A Petrobras planeja a construção de uma usina termelétrica no Norte do estado de Mato Grosso do Sul, capaz de gerar cerca de 250 megawatts (MW) a partir do processamento do gás natural boliviano. A viabilização do projeto está relacionada à construção de ramal do gasoduto, partindo de Terenos ou de Mimoso (trecho entre Campo Grande e Três Lagoas). O sistema cortaria o Norte de Mato Grosso do Sul, passaria por Goiânia (GO) e iria até Brasília, com extensão de aproximadamente 800 quilômetros, segundo informou o diretor da área de gás e energia da empresa, Delcídio do Amaral Gomez. Ainda não foi definido o município onde seria construída a usina.
Os investimentos nessa nova térmica oscilariam, de acordo com estimativa do diretor, entre US$ 110 milhões e US$ 120 milhões. O traçado do ramal do gasoduto Bolívia-Brasil ainda depende de levantamento aerofotogramétrico, que está sendo realizado.
Além da construção do complexo gerador no Norte de Mato Grosso do Sul, o governo federal quer apresentar projeto de construção de térmica no município de Dourados, no Sul do estado, também com potência máxima de 250 MW e resultado de investimentos de cerca de US$ 120 milhões.
Com mais esses dois complexos processadores e geradores, somados às termelétricas que serão instaladas em Corumbá e Três Lagoas, em processo de licenciamento ambiental, o estado terá energia adicional de 938 MW, o que o coloca em condições de exportar e também permite ampliação da industrialização local. A demanda está atualmente em torno de 600 MW.
Na potência de 938 MW não está incluída a termelétrica William Arjona, que gera atualmente 120 MW em Campo Grande, nem a térmica que será instalada em Puerto Suarez, na Bolívia, fronteira com Mato Grosso do Sul, com capacidade de 88MW, dos quais 80MW devem ser destinados ao Estado.
O diretor disse que parte da terraplanagem da área onde será implantada a térmica de Três Lagoas já foi realizada. Esta usina vai gerar 240 MW na primeira fase, chegando a 350 MW na segunda etapa. "Já ultimamos todas as ações exigidas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). As máquinas já estão no Brasil, a caminho de Três Lagoas", assegurou Delcídio. Com relação à construção da térmica de Corumbá, informou que "a Petrobras está terminando a revisão do projeto básico ambiental para encaminhar ao Ibama".
A pedra fundamental das térmicas de Corumbá e Três Lagoas foi lançada em dezembro do ano passado pelo governador Zeca do PT e pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A previsão da diretoria da área de gás e energia da Petrobras é de que as obras da térmica de Três Lagoas recomecem este mês. "Vamos trabalhar 24 horas, com turnos de oito horas. Não tenho dúvida nenhuma de que a primeira unidade vai entrar em operação em fevereiro", previu Delcídio do Amaral, em relação a Três Lagoas. O diretor da Petrobras disse acreditar que o complexo de Corumbá entrará em funcionamento "um pouco antes do de Três Lagoas, porque a usina daquele município do Pantanal é mais simples - a turbina e o gerador já vêm montados de fábrica".