Em compensação, a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco suspeita que qualquer redução no consumo industrial e comercial será minimizado pelo aumento da demanda nos segmentos residencial e de lazer.

O presidente da Celpe, Roberto Alcoforado, diz que a expectativa de economia durante os quatro dias representados pela quinta, sexta, sábado e domingo deve ser superior a 30%. "O acumulado do mês de novembro está em torno de 13%. Esperamos aumentar este índice em um ponto percentual com o feriadão. Está havendo uma maior pressão no consumo de energia por conta da chegada das festas de fim de ano e pelo fato dos consumidores que alcançaram as metas nos meses anteriores estarem utilizando esta sobra".

Segundo ele, mesmo que todos os consumidores da Celpe cumprissem as suas metas a economia ficaria em torno de 14%. A razão para isso está no fato da metade dos dois milhões de clientes da companhia terem meta abaixo de 100 KW. Além disso, as cotas variam para segmentos específicos como agroindústrias e alguns setores industriais.

"O Nordeste vem cumprindo sua parte. Os 20% de economia devem ser válidos para todo o País como forma de aliviar a pressão sobre os reservatórios. O consumo médio do Nordeste é bastante inferior ao da região Sudeste. Não dá para comparar um com o outro", observa Alcoforado. No feriado do dia último dia 2, a economia chegou a 26% em comparação com as sextas-feiras anteriores. A economia em Pernambuco em outubro foi de 15%.

O presidente do grupo de infra-estrutura da Fiepe, Ricardo Essinger, diz que os feriados trazem apenas prejuízos sem nenhuma vantagem efetiva na redução do consumo de energia elétrica. Segundo ele, a indústria e comércio têm cotas a cumprir e quem economizar utilizará este excedente durante o restante do mês. "O prejuízo equivale ao de um dia parado. O custo fixo terá que ser diluído nos dias trabalhados. Vale lembrar que novembro terá 23 dias apenas, semelhante a fevereiro", diz.

"Já estamos comprometidos com juros altos, e a redução de investimentos. Só com a extinção da Sudene cerca de R$ 700 milhões, equivalente a 30% dos investimentos fixos previstos, não mais serão aplicados. Com o cenário atual e a escassez de energia que deverá se estender para o próximo ano quem vai investir na região?". Como forma de minimizar estes efeitos, a Fiepe propõe uma fiscalização mais rigorosa no cumprimento das cotas estabelecidas, principalmente nos setores residencial e equipamentos hoteleiros e de lazer.

Os cearenses, que vinham cumprindo as metas de racionamento, espernearam, mas só conseguiram escapar parcialmente dos feriados de novembro. Após dar sinal verde para a elaboração de um plano alternativo para o estado, a Câmara de Gestão da Crise Energia (GCE) recuou e adotou uma postura que desagradou o setor produtivo: considerar como válido o ensaio de feriado realizado no dia 2 de novembro, compensando-o com a dispensa do fechamento dos estabelecimentos comerciais e industriais no dia 26 próximo.

No dia 2 de novembro, um acordo entre patrões e empregados paralisou vários setores. Em agosto, economia foi de 20,4; em outubro 20,2% e de 19,1% em setembro, conforme a Companhia Energética do Ceará (Coelce).

A proposta do setor produtivo, encampada pelo governo do estado era reduzir o consumo e aumentar geração própria das empresas até alcançar os 5,8 GigaWatts/hora (GWh) equivalentes à economia obtida com dois dias de feriado. Para tanto, comércio e serviços e repartições públicas encurtariam o expediente em uma hora por dia e parte das indústrias colocariam em funcionamento seus geradores. "Era uma estratégia factível e muito bem elaborada", comenta Francisco Prado Montezuma, gerente de operações da Coelce.

O plano cearense chegou a ser posto parcialmente em prática - desde o início dos mês as repartições fecham uma hora mais cedo e parte do comércio cumpriu a disposição de também reduzir a jornada durante uma hora em novembro. "Estávamos convictos de que, por fazer o dever de casa, o governo federal seria sensível às nossas pretensões. Ficamos profundamente desapontados", afirma Abílio do Carmo, presidente da Associação de Lojistas de Shoppings Centers (Alshopping) do Ceará - que representa 14 estabelecimento e 1,4 mil lojistas, que geram 12 mil empregos.

O Rio Grande do Norte optou por trocar o feriado do dia 16 pelo dia 21, data da festa da padroeira de Natal, Nossa Senhora da Apresentação. De acordo com o gerente de Marketing da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), Edmar Viana, a economia esperada pela empresa potiguar no dia 21 é estimada entre 18% e 20%. "Se o feriado fosse no dia 16 conforme originalmente previsto, com o feriado da padroeira teríamos quatro dias parados e não três", diz Viana.

O presidente da Fecomercio, Marcantoni Gadelha, diz que caso o feriado do dia 16 fosse mantido o prejuízo para a economia potiguar no mês de novembro seria em torno de 10%. "Agora, esperamos um crescimento. Como o feriado vai existir nos estados vizinhos o comércio estadual e a indústria do turismo devem ter um incremento considerável", diz. A economia potiguar no dia 2 foi de 16,43%.

Em Alagoas, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), informou que, como fechou as portas no dia 2 deste mês, o funcionamento na sexta-feira deverá ser normal. "Estamos permutando as datas para evitar prejuízos ainda maiores com o feriadão", diz o presidente da CDL, Roberval Cabral. "Nós flexibilizamos a data de forma a utilizar os feriados estaduais e minimizar os prejuízos", justifica o presidente da CDL, Roberval Cabral. Segundo ele, os shopping centers de Maceió devem acatar a decisão da CDL assim como a maior parte dos comerciantes locais. Somente em Maceió existem cerca de 1,2 mil empresas associadas à entidade classista.