O mercúrio, composto químico das lâmpadas fluorescentes compactas, é altamente tóxico e cancerígeno e o seu manuseio deveria ser precedido de um esquema de controle do discarte, para que não haja contaminação em massa pelo mal uso do produto. Foi o que confirmou ao Economia.Net o especialista em engenharia de lâmpadas, Elvo Calixto Burini Júnior, técnico do Instituto de Engenharia Elétrica da USP. Esse elemento químico é o responsável pela descarga elétrica neste tipo de lâmpada, fazendo papel semelhante ao filamento nas incandescentes.
"Se todas as 150 milhões de lâmpadas incandescentes instaladas no Brasil fossem trocadas por estas de maior eficiência energética, teríamos toneladas de mercúrio nos lixões de todo o país, podendo contaminar as águas e, conseqüentemente, toda a população", alertou o especialista.
Nos últimos meses, o governo determinou que as concessionárias de energia apresentem programa de distribuição gratuita dessas lâmpadas para os consumidores de baixa renda, doando cerca de 5,6 milhões de unidades, como uma das medidas de combate ao desperdício de energia. Os técnicos do governo estimam que, com a implantação desta idéia, seja possível uma economia anual da ordem de 672 milhões de quilowatts/hora - o suficiente para abastecer, por um mês, uma cidade de 380 mil habitantes.
"Em São Paulo já existe uma lei municipal que impede os consumidores de colocar essas lâmpadas em lixo comum, atitude que deveria ser seguida pelos estados e pelo governo federal", contou Elvo Burini.
O engenheiro concorda que essas lâmpadas são realmente mais eficientes, mas ressalta que a utilização de sua capacidade máxima deve ser precedida de um estudo para calcular o custo-benefício de sua troca e os locais de uma casa ou indústria onde a instalação seria mais interessante.
"A eficiência da tecnologia deste tipo de lâmpada é quatro vezes e meia maior do que a incandescente, podendo chegar a até 16 mil horas de duração satisfatória contínua. O que não se sabe é que a vida útil delas pode cair para até 3 mil horas se o número de vezes que ela for ligada e desligada alcançar o equivalente à freqüência de um banheiro doméstico, por exemplo", destaca.
Ainda segundo ele, o preço destas lâmpadas - que pode variar entre R$ 38 e R$ 10 - é muito superior ao da já utilizada pela população, "inibindo o consumidor doméstico de repô-la, mesmo que tenha percebido a maior durabilidade em relação a anterior".