O Brasil está cada vez mais afastado da possibilidade de aplicação do plano B de racionamento de energia elétrica, que prevê apagões e feriadões, caso não seja atingida a meta estabelecida pelo governo federal. A afirmação é do diretor de Operações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Carlos Ribeiro."Se a situação continuar da forma que está hoje, mesmo o Nordeste - região que apresenta as maiores dificuldades para cumprir a meta - escapará do plano B. Percebemos um forte engajamento da população brasileira em afastar a crise e uma boa perspectiva de não-intensificação do racionamento", afirmou.
Em seminário realizado na noite de ontem, em São Paulo, Ribeiro disse que deve haver hoje uma recomendação aos governadores dos Estados da região Norte para que a meta de redução nesses locais seja ampliada para 20%. Desta forma, segundo ele, o Norte poderia vender ao Nordeste o excedente de energia.
O representante da ONS classificou como principal causa da crise energética a dependência do País da hidroeletricidade. "No Brasil, a hidroeletricidade representa 93% da capacidade instalada de 65 mil megawatts (MW) e 95% da produção de 340 TWh", disse.
Entre as particularidades do sistema elétrico nacional, Ribeiro destacou as usinas em cascata nas bacias, os multiproprietários em uma mesma bacia, o acentuado comportamento sazonal e volatilidade do custo marginal de curto prazo de operação, que é fortemente influenciado pela incidência de chuvas.