Askapena. Também contribuiriam as organizações KAS e Jarrai.

Um dos representantes da Ação pela Tributação das Transações financeiras em Apoio aos Cidadãos(ATTAC) no Comitê Nacional do Fórum Social Mundial (FSM), José Corrêa, afirmou desconhecer a existência de inscrição de alguma organização vinculada a movimentos terroristas. Mas Côrrea foi enfático ao lembrar que a carta de princípios do FSM condena o terrorismo. No item 10 da carta, está expressa a defesa dos direitos humanos e a condenação "de todas as formas de dominação e sujeição de um ser humano a outro".

Corrêa disse que, se for constatada a vinculação, as entidades devem ser excluídas. "Quando a gente sabe, não aceita. Mas não vamos estabelecer uma polícia política. Temos de ter provas que há vinculação", observou. Ele explica que durante a avaliação das fichas não chegou nenhuma informação sobre a atuação das entidades. O comitê executivo é formado basicamente por brasileiros, e as dúvidas sobre as informações na ficha do candidato eram levadas para análise das organizações que dirigem o FSM.

As incrições foram feitas pela Internet a partir de um questionário que exigia a indicação do tipo de entidade, temas de interesse, público alvo, endereço e origem, número de representantes e se apoiará o FSM 2002 e a carta de princípios do evento. O LAB, inscrito como sindicato, apontou que acatava as propostas do Fórum Social. Foram aceitas 5.373 entidades e rejeitadas 619.

A oficina proposta pelo sindicato LAB se denomina "A Globalização desde a Perspectiva de Gênero. Alternativa sindical para a defesa dos direitos de homens e mulheres", e foi marcada para o dia 1º de fevereiro, às 14h, na sala 6060 do prédio 12 da Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS). A oficina está listada no site do Fórum (Veja aqui). O LAB inscreveu seis delegados.

O ETA surgiu em 1959 como uma organização de luta pela independência do País Basco, localizado na região Norte da Espanha e no Sudeste da França. Nos últimos anos, se notabiliza por promover três tipos de ações: assassinatos a bala, explosões de bombas e seqüestros. No ano passado, a organização matou 15 pessoas.

Seus crimes mais notórios nos últimos anos foram o seqüestro e morte de um vereador em 1997 e o seqüestro de um funcionário de uma prisão, que durou 532 dias. José Antonio Ortega Lara foi libertado pela polícia em 1997 depois de passar quase dois anos num buraco de 4,5 metros quadrados localizado vários metros abaixo do solo e onde não conseguia ficar em pé. Ortega Lara só tinha contato humano quando a comida lhe era alcançada por um buraco na porta.

Leia mais:
» Entenda o que é o ETA

Redação Terra

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